Países desperdiçam dinheiro subsidiando combustíveis fósseis, afirma diretora do FMI

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IMF Photo / Cory Hancock via Flickr

Para Kristalina Georgieva, a diretora-geral do FMI, os governos precisam redirecionar o financiamento da energia fóssil para as fontes renováveis para acelerar a transição verde. 

A lentidão da transição energética global, com a persistência de novos investimentos na indústria de combustíveis fósseis, pode ter impactos negativos para a economia mundial no longo prazo. O alerta é da diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que veio ao Brasil para participar da reunião de ministros das finanças do G20 nesta semana em São Paulo.

“Temos que admitir que fomos lentos em relação às mudanças climáticas e ainda estamos desperdiçando dinheiro com atividades que criam esses problemas. Os choques climáticos vão impactar o desempenho das economias, os negócios, além de afetar o bem-estar das pessoas com poluição”, afirmou Georgieva em um evento realizado na última 4ª feira (28/2) na capital paulista. “Direcionar recursos para a transição energética deve ser uma prioridade”.

Esse redirecionamento de recursos será fundamental para destravar os investimentos em ação climática, especialmente nos países em desenvolvimento. Para Georgieva, só os mercados emergentes exigirão investimentos da ordem de US$ 2 trilhões a US$ 3 trilhões por ano. “Quando olhamos para os números, eles são gigantescos. E, mesmo ano após ano, ainda não temos esse dinheiro. A questão é: como chegamos lá?”.

Segundo a chefe do FMI, os governos gastaram cerca de US$ 1,3 trilhão em subsídios diretos aos combustíveis fósseis em 2023, mas esse valor pode ser muito maior. “Se levarmos em conta os subsídios indiretos, o fato de não atribuirmos o preço ao carbono e os efeitos sobre a saúde da poluição relacionada aos combustíveis fósseis, mantendo um agregado disso, estamos falando de US$ 7 trilhões”.

Em entrevista ao Valor, Georgieva destacou o Brasil como uma “boa notícia” para a economia mundial, reflexo das reformas recentes, em especial a tributária, e dos planos do governo para impulsionar a transição verde. “[O Brasil] tem uma enorme vantagem comparativa na nova economia do clima e está posicionado para uma transformação ecológica que pode criar novas oportunidades industriais”, disse.

Agência Brasil, Estadão, O Globo e Valor repercutiram os comentários de Kristalina Georgieva em SP.

 

 

ClimaInfo, 1 de março de 2024.

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