“BBB” do metano: lançado satélite que vai detectar emissões do gás

metano satélitie
MethaneSAT

MethaneSAT foi lançado de uma base aeroespacial na Califórnia na 2ª feira e vai medir o lançamento do potente gás de efeito estufa na atmosfera.

Pela primeira vez, uma ONG terá um satélite próprio para medir emissões de metano na atmosfera. O gás é cerca de 80 vezes pior que o CO2 no agravamento do efeito estufa e se origina majoritariamente de instalações de exploração e produção de petróleo e gás fóssil, da pecuária e da decomposição de material orgânico em lixões e aterros sanitários. Seu controle, portanto, é crucial na necessidade de limitar o aumento de temperatura no planeta a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

O MethaneSAT foi desenvolvido pelo Environmental Defense Fund (EDF), em parceria com a Agência Espacial da Nova Zelândia. O equipamento foi levado ao espaço por um foguete Falcon 9, da SpaceX, que partiu da base de Vandenberg, na Califórnia, na 2ª feira (4/3), informa a Folha.

O MethaneSAT dará 15 voltas diárias ao redor da Terra para verificar e quantificar as emissões totais de metano, principalmente provenientes das operações de petróleo e gás fóssil, em vastas áreas que outros satélites não conseguem identificar, detalha a CNN. Segundo a EDF, os dados permitirão que empresas e reguladores rastreiem as emissões do gás. Além disso, poderão ser acessados gratuitamente por cidadãos, governos, investidores e importadores.

“Reduzir a poluição por metano proveniente das operações de combustíveis fósseis, da agricultura e de outros setores é a forma mais rápida de abrandar a taxa de aquecimento à medida que continuamos a descarbonizar os nossos sistemas energéticos”, afirmou o presidente da ONG, Fred Krupp.

Especialistas esperam que o MethaneSAT seja o padrão ouro para medições do gás e que o satélite contribua para o observatório internacional de emissões de metano da ONU, que irá recolher e publicar dados sobre fugas, de acordo com o Guardian. No futuro, o equipamento também poderá ser usado para rastrear o metano proveniente de minas de carvão, aterros sanitários e agropecuária, outras grandes fontes de emissões de origem humana.

O lançamento do MethaneSAT foi noticiado também por Terra, npr, Reuters, Financial Times, Inside Climate News, Washington Post, Scientific American e New Scientist.

Em tempo: Calcula-se que cerca de 10% das emissões de metano causadas pelos seres humanos são oriundos de aterros sanitários, algo equivalente a 50 teragramas (Tg) – algo em torno de 50 milhões de toneladas – por ano. Contudo, um artigo publicado na Nature Sustainability sugere que esses números podem estar subestimados em até 200%. Segundo os autores do estudo, os inventários de emissões do metano usam um modelo recomendado pelo IPCC que não considera de forma devida a composição e o ambiente do gás. “Nossas descobertas destacam a importância de priorizar o monitoramento e a redução das emissões de CH4 de aterros sanitários como uma das opções de mitigação mais eficazes e economicamente viáveis para alcançar as metas climáticas atuais”, destacam.

 

ClimaInfo, 6 de março de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.