Era da Fervura 2: oceanos também batem recorde de temperatura em fevereiro 

8 de março de 2024
oceanos recorde temperatura
UFBA-Conquista

Temperatura dos oceanos também foi recorde em fevereiro, e assim como no ar, a causa é a mesma: mudanças climáticas pela queima de combustíveis fósseis.

O filme “Mar em Chamas”, de 2021, mostra a luta de uma mulher para tentar evitar uma catástrofe após a explosão em uma plataforma de petróleo na costa da Noruega. Em uma das cenas da película, o mar pega fogo, literalmente, por causa do petróleo derramado. E o vazamento de gás fóssil dos poços explorados pela plataforma causa vários incêndios.

Os combustíveis fósseis estão mesmo fazendo os mares do planeta “pegarem fogo”. Se não literalmente, como no filme-catástrofe norueguês, ao menos com o aumento da temperatura da água na superfície oceânica. Tudo por causa das mudanças climáticas, que têm como principal responsável as emissões provocadas pela queima de petróleo, gás fóssil e carvão.

A temperatura da superfície dos oceanos do planeta não só bateu recorde em fevereiro como foi a mais alta já registrada na história. A média para o mês chegou a 21,06°C, quebrando o recorde anterior, de agosto de 2023, quando o índice foi de 20,98°C. E em 29 de fevereiro também foi superado o recorde absoluto diário da temperatura do mar, que chegou a 21,09°C nesse dia.

Os dados também são do Copernicus, observatório climático da União Europeia. Na análise da temperatura da superfície marinha global, o instituto não inclui as regiões polares, seguindo padrão adotado no monitoramento climático, explica a Folha.

“O que é mais surpreendente é que as temperaturas da superfície do mar estão em níveis recordes em regiões distantes do centro da ação do El Niño, como o Atlântico tropical e o Oceano Índico”, disse o cientista climático Richard Allan, da Universidade de Reading. Logo, continuou, isso aponta para a forte influência do aumento das emissões de gases de efeito estufa nessa elevação, destaca a Reuters.

O climatologista Alexandre Costa, professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), explica que, normalmente, os oceanos têm dois picos de calor no ano: entre março e abril, e em agosto. No entanto, mesmo com o arrefecimento do El Niño na região equatorial do oceano Pacífico, as temperaturas da superfície marinha permaneceram em um nível incomumente alto, especialmente para esta época do ano.

“Nós quebramos o recorde de temperatura global em fevereiro, mas muito provavelmente esse recorde pode ser quebrado (novamente) em março e até em abril. Nós ainda não chegamos na máxima temperatura este ano para os oceanos”, projetou Costa.

Com os oceanos fervendo, a ameaça de um novo evento de branqueamento em massa dos corais do planeta vai se tornando cada vez mais realidade. Um alerta foi dado pela Administração Atmosférica e Oceânica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, sigla em inglês) nesta semana.

O coordenador do Coral Reef Watch da NOAA, Derek Manzello, disse que é provável que todo o Hemisfério Sul sofra branqueamento de seus corais este ano. “Estamos literalmente à beira do pior evento de branqueamento da história do planeta”, ressaltou.

Al Jazeera, Sky News e Fox Weather também noticiaram o aquecimento recorde dos oceanos do planeta.

 

 

__________

ClimaInfo, 8 de março de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar