Garimpo devastou 4 campos de futebol por dia em Terras Indígenas em 2023

garimpo devastou Terras Indígenas
Christian Braga/Greenpeace

Estudo do Greenpeace Brasil mostra que situação mais alarmante é a da Terra Indígena Kayapó, no Pará, que perdeu 1.019 hectares por causa da atividade.

Uma área equivalente a 4 campos de futebol foi devastada diariamente pelo garimpo ilegal no ano passado em Terras Indígenas. A destruição provocada pela atividade criminosa nos Territórios Yanomami, Kayapó e Munduruku totalizou 1.409,3 hectares em 2023. A área equivale a cerca de 9 vezes o Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Greenpeace Brasil. A situação mais grave foi verificada na TI Kayapó, no Pará, que perdeu 1.019 hectares por causa do garimpo ilegal, destaca Monica Bergamo na Folha. Imagens de satélite indicam que as faixas leste e nordeste do território seriam as mais arrasadas e quatro aldeias já estariam sendo diretamente afetadas.

A TI Yanomami, entre Roraima e Amazonas, que viveu uma tragédia humanitária por causa do garimpo ilegal e ainda sente os efeitos da ação criminosa no território, foi a segunda mais atingida no ano passado, com 238, 9 ha devastados. Já o Território Munduruku, no Pará, teve 152 ha devastados ano passado, detalha o Correio Braziliense.

As TIs Yanomami, Kayapó e Munduruku estão entre os Territórios Indígenas mais afetados pela atividade garimpeira. As três áreas concentram 95% da mineração ilegal em TIs, de acordo com um estudo do INPE mencionado pela Mídia Ninja.

Segundo o Greenpeace, desde 2016 até o ano passado os três territórios, somados, concentram mais de 26,4 mil hectares da atividade ilegal, informa a CNN. E novamente é a TI Kayapó a mais afetada, totalizando mais de 15,4 mil hectares devastados pelo garimpo ilegal nesse período.

O Território Munduruku é o segundo mais devastado entre 2016 e 2023, com 7.000 ha – dos quais 5.600 hectares foram destruídos nos últimos cinco anos, entre 2019 e 2023. O estudo do Greenpeace alerta para a proximidade do garimpo com os locais de moradia dos Munduruku. De acordo com os mapas da instituição, as atividades ilegais estão adjacentes a pelo menos 15 aldeias.

Já na Terra Yanomami a devastação provocada pelo garimpo ilegal totaliza 3.892 ha nos últimos sete anos. Os dados mostram que houve um pico de abertura de novas áreas de garimpo na TI em janeiro do ano passado, que foi seguida por uma queda drástica em fevereiro, logo após o governo federal decretar situação de emergência nacional no território. Em março, houve outro pico de novas áreas de garimpo, seguido por outubro.

“Cada hora que passa com os garimpeiros dentro dos Territórios Indígenas significa mais pessoas ameaçadas, uma porção de rio destruído e mais biodiversidade perdida. Precisamos, para já, de uma Amazônia livre de garimpo”, ressaltou Jorge Eduardo Dantas, porta-voz do Greenpeace Brasil.

Carta Capital, g1, R7 e Jornal de Brasília também noticiaram os números da devastação do garimpo ilegal em Terras Indígenas em 2023.

Em tempo: Uma norma do Conselho Estadual do Meio Ambiente (COEMA) do Pará, que classifica como de “impacto local” os garimpos individuais, autorizando a exploração de até 500 hectares pela atividade, será julgada pelo plenário do STF. A resolução 162/21 foi contestada na Arguição de Descumprimento de Princípio Fundamental (ADPF) 1104, proposta pelo PV, informa ((o))eco. O ministro Luiz Fux, relator da matéria, determinou ainda que COEMA, IBAMA, MMA, ANM, PF e municípios paraenses prestem informações sobre a atividade, informam Jota e Conjur. A ação do Partido Verde contesta a área permitida pelo conselho no estado do Pará, enquanto a lei federal determina um limite de até 50 hectares para esse tipo de atividade.

 

 

ClimaInfo, 12 de março de 2024.

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