Presidente da COP29 vê o restabelecimento da confiança entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento como crucial para o sucesso das negociações deste ano em Baku.
O sucesso das negociações climáticas deste ano na COP29 depende da retomada do diálogo e da confiança entre países ricos e pobres, em especial no que diz respeito ao financiamento. Por isso, o presidente designado para a Conferência da Baku, Mukhtar Babayev, defendeu uma abordagem de integração entre os países no comando das negociações, de forma a “reconectar as aspirações divergentes do Norte e do Sul Globais” na agenda climática.
“É importante que seja criada uma ponte entre os mundos industrializado e em desenvolvimento. O aumento da utilização de combustíveis fósseis no ano passado pelos primeiros torna mais difícil sustentar a pressão que exerce sobre os últimos para não descarbonizar suas economias. Torna a transferência de tecnologia verde e o financiamento prometido para ela – mas ainda não concretizado – cada vez mais urgente”, destacou Babayev em artigo publicado no Guardian.
Um exemplo desse esforço, destacado pelo próprio Babayev, é a Troika das Presidências das COP28 (Emirados Árabes), 29 (Azerbaijão) e 30 (Brasil), uma articulação entre os três anfitriões da última Conferência e das próximas duas para garantir a continuidade das discussões e dos acordos entre os países em um momento-chave para a implementação do Acordo de Paris – a submissão da nova versão das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC).
A ambição é um ponto central nas negociações climáticas até a COP30 de Belém do Pará, no final de 2025. No entanto, os processos eleitorais deste ano na União Europeia, com a escolha do novo Parlamento Europeu, e nos Estados Unidos, com o remake da disputa entre Joe Biden e Donald Trump pela Casa Branca, impõem uma incerteza sobre até que ponto os novos compromissos serão ambiciosos – ou, pior, se haverá novos compromissos.
Para Babayev, a incerteza eleitoral não pode afetar o grau de ambição dos países em suas ações climáticas. “Não creio que qualquer eleição vá alterar a política de qualquer país para avançar na consolidação destas questões [sobre o clima]. É por isso que o nosso objetivo é aproveitar qualquer oportunidade, qualquer comunicação, com estes países para levar este processo a resultados positivos”, afirmou o presidente designado da COP29 ao Guardian.
Nesse sentido, o governo do Azerbaijão sinaliza uma revisão de suas metas climáticas sob o Acordo de Paris ainda em 2024. De acordo com a Reuters, a ideia de Baku é revisar sua NDC antes da COP29 e torná-la mais compatível com os objetivos de descarbonização líquida (net-zero) até 2050. Hoje, a meta azeri está bem aquém disso, com um corte de 35% de suas emissões até 2030 e de apenas 40% até 2050 em relação aos níveis de 1990.
“Não é apenas uma oportunidade para o Azerbaijão, mas para todos os outros países prepararem e anunciarem as NDC atualizadas em Baku, em novembro deste ano”, disse Babayev durante um evento do Financial Times em Londres na semana passada.
Um Só Planeta também abordou as falas de Babayev sobre a COP29.
ClimaInfo, 18 de março de 2024.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.
