Segundo a análise da IQAir, o ar respirado em 127 países não cumpre as diretrizes de qualidade da OMS; a Ásia concentra os piores indicadores.
Ar limpo e de qualidade parece ser uma raridade ao redor do globo. Um levantamento anual feito pela IQAir e divulgado ontem (19/3) mostrou que somente sete países cumprem os padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A situação é mais dramática na Ásia, que possui as 100 cidades com piores índices de qualidade do ar de todo o mundo.
Segundo o IQAir, apenas Austrália, Estônia, Finlândia, Granada, Islândia, Ilhas Maurício e Nova Zelândia não registraram índices de concentração de poluentes do tipo PM2,5 superiores aos indicados pela OMS – média anual igual ou inferior a 5 microgramas por metro cúbico (µg/m3).
Na outra ponta, os países com os piores índices de qualidade de ar foram Bangladesh (79,9 µg/m3), Paquistão (73,7 µg/m3), Índia (54,4 µg/m3), Tajiquistão (49 µg/m3) e Burkina Faso (46,6 µg/m3). Dos 134 países e regiões analisados, 124 (92,5%) tiveram concentração de poluentes PM2,5 que excederam o limite de 5 µg/m3.
A má qualidade do ar atinge majoritariamente os países mais pobres, mas muitas nações desenvolvidas também enfrentam problemas com a poluição atmosférica. O Canadá, por exemplo, experimentou uma piora significativa na qualidade de seu ar no último ano, em decorrência direta dos incêndios florestais que tomaram a porção oeste do país no último verão.
Outro destaque negativo no levantamento da IQAir é a China. O país asiático vinha experimentando melhorias recentes na qualidade do ar, mas a retomada da atividade industrial pós-pandemia resultou em uma piora de 6,3% nos índices de poluição em comparação com 2022. Em Pequim, uma das áreas mais críticas, o salto na concentração de PM2,5 foi de 14% no último ano.
O relatório da IQAir se baseia nos dados de mais de 30 mil estações de monitoramento da qualidade do ar em 7.812 locais em 134 países e regiões. A maior lacuna técnica em termos de coleta de informações ainda está na África, onde cerca de ⅓ da população do continente ainda não conta com dados sobre a qualidade do ar.
“Um ambiente limpo, saudável e sustentável é um Direito Humano Universal. Em muitas partes do mundo, a falta de dados sobre a qualidade do ar atrasa ações decisivas e perpetua o sofrimento humano desnecessário. Dados sobre a qualidade do ar salvam vidas. Onde a qualidade do ar é relatada, ações são tomadas e a qualidade do ar melhora”, afirmou Frank Hammes, CEO Global da IQAir.
Agência Brasil, O Globo e SBT, entre outros, destacaram os principais pontos da análise da IQAir. A notícia também foi repercutida na imprensa internacional, com reportagens na Bloomberg, CNN, Guardian e NY Times.
ClimaInfo, 20 de março de 2024.
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