Área de futuro polo agrícola concentrou quase 80% do desmatamento de três estados da Amazônia

19 de março de 2024
futuro polo agrícola desmatamento
PRODES / INPE

Pressão se intensificou na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia a partir de 2018, com o anúncio da criação de uma zona de desenvolvimento sustentável.

O governo federal estuda criar um polo agrícola na região conhecida como “AMACRO”, na divisa dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia. Mas apenas a menção a essa possibilidade fez disparar o desmatamento na região, que respondeu por 76,5% do total da área devastada nesses três estados entre 2018 e 2022. É o que mostra um estudo publicado na Perspectives in Ecology and Conservation.

Na região, que abriga cerca de 1,7 milhão de moradores, está prevista a criação da zona de desenvolvimento sustentável (ZDS) Abunã-Madeira, atualmente em fase de planejamento e articulação. Mas desde 2018, quando a intenção do governo de criar a ZDS foi divulgada, a região vem enfrentando aumento das taxas de desmate, com a especulação fundiária, extração ilegal de madeira e a conversão da floresta em pastagens e terras agrícolas, detalham Folha e Agência FAPESP de Notícias.

Os cientistas usaram dados oficiais baseados em sensoriamento remoto para analisar uma área de cerca de 454 mil km², o equivalente a pouco mais que o território da Suécia. São 32 municípios na fronteira entre o sul do Amazonas, o leste do Acre e o noroeste de Rondônia, que, além de AMACRO, também vem sendo chamada de “o novo arco do desmatamento”.

“Quando estava fazendo pós-doutorado no INPE, analisava a expansão da fronteira agrícola no Cerrado. Porém, foi possível notar que havia uma dinâmica de avanço também na Amazônia, especialmente naquela região. Fomos então tentar entender o que estava acontecendo por ali e chegamos a esse cenário de especulação fundiária e pressão intensa”, explicou o pesquisador Michel Eustáquio Dantas Chaves, primeiro autor do artigo e professor da UNESP.

Ao analisar as classes fundiárias, o estudo verificou que o desmatamento foi mais frequente e crescente em terras privadas, mas avançou de forma preocupante sobre as Unidades de Conservação. Em relação às Terras Públicas – que representam grande parte da área de zoneamento, incluindo reservas extrativistas e Terras Indígenas – também houve pressão e ameaça. Em 2021, por exemplo, 64% do desmatamento ocorreu nessas áreas. Ao todo, são 86 UCs, 49 TIs e cerca de 94 mil km² de Florestas Públicas Não Destinadas.

 

 

ClimaInfo, 20 de março de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar