Pesquisadores detectam branqueamento de corais na costa brasileira

branqueamento de corais na costa brasileira
Instituto Australiano de Ciências Marinhas/ Reprodução

De acordo com cientistas, as altas temperaturas marinhas dos últimos meses precipitaram um processo de branqueamento em massa em Abrolhos e na Costa dos Corais.

O aquecimento das águas oceânicas, causado pelas mudanças climáticas e intensificado nos últimos meses pelo fenômeno El Niño, está causando um evento massivo de morte de corais no litoral brasileiro. O processo foi identificado por pesquisadores em duas áreas de proteção marinha no Nordeste – a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, em Pernambuco, e o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no sul da Bahia.

“Os alertas começaram em março. Entrou em alerta 1 e realmente começou o branqueamento pelas espécies mais sensíveis”, afirmou Beatrice Ferreira, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UPFE), à Folha. Pela escala da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), referência para o acompanhamento de corais, a partir do nível 1 existe risco significativo de branqueamento.

Um levantamento da Rede de Monitoramento do Branqueamento Coral Vivo, formada por universidades, órgãos governamentais e grupos da sociedade civil, revelou que em alguns recifes do Nordeste, até 100% dos corais já branquearam.

“Não são absolutamente todas as espécies e não são absolutamente todas as colônias, mas o que já se registra por aqui [na Costa dos Corais] – e eu acho que em boa parte da costa nordeste, que já está em alerta 1 ou 2 há algum tempo – é um branqueamento em massa”, explicou Ferreira.

“A gravidade ainda é baixa, mas deve aumentar, visto que há previsão de elevação de temperatura”, disse Carlos Eduardo Leite Ferreira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), ao Um Só Planeta. “No Sudeste, especialmente em Arraial do Cabo, na semana do Carnaval, a temperatura da água chegou a 28oC e observamos que algumas espécies de corais em águas rasas de praia branquearam parcialmente.”

O branqueamento prejudica os corais e, dependendo das circunstâncias, pode resultar em sua morte. Os impactos vão além das perdas ecossistêmicas à vida marinha: como O Globo destacou, 18 milhões de pessoas dependem direta ou indiretamente dos corais para sua subsistência, já que eles são a base da pesca artesanal e da indústria do turismo de litoral. 

O UOL também abordou o branqueamento em massa de corais no litoral nordestino.

Em tempo: O BNDES lançou na última 4a feira (10/4) uma chamada pública para projetos que visem à recuperação e à preservação de corais no litoral brasileiro. A chamada BNDES Corais mobilizará ao menos R$ 60 milhões não reembolsáveis, sendo metade desse valor direcionado a projetos de monitoramento, preservação e reparação de corais e a outra metade para captação pelos projetos por meio de fundações ligadas a empresas privadas, organismos internacionais e governos estaduais. Agência Brasil e Valor deram a notícia.

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ClimaInfo, 15 de abril de 2024.

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