Desmatamento cai ainda mais na Amazônia, mas resiste no Cerrado

desmatamento Cerrado
Adriano Gambarini/WWF Brasil

Dados do sistema DETER, do INPE, indicam uma queda de mais de 50% no desmatamento amazônico em março; já no Cerrado, uma alta de 26%.

O INPE divulgou na última 6ª feira (12/4) os dados agregados do desmatamento na Amazônia e no Cerrado para o mês de março. Enquanto a taxa de derrubada de vegetação na Amazônia caiu 54% no último mês na comparação com o mesmo período no ano passado, a devastação aumentou no Cerrado, com crescimento de quase 24% no mesmo período.

De acordo com o sistema DETER, a Amazônia registrou alertas de desmatamento que somaram 162,03 km2 de vegetação em março, menos da metade dos 356,14 km2 registrados no mesmo mês em 2023. Os dados referentes ao 1º trimestre de 2024 também indicam uma forte redução do desmatamento amazônico, que caiu de 844 km2 nos três primeiros meses do ano passado para 507 km2 agora.

A situação é inversa no Cerrado. Segundo o DETER, o bioma registrou alertas de desmate que somam 523,72 km2, o número mais alto da série histórica (desde 2018) para o mês. Isso representou uma alta de quase 24% em relação a março de 2023 (423,24 km2). A área total desmatada nos primeiros três meses de 2024 também impressiona – mais de 1.475 km2, equivalente quase à cidade de São Paulo.

A divergência na trajetória do desmatamento na Amazônia e no Cerrado pode ser explicada, em parte, pela diferença nas legislações que regulamentam a supressão vegetal nos dois biomas – em especial, as exigências de área de vegetação natural a ser preservada dentro das propriedades rurais.

“O Cerrado permite que você desmate até 80% daquela área dentro da propriedade. Então, a maior parte do desmatamento que está acontecendo agora é um desmatamento autorizado. Mas se nós desmatarmos 80% do Cerrado, qual o impacto que isso vai ter?”, questionou Cláudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento do INPE, ao Jornal Nacional (TV Globo).

Embora a destruição acelerada do Cerrado esteja associada à conversão crescente de terras para a produção agrícola, ela pode comprometer um dos principais chamativos desse bioma para a agricultura – a disponibilidade de recursos hídricos.

“A gente já está vendo uma redução significativa na vazão dos rios do Cerrado e um avanço do sistema climático desértico, árido, para dentro do bioma. O que nos preocupa muito é que a gente não tem muito tempo para pensar soluções e para implementá-las”, afirmou Ana Carolina Crisóstomo, especialista em conservação do WWF-Brasil.

Metrópoles e VEJA também destacaram os números do desmatamento para o mês de março.

Em tempo: Ativistas do Greenpeace Brasil protestaram nesta 2ª feira (15/4) em frente à sede do Banco do Brasil, em Brasília (DF), por conta da falta de controle sobre os contratos de concessão de crédito rural a propriedades com irregularidades ambientais na Amazônia. Uma análise recente mostrou que os bancos não têm seguido as regras do Manual de Crédito Rural e estão concedendo financiamento a imóveis rurais inseridos parcial ou totalmente em áreas de proteção, como Unidades de Conservação e Terras Indígenas. O Banco do Brasil é o maior operador dessa modalidade de crédito na região amazônica. O g1 deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 16 de abril de 2024.

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