Políticas públicas para indígenas precisam ganhar força, diz Sônia Guajajara

15 de abril de 2024
Sonia Guajajara políticas públicas indígenas
UNCCD.Int

Crise humanitária na Terra Indígena Yanomami e embate com ruralistas e Centrão no Congresso marcaram o primeiro ano de existência do Ministério dos Povos Indígenas. 

A criação do Ministério dos Povos Indígenas pelo presidente Lula, em janeiro de 2023, marcou um novo capítulo das políticas indigenistas no Brasil, com uma atenção maior do poder público à proteção dos Direitos dos Povos Originários. No entanto, passado mais de um ano, o trabalho da pasta tem sido marcado por pressões contrárias do agronegócio e de seus representantes no Congresso Nacional.

A ministra Sônia Guajajara fez um balanço desse período no Valor. Para ela, mesmo com os desafios, o cenário ainda é mais positivo do que negativo. “O país ganhou muito com a criação desse ministério e o mundo olha para isso hoje como um grande avanço”, destacou.

Pelo lado positivo, a ministra pontuou a retomada das demarcações de novas Terras Indígenas, paralisadas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Enquanto em dez anos foram apenas 11 territórios demarcados, nós já demarcamos oito Terras Indígenas em um ano e estamos trabalhando para avançar mais ainda neste ano”, disse Guajajara.

Por outro lado, Guajajara reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo governo federal no enfrentamento à crise humanitária na Terra Yanomami, em Roraima. Além do esforço para levar assistência médica e alimentar às aldeias, o poder público tem se confrontado com a presença persistente do garimpo ilegal no território.

“Quando assumimos, havia 20 mil garimpeiros dentro do território e as crianças estavam morrendo de desnutrição, malária e várias outras doenças tratáveis. É uma situação crônica e histórica. Trabalhamos durante um ano inteiro para restabelecer a saúde do Povo Yanomami. No entanto, logo de início, entendemos que o problema maior ali não era somente garantir o atendimento à saúde, mas retirar primeiro a raiz do problema, que eram os garimpeiros”, disse.

A ofensiva da bancada ruralista e do bolsonarismo contra as políticas indigenistas no Congresso também tem sido uma “pedra no sapato” do governo federal. A aprovação do marco temporal para restringir os direitos de demarcação de Terras Indígenas, feitas à revelia da Constituição e do Supremo Tribunal Federal, já está trazendo problemas aos Povos Indígenas.

“Enquanto o Supremo não reafirmar a posição de inconstitucionalidade [do marco temporal], essa lei está vigente. E, com a lei valendo, há vários pontos que precisam ser considerados”, afirmou Guajajara.

Por falar em demarcações, alguns grupos indígenas seguem irritados com a lentidão dos processos atualmente em tramitação. A Folha repercutiu a manifestação da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) cobrando mais celeridade da União na homologação de áreas sem pendências.

De acordo com o grupo, 14 territórios na região da Mata Atlântica estão prontos para demarcação; desses, quatro necessitariam apenas da assinatura do presidente da República, enquanto os demais aguardam a portaria declaratória do Ministério da Justiça.

 

ClimaInfo, 16 de abril de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar