Ministro sinalizou que o Brasil deve apresentar até outubro um roteiro para reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento para ser discutido na Cúpula do G20.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta 5ª feira (18/4) que a presidência brasileira do G20 pretende divulgar até outubro um roteiro para a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento. O plano terá como objetivo ampliar a capacidade de financiamento e melhorar o acesso dos países em desenvolvimento a esses recursos.
“[Precisamos] implementar modelos operacionais que facilitem o acesso ao financiamento, aumentar a capacidade de financiamento e conceber ferramentas de avaliação para maximizar o impacto de desenvolvimento”, disse Haddad na abertura de uma reunião de ministros de finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20 em Washington, nos Estados Unidos. “Essas medidas têm como objetivo comum promover bancos multilaterais de desenvolvimento melhores, maiores e mais eficazes”.
Haddad citou uma iniciativa recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Central no Brasil, uma plataforma de proteção (hedge) cambial para investimentos verdes, como exemplo de “experiência inovadora” de bancos multilaterais voltada à mudança do clima e ao financiamento verde.
Já no que tange à ampliação do financiamento, o ministro da Fazenda defendeu que os países do G20 avaliem os Direitos Especiais de Saque (DES) – ativos de reserva criados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para gerar liquidez no sistema financeiro internacional – como “um instrumento potencial para alavancar significativamente a capacidade de financiamento dos bancos”. O FMI deve analisar em maio essa possibilidade, o que pode alavancar a capacidade de investimento dos bancos multilaterais de desenvolvimento em pelo menos quatro vezes.
A discussão em torno da reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento é central na agenda da presidência brasileira do G20. Ao mesmo tempo, ela também se alinha a um interesse por parte dos governos por uma repactuação dos compromissos e ações dessas instituições no financiamento internacional, especialmente para ações climáticas nos países mais pobres.
Outro objetivo destacado por Haddad nas conversas paralelas às reuniões de primavera do Banco Mundial e do FMI em Washington é a taxação internacional dos super-ricos como uma fonte de novos recursos para o financiamento internacional. Segundo o Valor, o ministro afirmou ter esperanças de que os países do G20 alcancem um acordo nesse sentido até o mês de julho.
“Em um mundo onde as atividades econômicas são cada vez mais transnacionais, nós temos que encontrar maneiras novas e criativas de tributar tais atividades, direcionando receitas para esforços globais comuns, como acabar com a fome e a pobreza e combater as mudanças climáticas”, disse Haddad.
A fala de Haddad em Washington foi destacada por Folha, O Globo, Poder360, Reuters e Valor, entre outros veículos.
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ClimaInfo, 19 de abril de 2024.
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