Solar e eólica disparam e combustíveis fósseis perdem espaço na matriz elétrica brasileira

solar e eólica
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Fontes deram salto expressivo na geração elétrica na última década, enquanto carvão e derivados de petróleo tiveram suas contribuições significativamente reduzidas, mostra anuário da EPE.

As fontes eólica e solar deram um salto expressivo no Brasil na última década, enquanto o carvão e derivados de petróleo seguiram no caminho oposto. É o que mostra o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2024, elaborado pela Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE).

A energia solar foi a que mais cresceu no período, passando de 16 gigawatt-hora (GWh) produzidos em 2014 para 50.633 GWh em 2023. Já a fonte eólica passou de 12.240 GWh em 2014 para 95.801 GWh de energia injetada no sistema em 2023, detalha o Valor.

Na outra ponta, a produção de eletricidade a partir do carvão saiu de 18.385 GWh em 2014 para menos de 8.770 GWh no ano passado, queda de 52,2% no período. Já a geração por derivados de petróleo, notadamente usados nos sistemas isolados da Amazônia, caiu 81% entre 2014 e 2023.

A expansão eólica e solar é necessária e bem-vinda no Brasil. Mas é importante se corrigir os rumos, já que muitos projetos instalados no país, principalmente no Nordeste, causaram impactos sociais e ambientais. Para evitar esses erros, comunidades nordestinas lançaram o documento “Salvaguardas socioambientais para energia renovável”, com mais de cem recomendações para a instalação de novas usinas eólicas e solares.

As experiências ruins anteriores vêm mobilizando comunidades de Alagoas, o único estado do Nordeste que ainda não tem parques eólicos, mas que está em vias de receber seu primeiro projeto do tipo, em Mata Grande, no alto sertão alagoano. O empreendimento é da Casa dos Ventos.

O Coletivo de Assessoria Cirandas afirma que a empresa está substituindo o governo na realização da Consulta Prévia, Livre e Informada, como garantido pela Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), destaca a Gazeta de Alagoas. A área onde será construído o complexo fica a cerca de 10 km de onde vivem os Povos Indígenas Kambiwá e Tuxá.

Também há dúvidas sobre o impacto ambiental da construção. Ambientalistas e moradores da região exigem mais transparência no processo. Maria Ângela Nascimento dos Santos, da Associação de Mulheres Rurais do Semiárido Alagoano, reclama da falta de informações sobre os impactos na saúde e no meio ambiente já observados em outros estados do Nordeste.

Em tempo: Em 2023, ao mesmo tempo em que a demanda global recorde de energia fez com que o consumo de carvão e petróleo atingisse novos picos, o uso de energia solar e eólica impulsionou a geração mundial de eletricidade renovável para um patamar histórico. É o que mostra a 73ª edição da Revisão Estatística da Energia Mundial, elaborada pelo Instituto de Energia (EI, sigla em Inglês) com apoio das consultorias KPMG e Kearney e destacada por Um só planeta. Em 2023, a geração de energia renovável, excluindo a hídrica, aumentou 13%, para 4.748 TWh. O resultado foi dado quase inteiramente pelas fontes eólica e solar e representou 74% de toda a eletricidade adicional líquida gerada.

 

ClimaInfo, 27 de junho de 2024.

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