Fundições em chamas, além de termelétricas a carvão, operam sem parar no país, que vai desmatando, poluindo rios e ameaçando Povos Tradicionais para refinar níquel.
Outro metal importante para a transição energética é o níquel. A Indonésia quer dominar o mercado mundial do mineral. Passou de 2 para 27 fundições de níquel nos últimos 10 anos, e mais 22 estão programadas. No ano passado, respondeu por mais da metade do fornecimento global. No entanto, o meio ambiente paga um preço alto. Desmatamento crescente, rios contaminados e até mesmo ameaça a Povos Indígenas são outros efeitos dessa expansão.
A AP mostra o drama de Librek Loha. Em uma trilha íngreme até sua fazenda florestal na ilha indonésia de Halmahera, ele soltou um grito de desespero. “Aduuuuh”, disse ele, sua voz se perdendo. “Deslizamentos de terra, de novo. Eles acontecem o tempo todo agora.”
O deslizamento abaixo das plantações de cacau, noz-moscada e abacaxi de Loha expôs mais solo rochoso e alaranjado, adicionando-se a quilômetros de floresta e rio desmatados que estão transformando a fazenda numa ilha de verde em meio ao marrom-avermelhado. Onde cresciam árvores agora há armazéns empoeirados, montanhas de carvão preto e água marrom e barrenta.
A floresta circundante desaparece duas vezes mais rápido onde se constroem as plantas de processamento de níquel, mostra uma análise da organização indonésia Auriga destacada pelo Environmental Health News. E além das fundições, termelétricas a carvão foram instaladas para atender os novos parques industriais. As vilas circundantes podem ver as processadoras de níquel bem iluminadas enquanto vivem com quedas de energia regulares.
O desmatamento causado pela mineração de níquel ameaça um dos Povos Indígenas isolados do país, informam phys.org e IstoÉ. As operações na província de Molucas do Norte ameaçam o modo de vida do Povo O’Hongana Manyawa. A mina de Weda Bay, na ilha de Halmahera, que alguns estimam ser a maior do mundo, cercou esse povo, disse Syamsul Alam Agus, ativista da Associação de Defensores dos Povos Indígenas.
O DW chama atenção para o “dilema verde” da União Europeia diante da insustentabilidade do níquel indonésio, que interessa ao bloco. Em julho, a BASF da Alemanha e a Eramet da França se retiraram da refinaria de níquel e cobalto “Sonic Bay”, de US$ 2,6 bilhões. O financiamento teria aumentado substancialmente a extração desses metais na mina de Weda Bay.
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ClimaInfo, 17 de julho de 2024.
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