Candidata brasileira ao comando de agência da ONU defende conciliar proteção ao mar com mineração

1 de agosto de 2024
Candidata brasileira ONU proteção mar mineração
Luara Baggi (ASCOM/MCTI)

Em meio a inúmeras disputas sobre mineração no fundo do mar, a diplomata brasileira Letícia Carvalho tenta desbancar o atual secretário-geral da ISA, Michael Lodge.

Nesta 6ª feira (2/8), a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), ligada à ONU, escolherá seu novo secretário-geral. A diplomata brasileira Letícia Carvalho concorre contra o atual chefe da entidade, o britânico Michael Lodge, em uma disputa que está sendo acompanhada com inédita atenção por governos e gigantes da mineração.

Como pano de fundo da eleição de hoje, está a indefinição da ISA em relação às regras para a exploração mineral no leito dos oceanos. A indústria da mineração espera ansiosa por essa regulamentação para iniciar a exploração em alto-mar. Já ambientalistas temem que a pressão econômica acabe atropelando qualquer preocupação ambiental em um ambiente ainda bastante desconhecido pela ciência.

O jogo de interesses tornou a disputa pelo comando da ISA particularmente concorrida. Como a Folha destacou, Lodge tem sido confrontado com acusações de conluio com empresas de mineração para pressionar os países pela liberação da exploração em alto mar. Mais recentemente, Carvalho acusou o governo da pequena nação insular de Kiribati, defensor da mineração no fundo do mar, de tentar suborná-la para sair da disputa.

Apoiada por ambientalistas, Carvalho diz que a indefinição atual sobre as regras da mineração em alto mar é reflexo da crise de governança presidida por Lodge e promete uma gestão mais transparente e responsável, além da incorporação de mais ciência nos processos da ISA. Sobre a questão da mineração, ela enxerga a possibilidade de uma conciliação, ainda que desafiadora, entre a atividade econômica e a proteção ambiental.

“Eu não vejo incompatibilidade. Eu acho que é possível compatibilizar. Não vou mentir: haverá sacrifício de ecossistemas, de atividades que talvez não possam estar acontecendo ao mesmo tempo. Conciliação não é absoluto, é um processo. Você avalia o que pode ser sacrificado e o que precisa ser protegido, e monitora para que se possa saber como aquilo progride”, afirmou à Folha.

O Financial Times também destacou a disputa política e econômica pelo comando da ISA.

Em tempo: Por falar em mar, a Organização Marítima Internacional (IMO) se prepara para realizar em setembro uma nova sessão de negociação para avançar na definição de metas climáticas para o transporte comercial marítimo. Uma das medidas em discussão é a criação de uma taxa global sobre as emissões do setor – e o Brasil pode ter um papel importante nessa definição. “O Brasil não deve perder a oportunidade de apoiar uma taxa global para as emissões do transporte marítimo. Essa medida pode ajudar a cumprir a Justiça Climática e tornar o comércio global mais resiliente às mudanças climáticas no futuro”, escreveu Marcelo Rocha, diretor executivo do Instituto Ayika, no Valor.

 

 

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ClimaInfo, 2 de agosto de 2024.

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