COP30 vira peça no tabuleiro eleitoral para a prefeitura de Belém

COP30
Ricardo Stuckert/PR

Sobre evento que está no centro do debate eleitoral na capital do Pará; candidato negacionista da crise climática lidera as pesquisas de intenção de voto. 

A cidade de Belém, sede da Conferência da ONU sobre Mudança do Clima do ano que vem, deve assistir a uma temporada eleitoral bastante agitada. A organização do evento, o maior desse tipo a ser feito no Brasil desde a Rio+20 em 2012, é um dos temas mais quentes do debate eleitoral na capital paraense. Curiosamente, ao menos até aqui, as pesquisas de intenção de voto mostram que o nome favorito para a disputa em Belém é totalmente alheio à agenda climática.

O deputado federal Eder Mauro (PL-PA), figura carimbada e polêmica da política paraense e negacionista da crise climática, vem liderando a corrida eleitoral com certa folga, mas ainda fora de uma margem que lhe permita buscar a vitória no 1º turno. Atrás dele, estão Igor Normando (MDB), candidato do governador Helder Barbalho, e o atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), que conta com apoio formal do PT do presidente Lula.

O Correio Braziliense foi até Belém para abordar como a COP30 está pautando o debate eleitoral na cidade. Enquanto Mauro pouco falou sobre a conferência, Normando e Rodrigues tentam se cacifar destacando os investimentos dos governos federal e estadual na cidade para a realização do evento, especialmente na infraestrutura urbana e saneamento básico.

Para o governo federal, ao menos publicamente, o resultado da eleição municipal em Belém não interferirá nos planos para a COP30 na cidade. No entanto, o risco de uma saia-justa política segue no radar em Brasília, já que um prefeito negacionista da crise climática cairia muito mal para os anfitriões de um evento internacional sobre clima.

“A possibilidade de uma ‘saia-justa’ existe, mas é possível que se desfaça no decorrer do processo eleitoral. Se favoravelmente ou não ao atual prefeito [Rodrigues], não é possível prever”, comentaram Fabiano Santos (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ) e Rodrigo Dolandeli (Universidade Federal do Pará, UFPA), em artigo no Nexo Jornal. “Pior para a cidade se um candidato negacionista vier a ser mandatário em um período tão crucial em sua trajetória de desenvolvimento”.

Em tempo: O governo federal quer aproveitar a realização da COP30 no Brasil para lançar um novo projeto de integração de transporte multimodal entre a Amazônia brasileira e o Oceano Pacífico. Batizada de “Rota Amazônica”, a proposta visa ligar Manaus (AM) às cidades portuárias de Manta (Equador), Tumaco (Colômbia) e Chancay e Paita (Peru), através de hidrovias no trecho brasileiro e rodovias nos trechos externos. Segundo o governo, a rota vai facilitar a exportação de mercadorias como industrializados da Zona Franca de Manaus e produtos da bioeconomia, para países vizinhos e outros que podem ser alcançados através do Pacífico. A notícia é da CNN Brasil.

 

ClimaInfo, 22 de agosto de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.