Só 25 países submeteram planos nacionais para proteger 30% da natureza, entre outros compromissos; Brasil não é um deles.
Há quase dois anos, na COP15 da Biodiversidade, em Montreal, Canadá, os países assinaram um acordo que incluía metas para proteger 30% das terras e mares para a natureza, reformar bilhões de dólares em subsídios prejudiciais ao meio ambiente e reduzir o uso de pesticidas. O compromisso era apresentar seus planos para cumprir tais ações antes da COP16, que começa na próxima 2ª feira (21/10) em Cali, na Colômbia.
No entanto, apenas 25 nações fizeram o dever de casa. Os outros 170 países signatários – quase 80% do total, o Brasil entre eles – até agora não apresentaram seus planos para deter a destruição dos ecossistemas da Terra, mostra uma investigação conjunta feita por Carbon Brief e Guardian.
Apenas cinco dos 17 países megadiversos, que abrigam cerca de 70% da biodiversidade mundial, apresentaram estratégias e planos de ação nacionais para a biodiversidade (NBSAPs): Austrália, China, Indonésia, Malásia e México. O Suriname foi o único país da Amazônia a submeter um plano, e nenhum país da Bacia do Congo apresentou NBSAPs dentro do prazo.
Canadá, Itália, França e Japão foram as únicas nações do G7 a cumprir o prazo. O Reino Unido submeteu um documento técnico à convenção da ONU sobre diversidade biológica, mas não deve publicá-lo até o início de 2025, citando a mudança de governo. A Alemanha também perdeu o prazo, enquanto os Estados Unidos sequer são signatários do acordo.
Apesar de sediar a COP16, a Colômbia também não cumpriu o prazo, mas afirmou que apresentaria seu plano no evento. Outros países também devem apresentar seus NBSAPs na COP16, mas ainda não está claro quantos serão divulgados, segundo a ONU. Já o Brasil disse que estava formulando um plano que duraria até meados do século e que o atraso na divulgação se deu devido à complexidade do que estava tentando alcançar.
“Ter mais NBSAPs seria melhor, isso é claro”, disse a chefe de biodiversidade da ONU, Astrid Schomaker. “Esperamos que mais sejam anunciados na COP16, incluindo alguns dos grandes, como a Índia, que quer fazer o anúncio ministerial na conferência e dar bastante visibilidade”, completou.
Em tempo: O governo da Colômbia reforçou na 2ª feira (14/10) a segurança na cidade de Cali, que sediará a COP16. A medida foi tomada diante de “possíveis represálias” da guerrilha, como definiu o governo, em razão de operações militares na região, informam Folha e IstoÉ. Após meses de ataques contra as forças de segurança, os dissidentes das FARC que operam no sudoeste do país haviam declarado uma trégua para facilitar a realização da cúpula. No entanto, uma operação militar desencadeou uma nova onda de violência.
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ClimaInfo, 16 de outubro de 2024.
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