Limite de 1,5°C para aquecimento ainda é possível, mas janela para ação está se fechando, alerta ONU

Relatório do PNUMA reforça que a trajetória atual de emissões pode resultar em aquecimento muito acima do limite máximo de 2°C do Acordo de Paris.
24 de outubro de 2024
Limite de 1,5oC para aquecimento ainda é possível mas janela para ação está se fechando alerta ONU
United Nations Environment Programme (2024)

O relógio é inclemente – e a ação humana contra a crise climática, displicente. Esse é o balanço do novo relatório Emissions Gap, divulgado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) nesta 5ª feira (24/10). O documento ressalta que a lacuna entre as reduções de emissões de carbono prometidas pelos países e aquelas necessárias para conter o aquecimento global em 1,5°C neste século segue aumentando.

Segundo o PNUMA, ainda é tecnicamente possível limitar o aumento da temperatura média global em 1,5°C neste século, o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris. No entanto, isso dependeria de uma mobilização massiva por parte dos países do G20 para reduzir imediatamente suas emissões: eles precisam reduzir suas emissões anuais em 42% até 2030 e 57% até 2035, em relação aos níveis de 2019.

Considerando as metas nacionais atuais de mitigação, o aquecimento ainda seria superior ao limite máximo de 2°C definido em Paris – de 2,6°C a 2,8oC. Para conter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C, as emissões globais precisarão cair 28% até 2030 e 37% até 2035. No entanto, os compromissos de redução para 2030 estão longe de serem cumpridos pelos países, o que indica uma probabilidade significativa de um aquecimento ainda maior, de até 3,1°C em um cenário de manutenção das políticas atuais.

O relatório também reiterou uma constatação preocupante: ao invés de cair, as emissões globais de gases de efeito estufa seguem subindo ano após ano desde a pandemia. Em 2023, as emissões globais foram de 57,1 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e), um recorde. Isso mostra que a Humanidade segue adiando as medidas necessárias para conter as emissões; como resultado desse atraso, a média de mitigação necessária para viabilizar a meta de 1,5°C é de 7,5% de redução anual até 2035 – e de 4% de cortes anuais nesse mesmo período para a meta de 2°C.

“Estamos brincando com fogo”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Não podemos mais perder tempo. Fechar a lacuna das emissões significa fechar a lacuna da ambição, a lacuna da implementação e a lacuna financeira – a começar na COP29.”

Os dados do PNUMA sobre a lacuna da ação climática global tiveram grande destaque na imprensa, com matérias na Bloomberg, Financial Times, Deutsche Welle, Guardian, NY Times, Reuters e Washington Post, além da Folha no Brasil.

 

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