OMM também projeta que 2024 será ano mais quente da história e aquecimento vai superar os 1,5°C

Organização indicou que oceanos estão aquecendo mais rapidamente, gelo do mar está diminuindo e período de 2015 a 2024 será década mais quente já registrada.
11 de novembro de 2024
OMM projeta 2024 ano mais quente da história aquecimento superar 1.5°C
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No início da COP29, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) fez um alerta que deveria ecoar na cabeça dos negociadores que estão na conferência do clima. Assim como fez o observatório climático europeu Copernicus semana passada, a OMM projeta que 2024 será o ano mais quente da história. A temperatura média do planeta irá superar o limite de 1,5°C acima do nível pré-industrial, como estabelecido no Acordo de Paris, colocando o tratado “em grave perigo”. Em suma: estamos torrando, e os líderes mundiais pouco fazem para reverter o “novo anormal”.

A atualização do relatório State of the Climate 2024, da OMM, lançado na abertura da conferência do clima, mostra que a temperatura média global entre janeiro e setembro esteve cerca de 1,54°C acima dos níveis observados no final do século 19, informa O Globo. Além disso, o documento indica que os oceanos estão aquecendo mais rapidamente, o gelo do mar está diminuindo, e o período entre os anos de 2015 a 2024 será a década mais quente já registrada.

“As chuvas e inundações recordes, a rápida intensificação dos ciclones tropicais, o calor mortal, a seca implacável e os incêndios catastróficos que observamos em diferentes regiões do mundo este ano são infelizmente uma nova realidade e um presságio do futuro”, afirmou a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, em nota.

Apesar da média de 1,54°C registrada nos primeiros nove meses deste ano, ainda não se considera que a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris tenha fracassado, destaca a Folha. Para que se considere que o aquecimento se estabilizou neste nível, não se deve analisar os anos separadamente, mas fazer uma média de 20 anos. E a temperatura média das últimas duas décadas está em 1,3°C. Ou seja, ainda não é o fim do mundo, mas estaremos cada vez mais próximos dele se não eliminarmos a queima de combustíveis fósseis, a principal razão das mudanças climáticas.

Mas pode ser que estejamos mais perto do teto do Acordo de Paris do que calcula a OMM. Um método recentemente proposto para calcular a temperatura global sugere que o mundo estaria 1,49°C mais quente do que nos tempos pré-industriais até o final de 2023, e não 1,3°C, relata a Bloomberg. Os cientistas responsáveis pela nova abordagem, publicada na 2ª feira (11/11) na revista Nature Geoscience, dizem que o novo método simplifica o rastreamento das mudanças climáticas, é mais fácil de usar e fornece uma avaliação mais precisa do aquecimento até o momento.

Por convenção, os cientistas medem o aumento de temperatura em relação a uma linha de base pré-industrial, a média de 1850-1900. Os autores observam que a industrialização começou antes de 1850, e a linha de base atual não reflete isso. Eles sugerem mudá-la para 1700, para capturar as emissões da industrialização inicial.

A mudança é controversa. Cientista da Universidade de Exeter e chefe de impactos climáticos no Hadley Centre do Met Office do Reino Unido, Richard Betts disse que o artigo é “importante e útil” por “fornecer estimativas atualizadas do nível atual de aquecimento global induzido pelo homem”. Mas ressaltou que “há o perigo de acusações de ‘mover as balizas’”.

UOL, g1, Le Monde, Independent, RFi e DW também repercutiram o alerta da OMM.

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