Reino Unido anuncia meta climática com corte de 81% sobre emissões em 1990

País tem uma "enorme oportunidade" de se antecipar a outras nações na corrida por investimentos verdes após eleição de Trump nos EUA, afirmou Keir Starmer.
12 de novembro de 2024
NDC Reino Unido
UNFCCC Flickr

Depois dos Emirados Árabes Unidos e do Brasil, foi a vez do Reino Unido anunciar sua meta climática para 2035. O país se compromete a cortar 81% de suas emissões de gases de efeito estufa em relação aos níveis de 1990. O índice foi considerado ambicioso, mas, assim como a NDC brasileira, deixou no ar a pergunta de US$ 1 trilhão anuais em financiamento climático: como?

“É uma meta relativamente ambiciosa em comparação com a de muitos outros países e ajudará a ganhar impulso nessas negociações. Mas metas precisam ser respaldadas por ações ousadas. Quando o governo apresentar seu plano de ação, precisa incluir detalhes sobre como o país irá eliminar completamente o petróleo e o gás”, disse Rebecca Newsom, conselheira política sênior do Greenpeace UK, em um comunicado destacado pela Bloomberg.

O percentual foi revelado pelo Guardian e confirmado pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer em seu discurso na cúpula de líderes mundiais na COP29, em Baku, na 3ª feira (12/11), informa a Reuters. O índice supera a meta anterior, de 78%, e alinha a política do governo inglês às recomendações de seu consultor, o Comitê de Mudança Climática.

Ao chegar ao Azerbaijão, Starmer disse que o Reino Unido tem uma “enorme oportunidade” de se antecipar a outros países na corrida por investimentos verdes após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, relatam Guardian e Bloomberg. Um indicativo de que o país está disposto a “disputar” a liderança da agenda climática global, tão almejada pelo Brasil.

Em seu discurso na cúpula, Starmer declarou ainda que o Reino Unido “reconhece que o mundo está em um ponto crítico na crise climática” e prometeu restaurar o papel do país no esforço internacional. “Não há segurança nacional, não há segurança econômica, não há segurança global sem segurança climática.” E acrescentou que incentivou todos os países a apresentarem metas ambiciosas próprias.

Já quanto ao financiamento climático, o grande tema da COP29 e sobre o qual seu país tem grande papel, o primeiro-ministro britânico não foi tão “ousado”. Segundo o Financial Times, Starmer resistiu ao apelo por mais recursos públicos para lidar com as mudanças climáticas, afirmando que esses recursos “sozinhos não serão suficientes” e pressionou por uma maior contribuição do setor privado. Errado não está. Mas também não está certo, pelo histórico britânico na crise do clima.

Em uma reunião com o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, Starmer afirmou que o mundo precisará encontrar fontes de financiamento inovadoras e “eliminar as barreiras que bloqueiam o financiamento privado” para ajudar a custear a transição para a energia verde e adaptação às mudanças climáticas.

“Sabemos a dimensão do que é necessário, e sabemos que é imensa. Todos precisaremos ser inovadores”, disse ele. Só faltou falar em “disruptivo” para fechar o bingo das frases prontas exaustivamente repetidas em COPs, mas sem nenhum efeito prático.

  • Em tempo: O Greenpeace e o Uplift instaram um tribunal escocês a cancelar a licença de exploração do maior campo de petróleo inexplorado do Reino Unido, argumentando que isso causará danos "consideráveis" e injustificáveis ao planeta. As organizações acusam o antigo governo conservador do Reino Unido de ter concedido ilegalmente à petroleira norueguesa Equinor uma licença para explorar o campo de Rosebank, a cerca de 130 km a noroeste das Ilhas Shetland, no extremo norte da Escócia, e que contém quase 500 milhões de barris de petróleo e gás, informa o Guardian.

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