
O governo brasileiro, a ONU e a UNESCO lançaram na 3ª feira (19/11), segundo e último dia da Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, a Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima, cujo objetivo é fortalecer pesquisas e medidas para combater a desinformação climática. A iniciativa já conta com a adesão de seis países – Chile, Dinamarca, Reino Unido, França, Suécia e Marrocos -, e entre suas ações está a criação de um fundo para apoiar estudos, produção e reunião de evidências que possam subsidiar a presidência brasileira da COP30. Outra atividade prevista é a discussão de estratégias globais de reação à desinformação sobre as mudanças climáticas.
“O negacionismo climático é só uma primeira camada da desinformação. Além dele, há a ideia de que o assunto não é tão urgente, que os combustíveis fósseis não são um tema tão relevante para a mudança do clima, ou de que a ação humana não altera o clima. Por isso não nos interessa lidar só com o negacionismo, mas também com todo tipo de informação, seja ela intencional ou não, que afete nossa capacidade de nos organizarmos e agirmos a tempo no combate à crise climática, um tema urgente”, explicou o secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, João Brant.
O fundo de apoio financeiro será capitaneado pela UNESCO e pretende captar entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões. Os recursos serão obtidos com os países integrantes da iniciativa e outros doadores. O Comitê Diretivo, que será formado por vários organismos do sistema ONU, como o UNFCCC, vai definir as prioridades de investimento.
“Sem acesso a informação confiável sobre a disrupção climática, nunca seremos capazes de superá-la. Por meio desta iniciativa, nós apoiaremos os jornalistas e pesquisadores que investigam as questões climáticas, por vezes com grandes riscos para si próprios, e combateremos a desinformação relacionada ao clima que se espalha de forma descontrolada pelas redes sociais”, afirmou a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.
Ainda segundo Brant, os integrantes da iniciativa devem concluir até o fim deste ano o plano de ação. A previsão é que sua operacionalização seja iniciada já no começo de 2025, quando também há a expectativa de que mais países façam parte dessa força-tarefa contra a desinformação climática.
“É a primeira vez que há uma articulação institucional das organizações da ONU e de Estados-membros para lidar com desinformação. A temática da mudança do clima é uma urgência, uma necessidade, e também estamos respondendo ao Pacto Digital Global, que apontou a necessidade das agências da ONU apoiarem, junto com outros setores, a avaliação do impacto da desinformação no processo de ação de combate às mudanças do clima”, detalhou o secretário.
Pouco antes da Cúpula de Líderes do G20, o Brasil convidou outras nações para participarem da mobilização. Mas esse primeiro chamado à adesão foi feito apenas para países que mostraram identidade com o combate à desinformação sobre as mudanças climáticas, nos cinco continentes.
“A desinformação e as informações falsas são o maior risco global atualmente”, mostrou o relatório de riscos do Fórum Econômico Mundial deste ano. Ao distorcer informações críticas, minam a confiança que as pessoas têm nas políticas e nas instituições. Hoje podemos observar a desinformação em quase todos os espectros da sociedade, e a área de clima não escapa disso. O que tragicamente agrava a situação climática e coloca em risco os avanços necessários para mitigar os efeitos das mudanças do clima”, ressaltou a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Petersen, que participou do lançamento da iniciativa.
InfoMoney e agência eixos noticiaram o lançamento da iniciativa.