Incêndios na Amazônia e Pantanal puxam recorde de emissões de carbono em 2024

Brasil em chamas
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Levantamento do observatório Copernicus indica que incêndios no Pantanal resultaram em recorde histórico de emissões de carbono do bioma; já a Amazônia registrou o maior índice desde 2010.

Os incêndios que assolaram a Amazônia e o Pantanal em 2024 tiveram um custo de carbono significativo. Uma nova análise do observatório europeu Copernicus, divulgada na semana passada, indicou que os episódios de fogo nos dois biomas liberaram juntos mais de 195 milhões de toneladas (megatonelada ou Mt) de dióxido de carbono (CO2) neste ano.

De acordo com o Copernicus, a região do Pantanal registrou atividades de incêndios florestais sem precedentes em 2024. Os dados de emissões de carbono associadas ao fogo no bioma mostram que, entre maio e junho, o Mato Grosso do Sul (que concentra a maior parcela da vegetação pantaneira) emitiu 3,3 MtCO2, o índice mais alto em 22 anos de conjunto de dados de emissões de incêndio e quase três vezes superior ao recorde anterior para esse período, de 2009.

Até 5 de junho, dados de satélite do INPE detectaram um aumento impressionante de 980% ano a ano no número de detecções de incêndios florestais. A antecipação do período de incêndios no Pantanal, associada à persistência dos registros de fogo, resultou em outro recorde histórico para o bioma: no geral, as emissões totais estimadas para o Mato Grosso do Sul foram de 18,8 MtCO2.

Os episódios de fogo também foram numerosos na Amazônia, que ainda sofre com os incêndios florestais. De acordo com o Copernicus, as emissões totais associadas ao fogo na Amazônia Legal brasileira contabilizaram 176,6 MtCO2 em 2024, a mais alta desde 2010.

Mas o Brasil não está sozinho: em praticamente todo o continente americano, o fogo foi um problema crônico em 2024. O Copernicus destacou que as Américas do Norte e do Sul experimentaram incêndios florestais “particularmente intensos” ao longo do ano. Além do Pantanal e da Amazônia, a temporada do fogo também foi bastante ativa na porção oeste do Canadá e dos Estados Unidos.

No caso canadense, as emissões totais ficaram em pouco mais de 200 MtCO2, abaixo apenas do recorde histórico de 2023. Mas na Colúmbia Britânica, uma das áreas mais afetadas neste ano, as emissões associadas ao fogo em maio ficaram em 13,5 MtCO2, três vezes acima do índice registrado no mesmo mês em 2023. Já nos EUA, os incêndios causaram destruição na Califórnia e no Oregon, mas não resultaram em um volume de emissões de carbono acima da média das últimas duas décadas.

 “Os incêndios florestais na América do Norte e do Sul foram as regiões que mais se destacaram nas emissões globais de incêndios em 2024. A escala de alguns dos incêndios estava em níveis históricos, especialmente na Bolívia, no Pantanal e em partes da Amazônia, e os incêndios florestais canadenses foram novamente extremos, embora não na escala de 2023”, afirmou Mark Parrington, cientista sênior do serviço de monitoramento da atmosfera do Copernicus.

AFP, Folha e O Globo repercutiram os principais pontos da análise do Copernicus.

 

ClimaInfo, 9 de dezembro de 2024.

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