Sob sanções da Europa e dos EUA, a Rússia tem recorrido a uma frota antiga e inadequada de petroleiros para transportar combustível para os compradores.
Autoridades da Ucrânia alertaram para um grande derramamento de óleo depois do afundamento de um navio petroleiro russo no Mar Negro, nas proximidades da península da Crimeia. O episódio aconteceu no último domingo (15/12) depois de uma forte tempestade atingir a região. Outros dois petroleiros também foram afetados, mas não se sabe a condição das embarcações.
O incidente foi confirmado por agências de notícias na Rússia. De acordo com a Reuters, o petroleiro Volgoneft 212 partiu-se ao meio no estreito de Kerch, entre o Mar Negro e o Mar de Azov, antes de afundar. Já o Volgoneft 239 encalhou a 80 metros da costa, perto do porto de Taman, no lado leste do estreito.
Nesta 3ª feira (17), um terceiro petroleiro emitiu um sinal de socorro, mas reportou que seu casco ainda estava intacto, sem derramamento de óleo. A embarcação estaria estacionada perto do porto de Kavkaz, também no estreito de Kerch.
Um aspecto em comum nas três embarcações é a idade: todas têm mais de 50 anos de operação e não possuem condições básicas para o transporte seguro de combustível. No entanto, essa frota tem sido cada vez mais utilizada pela Rússia para driblar os efeitos das sanções internacionais aplicadas ao país depois da invasão à Ucrânia, há quase três anos.
Grupos ambientalistas têm alertado para o risco de vazamento e derramamento de óleo por essa “frota oculta” formada por embarcações antigas e inadequadas. Além da má condições dos petroleiros, a operação clandestina desses navios dificulta o monitoramento desses transportes, o que expõe outros países ao risco de contaminação em caso de vazamento ou derramamento de óleo.
O local do incidente deste domingo é particularmente delicado: a Crimeia é uma região internacionalmente reconhecida como território da Ucrânia, mas é ocupada há mais de dez anos pela Rússia. Em 2022, uma ofensiva militar ampliou a área sob ocupação russa no leste ucraniano, ao longo da costa do Mar de Azov.
O Guardian destacou a cobrança de Kiev para que Moscou seja penalizada pelo derramamento de óleo na Crimeia. “Os acidentes em dois navios enferrujados no estreito de Kerch resultaram em outro desastre ambiental de grande escala. Milhares de toneladas de óleo combustível foram derramadas, causando danos trágicos aos sistemas naturais dos mares de Azov e Negro”, afirmou Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy.
Já a Deutsche Welle lembrou de outros desastres naturais decorrentes direta ou indiretamente da guerra entre Rússia e Ucrânia. O exemplo mais grave aconteceu em julho de 2023, quando as forças russas destruíram a barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia, inundando mais de meio milhão de hectares de habitats naturais e contaminando diversas áreas com material poluente.
AFP, Associated Press, BBC, CNN, Guardian, POLITICO, Reuters, Sky News e Wall Street Journal, entre outros, repercutiram a notícia.
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ClimaInfo, 18 de dezembro de 2024.
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