Presidente da COP30 minimiza risco de esvaziamento e busca pacto nacional sobre agenda climática

Finanças André Correa do Lago
gov.br

Segundo Corrêa do Lago, “poder de convencimento” de Lula garante a presença de chefes de Estado e líderes internacionais na cúpula do clima em Belém.

Uma das preocupações do governo brasileiro para a COP30 em Belém é a alta participação de chefes de Estado e de governo. Nas últimas COPs, nomes de peso como os presidentes Emmanuel Macron (França) e Xi Jinping (China) e o chanceler Olaf Scholz (Alemanha) se ausentaram do segmento de alto nível, o que enfraqueceu a relevância política do encontro.

Para o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, um dos fatores que podem ajudar a atrair a participação dos líderes globais é o próprio presidente Lula. Em entrevista à Globonews, o diplomata lembrou o sucesso da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, no ano passado. “A gente não pode subestimar o poder de convencimento do presidente Lula. Nós vimos isso no G20, em que a presença dos chefes de Estado foi absolutamente recorde”, afirmou.

A preocupação com o quórum de lideranças na COP30 aumentou depois da volta de Donald Trump ao poder nos EUA e a saída norte-americana do Acordo de Paris. Em conversa com a Folha, Corrêa do Lago ressaltou que a ausência de Washington nas negociações climáticas dá mais peso a outros países no tabuleiro climático, como a China.

“Muitas das soluções talvez apareçam em outros contextos e graças ao setor privado. Evidentemente, a China é um parceiro absolutamente natural, alguns países europeus também, a Índia (…) E há outros países em desenvolvimento querendo caminhos parecidos com o Brasil”, disse o presidente da COP30.

Corrêa do Lago também defendeu um “pacto nacional” para a COP30, de forma a unir os diferentes setores da sociedade em prol da ação climática. “Precisamos criar um pacto nacional para chegarmos unidos na COP30. O mundo adoraria ficar apontando: olha lá, estão todos lá divididos com relação à COP. Temos de decidir muito a questão da COP entre nós brasileiros para chegarmos maduros”, destacou à CNN Brasil.

A escolha de Corrêa do Lago para a função foi um exemplo desse cálculo estratégico doméstico. Como o Valor destacou, a indicação do diplomata para o comando da 30ª Conferência do Clima agradou a diferentes setores econômicos, sociais e políticos do Brasil, que raramente entram em consenso neste campo. Desde ambientalistas até representantes do agro saudaram a escolha dele, bem como a nomeação da secretária nacional do Clima, Ana Toni, para a direção-executiva da COP30.

O Globo também abordou obstáculos internos e externos para o sucesso da conferência, como a desconfiança entre países ricos e pobres, que dividiu as últimas edições. Um caminho é focar na implementação dos compromissos nacionais sob o Acordo de Paris, o que também engajaria atores além dos governos nacionais, como entes subnacionais e empresas.

“Temos de engajar quem tem capilaridade para executar na base os compromissos pactuados nestes dez anos desde a assinatura do Acordo de Paris, para iniciar uma nova década das COPs, focada na implementação. Esses atores são os estados e o setor privados, e vamos trabalhar para mobilizá-los”, pontuou Toni.

Em tempo: Ainda na seara diplomática, o Ministério das Relações Exteriores confirmou a indicação do embaixador Maurício Lyrio como negociador-chefe (sherpa) do Brasil no BRICS+. O diplomata exerceu o mesmo posto no ano passado, quando o governo brasileiro presidiu o G20. Agora, com o BRICS+ sob comando do Brasil, a ideia é repetir a mesma estratégia e aproveitar o espaço para discutir temas de clima. O Valor deu mais informações.

 

 

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ClimaInfo, 24 de janeiro de 2025.

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