Greenpeace vai a julgamento em processo de US$ 300 mi nos EUA e corre risco de falência

Ativistas afirmam que processo é uma tática velada para suprimir a liberdade de expressão e estabelecer um precedente preocupante para reprimir organizações ambientais e climáticas.
25 de fevereiro de 2025
greenpeace julgamento us$ 300 mi eua falência
Divulgação Greenpeace

Com Donald Trump na presidência dos Estados Unidos e o avanço da extrema direita em vários países do mundo, como na Alemanha, o julgamento de uma ação contra o Greenpeace na Dakota do Norte, nos EUA, acende um alerta para organizações ambientais e climáticas. Se for condenado, a organização poderá ter de pagar uma indenização de US$ 300 milhões, o que poderá levá-la à falência. O julgamento deverá demorar cinco semanas.

A ação tem como autora a Energy Transfer, empresa de combustíveis fósseis com sede em Dallas. O processo começou em 2017 – quando Trump assumiu seu 1º mandato como presidente –, quando a Energy Transfer acusou o Greenpeace de orquestrar protestos contra a construção do oleoduto Dakota Access Pipeline perto da Reserva Sioux de Standing Rock, informa o New York Times, em matéria traduzida pela Folha.

Os protestos atraíram milhares de pessoas, lembra a BBC. O Greenpeace alega que teve apenas um papel de apoio nas manifestações, que foram lideradas por indígenas estadunidenses. E afirma que o processo é uma tática velada para suprimir a liberdade de expressão e estabelecer um precedente preocupante para grupos de protesto, reprimindo organizações ambientais e climáticas.

“O processo da Energy Transfer ameaça nossos direitos fundamentais de organização e protesto. Uma vitória deles estabelece um precedente perigoso – permitindo mais ataques a sindicatos, ativistas e jornalistas – e silenciando nossa fala por meio de intimidação”, reforça a organização, que lançou uma carta de apoio ao Greenpeace para adesão.

O Greenpeace está preocupado em não ter uma audiência justa no estado, rico em petróleo. O julgamento está ocorrendo na conservadora Dakota do Norte. O ex-governador do estado, Doug Burgum, é o atual secretário de Interior da administração Trump.

A construção do oleoduto ganhou atenção internacional no primeiro mandato de Trump, quando grupos nativos americanos montaram um acampamento tentando impedi-lo de passar perto de Standing Rock. Os protestos começaram em abril de 2016 e terminaram em fevereiro de 2017, quando a Guarda Nacional e a polícia evacuaram o local do protesto. Centenas de pessoas foram presas, e as autoridades foram acusadas de usar força excessiva, incluindo jogar spray de pimenta e água gelada na multidão, além de disparar canhões sonoros e balas de borracha.

No pico, mais de 10.000 manifestantes estavam na área. O grupo incluía mais de 200 grupos indígenas, centenas de veteranos militares dos EUA, atores e líderes políticos – incluindo o atual secretário de saúde, Robert F Kennedy, Jr., hoje aliado de primeira linha de Donald Trump.

Guardian, Corporate Crime Reporter, InfoMoney e g1 também noticiaram o início do julgamento da ação contra o Greenpeace.

  • Em tempo: A “caça às bruxas ambientalistas e climáticas” está à solta nos EUA. Segundo o Guardian, ativistas que tentaram interromper a conclusão de um oleoduto que passa pelas florestas dos Apalaches iriam ontem a um tribunal na Virgínia para enfrentar sérias acusações criminais. O oleoduto Mountain Valley foi aprovado pela administração do ex-presidente Joe Biden em 2023. A decisão desencadeou uma onda de protestos não violentos e desobediência civil contra o oleoduto na Virgínia e Virgínia Ocidental. Nas semanas seguintes, 10 ativistas foram acusados ​​de conspiração para difamar a reputação de uma empresa, conspiração para cometer uso não autorizado de um veículo motorizado e sequestro. A pena máxima combinada pode chegar a 16 anos.

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