
A Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) informou na 6ª feira (7/3) que 30 empresas já estão aptas a participar do próximo leilão de áreas para exploração de combustíveis fósseis no país. A licitação está marcada para 17 de junho, a menos de cinco meses do início da COP30.
O 5º ciclo da oferta permanente de áreas de concessão (OPC) pode oferecer ao mercado até 332 blocos para explorar petróleo e gás fóssil. Desses, 47 estão na foz do Amazonas, onde a Petrobras tenta obter licença para perfurar um poço no bloco FZA-M-59. Licença que virou motivo de pressão intensa do governo sobre o IBAMA, apesar do parecer de técnicos do órgão ambiental recomendando que se negue a autorização para a petroleira.
Ainda não se sabe quantas empresas irão realmente participar do leilão, relata a Folha. Isso porque o número final depende de manifestações prévias de interesse que devem ser feitas até o dia 31 de março e ele só será divulgado oficialmente no início de abril.
Segundo a ANP, a lista de empresas inscritas tem quatro estreantes: Westlawn Energia do Brasil, CNODC Brasil Petróleo e Gás, Lux Oil e Dilllianz Petróleo & Gás Natural. A primeira tem sede nos Estados Unidos, a segunda é chinesa e as duas últimas, brasileiras. Há também empresas de grande porte já consolidadas no país, como a própria Petrobras, Shell, ExxonMobil, BP e Equinor.
Quase metade (145) dos blocos incluídos no 5º ciclo da OPC estão com aval das áreas ambiental e de energia do governo perto do vencimento. Em janeiro, a ANP alertou ao mercado que as manifestações de interesse para essas áreas deveriam ser feitas até o início de fevereiro. Caso contrário, disse o órgão regulador na ocasião, esses blocos “seriam retirados do edital” – o que não aconteceu.
Petronotícias e agência eixos também noticiaram a lista de petroleiras aptas para o próximo leilão da ANP.
Em tempo: Defensores da exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas tentam vender a falsa ideia de que o petróleo gera “riquezas”. Mas Suely Araújo, do Observatório do Clima, e Nicole Figueiredo Oliveira e Vinícius Nora, do Instituto Arayara, lembram a dura realidade: poucos ganham muito, enquanto a maior parte da população paga um alto preço pelos impactos ambientais, climáticos e sociais da atividade petrolífera. “A história mostra que o petróleo trouxe às ‘cidades do petróleo’ uma série de desafios e impactos que vão muito além dos benefícios econômicos propagados pela indústria. Macaé, Campos, Rio das Ostras e outras cidades do Rio de Janeiro são a prova viva. A promessa de riqueza e desenvolvimento se traduziu em desigualdade social, degradação ambiental e dependência econômica. A intensa exploração offshore na Bacia de Campos e de Santos transformou os estados em um polo da indústria petrolífera, mas também deixou um passivo ambiental significativo. O despejo de resíduos tóxicos, o risco constante de vazamentos e a alteração dos ecossistemas marinhos afetam não apenas a biodiversidade, mas também comunidades pesqueiras tradicionais, que veem seus meios de subsistência ameaçados há décadas”, detalham em artigo no Valor.