Bancos públicos e privados financiam desmatamento no sul da Amazônia

Entre janeiro de 2018 e agosto de 2024, 24 mil cadastros ambientais rurais da AMACRO receberam financiamento de R$ 9 bilhões, beneficiando desmatadores e golpistas.
12 de março de 2025
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Ana Cotta / via Flickr

Uma das frentes mais recentes de desmatamento na Amazônia Legal é a região entre os limites estaduais de Acre, Amazonas e Rondônia, batizada de AMACRO. Impulsionada como nova fronteira agrícola durante o governo Bolsonaro, a região assistiu à derrubada de mais de 1,026 milhão de hectares de floresta nativa entre 2020 e 2022, uma área equivalente a quase sete vezes o tamanho de Londres (Reino Unido).

Um novo levantamento divulgado pela Sumaúma identificou que milhares de propriedades rurais da região se beneficiaram com financiamento de bancos públicos e privados nos últimos anos, somando cerca de R$ 9 bilhões em crédito. Entre os beneficiários, estão empresários e fazendeiros aliados de Bolsonaro, nomes autuados por trabalho análogo à escravidão e desmatamento ilegal, além de investigados por conexões com a tentativa de golpe de estado liderada pelo ex-presidente depois das eleições de 2022.

Segundo o levantamento, os empréstimos de crédito rural beneficiaram cerca de 24 mil CARs (Cadastro Ambiental Rural). A maioria dessas operações está localizada em Rondônia, em propriedades que pressionam nove Terras Indígenas e Florestas Públicas Não Destinadas, além de projetos de assentamentos e Unidades de Conservação. O Banco do Brasil e o Banco da Amazônia, ambos estatais, foram os que mais forneceram crédito.

A análise dos dados dos últimos seis anos e meio mostra que áreas previamente embargadas pelo IBAMA, que não deveriam receber financiamento rural, foram beneficiadas com R$ 5,2 milhões em empréstimos. Outros R$ 62 milhões foram destinados a propriedades que acabaram sendo embargadas depois da concessão do empréstimo.

  • Em tempo: A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura lançou nesta 3ª feira (11/3) um relatório propondo 12 ações integradas para que o Brasil tire do papel seu objetivo de acabar com o desmatamento até 2030, formalizado na nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do país sob o Acordo de Paris. O documento propõe duas linhas de ação principais, uma para erradicar o desmatamento ilegal e outro para o desmatamento legal. Segundo a Coalizão, as duas linhas foram desenhadas para integrar as necessidades dos diferentes biomas e estabelecer soluções adaptadas para cada cenário. A Exame deu mais informações.

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