
A última 5ª feira (24/4) marcou a contagem regressiva de 200 dias até a abertura da próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). A proximidade cada vez maior do evento aumenta a expectativa em torno das negociações internacionais sobre clima e da preparação da capital paraense para recepcionar dezenas de milhares de pessoas, entre negociadores, observadores e ativistas.
O g1 fez um levantamento das obras em andamento relacionadas à COP30 em Belém. Desde junho passado, quando estávamos a 500 dias do evento, o número total de obras saltou de 13 para 37, com investimentos que somam mais de R$ 7,2 bilhões. Esse montante já supera o orçamento de seis das sete capitais da Região Norte, incluindo Belém, ficando atrás apenas de Manaus (AM), que R$ 10,5 bi previstos para este ano.
A maior parte das obras (14) está relacionada a melhorias de infraestrutura, com valores superiores a R$ 2,7 bilhões; os principais empreendimentos são a construção do Parque da Cidade e do Porto Futuro II. Já as obras de mobilidade (7) estão orçadas em R$ 2,07 bilhões, que incluem a implementação do BRT Metropolitano e a duplicação da Av. Bernardo Sayão.
O saneamento básico, problema crônico de Belém, está contemplado com oito obras que somam mais de R$ 1,8 bilhão. Por fim, as oito obras de hospedagem, uma preocupação crítica dos participantes, preveem a construção da Vila COP30 e do Hotel Vila Galé, no total de R$ 696 milhões.
Sobre o andamento das obras, o ritmo varia de projeto a projeto. Os mais avançados são a reforma do complexo do Ver-O-Peso (82% concluída) e a construção do Parque da Cidade (80%). Por outro lado, a macrodrenagem dos canais da Mártir e Murutucu (29%), o restauro do Complexo dos Mercedários (10%) e o sistema de esgoto do Ver-O-Peso (11%) estão entre as obras ainda em estágio inicial. Segundo o g1, das 37 obras, 14 ainda não informaram o percentual de andamento até abril de 2025.
O governo do Pará, responsável pela maior parte das obras, garante que tudo estará pronto até a realização da cúpula dos chefes de Estado, no dia 5 de novembro, que acontece na semana anterior à abertura da COP30. No entanto, de acordo com a Folha, contratos assinados para a supervisão das obras financiadas pelo BNDES e Itaipu Binacional indicam que algumas das intervenções devem se arrastar até 2027.
Apesar da notícia, o discurso oficial do governo de Helder Barbalho (MDB) segue bastante otimista sobre a COP30 e as obras em Belém. “Os investimentos robustos, que deixarão um legado permanente para todos os habitantes da capital da Amazônia, deixam claro que Belém será uma grande anfitriã e ainda contará com a simpatia e a alegria do povo paraense, algo único e que, certamente, encantará os participantes”, defendeu o governador.
Já na seara diplomática, sob responsabilidade do governo federal, o esforço é de engajar o máximo de países e lideranças internacionais. A Folha informou que o Brasil pretende aproveitar as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington (EUA) para reforçar essa articulação. A delegação brasileira será encabeçada por Tatiana Rosito, secretária de relações internacionais do Ministério da Fazenda, e contará com a presença do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
Ao Valor, Corrêa do Lago afirmou que o financiamento climático é um dos temas das conversas na capital norte-americana. Segundo o diplomata, ainda não há consenso entre os países sobre como viabilizar a meta de US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 para financiar a ação climática nas nações mais pobres, mas o Brasil segue engajado na construção de um “mapa do caminho” para tirar esse compromisso do papel.