
O metano, segundo principal gás causador do efeito estufa, atrás apenas do dióxido de carbono (CO₂), bateu recordes de emissões em 2024 de acordo com o Rastreador Global de Metano 2025 divulgado pela Agência Internacional de Energia (IEA, da sigla em Inglês).
Os dados revelam que as emissões de metano do setor energético – mais especificamente petróleo, gás e carvão – foram responsáveis por 120 milhões de toneladas no ano passado, aproximando-se do recorde histórico atingido em 2019. China, EUA e Rússia foram os maiores poluidores no ranking deste gás.
O cenário é ainda mais grave considerando que os países subestimam em 80% suas emissões reais nos relatórios endereçados à ONU, de acordo com dados obtidos por satélite. A Europa aparece como exceção, com discrepância menor, graças a regulamentos mais rígidos.
Entre as descobertas mais preocupantes está a constatação de que 25% dos vazamentos em oleodutos são crônicos, como fontes poluentes que nunca cessam na infraestrutura energética mundial. Esses vazamentos poderiam ser tamponados rapidamente, com uso de materiais como parafusos e vedantes. “Estamos diante da oportunidade mais negligenciada da transição energética”, adverte Fatih Birol, diretor da IEA.
Poços e minas abandonadas, pela primeira vez consideradas no relatório anual, somaram a emissão de 8 milhões de toneladas de metano, tornando-se, juntos, o 4o maior emissor global, destacou o Guardian. Ainda que a agricultura seja a atividade humana de maior emissão de metano, especialistas alegam que as soluções são mais aplicáveis ao setor fóssil, já que pelo menos 70% das emissões da indústria de petróleo e gás poderiam ser evitadas com tecnologias já existentes. Essa ação evitaria 0,1°C de aquecimento até 2050, equivalente a zerar todo o CO₂ da indústria pesada mundial.
O relatório indica, porém, que somente cerca de 5% da produção global de petróleo e gás já opera com emissões próximas de zero, ainda que medidas eficazes, como a substituição de compressores com vazamento, ofereçam retornos financeiros acima de 25%, superando muitos investimentos tradicionais do setor.
Paradoxalmente, 150 bilhões de m³ do gás são queimados anualmente, enquanto 200 bilhões vazam diretamente para a atmosfera, desperdício que daria para abastecer toda a Alemanha por dois anos. Já o carvão surge como vilão subestimado, com minas ativas e abandonadas respondendo por 40% das emissões do setor fóssil. A China, mais uma vez, está no epicentro.
AFP, Axios, Business Green, CBC e E&E News, entre outros, repercutiram o relatório da IEA.