
Após a imensa pressão das montadoras, o Conselho da União Europeia concordou em flexibilizar as metas de emissões de CO2 do bloco para carros e vans neste ano. A decisão segue sem mudar a proposta da Comissão Europeia, que sugeriu que fabricantes desses veículos atingissem as metas com base em suas emissões médias no período de 2025 a 2027, em vez de apenas neste ano.
As montadoras europeias calcularam que as metas a serem cumpridas em 2025 podiam resultar em multas de até US$ 17 bilhões. Segundo as empresas, as metas iniciais dependiam da venda de mais veículos elétricos, segmento no qual estão atrás das montadoras chinesas e estadunidenses, explicou a Reuters.
A decisão alivia o setor automobilístico, que pressionava intensamente pela flexibilização após a queda nas vendas de VEs no ano passado. No entanto, o relaxamento no curto prazo também levanta questões sobre a viabilidade das metas futuras da UE, principalmente a obrigatoriedade de que os carros novos tenham emissão zero até 2035, destacou a Bloomberg.
Apesar da redução nas vendas em 2024, os fabricantes europeus venderam 45% mais carros elétricos nos primeiros três meses de 2025 em comparação a igual período do ano passado. Por isso a flexibilização das metas de emissões é questionável, avaliou o diretor de automóveis da T&E, Lucien Mathieu.
“É irônico que a UE adie as metas para a indústria automobilística justamente quando as vendas de VEs disparam. O crescimento se deve aos novos modelos mais acessíveis que as montadoras lançaram para cumprir a meta original. Esse atraso permitirá que a indústria tire o pé do acelerador para lançar carros elétricos, ao mesmo tempo em que desacelera os investimentos”, frisou.
Em tempo: Do outro lado do Atlântico, a sanha pró-combustíveis fósseis de Donald Trump, com aval dos congressistas estadunidenses, afetará a expansão dos carros elétricos. Os republicanos na Câmara dos EUA estão propensos a acabar com o crédito tributário de até US$ 7,5 mil aos compradores de VEs, conta o presidente da casa, o republicano Mike Johnson, informam Bloomberg, Washington Post e Inside EVs. "Há uma chance maior de matá-lo do que salvá-lo", disse Johnson. "Mas veremos como isso vai se desenrolar." O debate ocorre num momento em que Trump critica duramente os VEs e seu governo desfaz diversas políticas ambientais e climáticas do ex-presidente Joe Biden, promovendo petróleo, gás e carvão.