Presidência da COP30 encomenda plano de transição para setores poluentes

Corrêa do Lago pede à iniciativa privada soluções de descarbonização, enquanto o reitor da UFPA reivindica participação dos amazônidas na cúpula.
13 de maio de 2025
COP30 desafios Brasil Belém sediar negociações climáticas
Dean Calma / IAEA

Em um esforço de mobilização dos atores econômicos em prol da descarbonização, o presidente-designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, vem conversando com representantes dos setores mais intensivos em carbono do Brasil sobre soluções para acelerar a redução de suas emissões.

Como destacou o Capital Reset, o primeiro plano foi apresentado nesta 2a feira (12/5), voltado para os transportes. Responsável por 16% das emissões do Brasil, o setor se organizou na Coalizão para Descarbonização dos Transportes no Brasil, que reúne cerca de 50 organizações e é liderada por Motiva (ex-CCR), CEBDS, Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável do Insper.

O estudo entregue faz um diagnóstico de onde o setor está e quais são as iniciativas prioritárias para reduzir emissões até 2050. O documento também indicaria ações que dependem do governo, como incentivos e mercado regulado de carbono.

A iniciativa de Corrêa do Lago ainda englobará outros quatro setores – agricultura, energia, florestas e pecuária. O setor agropecuário se articula para criar uma coalizão nos mesmos moldes do segmento de transportes. Responsável por quase 30% das emissões brasileiras (ou mais de 70%, se somarmos as emissões do desmatamento causadas direta ou indiretamente pelo setor) o agronegócio é a atividade econômica mais poluidora do país. O CEBDS coordena a articulação, que identificou três principais lacunas de transição para o setor: financiamento, métricas viáveis e políticas públicas.

Em energia, uma das iniciativas é um estudo da consultoria Catavento sobre transição energética. Feito em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS) e o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), é uma atualização de um material apresentado na COP29 que agora abrange os 15 países de maior relevância no mercado de petróleo e gás fóssil – entre produtores e consumidores, como Brasil, Estados Unidos, Rússia, China e Arábia Saudita.

Além do diálogo com o setor empresarial, a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, ressaltou a importância da integração de variadas instâncias de governo para conter as mudanças climáticas, destacou o Valor. Em reunião ministerial do clima em Copenhague, ela afirmou que estados e municípios estão na linha de frente para colocar em prática as medidas necessárias de mitigação e adaptação.

Toni destacou projetos que alinham os esforços climáticos de governos centrais, estaduais e municipais. Ela citou o programa brasileiro Cidades Modelo Verdes e Resilientes, lançado neste ano; o processo participativo das metas climáticas (NDCs) da Colômbia; e o projeto Ação Climática Localmente Liderada com Financiamento (FLOCA), do Quênia, que recentemente lançou sua nova NDC com ênfase em governança multinível.

Paralelamente, o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva, chama atenção para uma outra participação necessária na COP30: a dos amazônidas. Para isso, ele lidera uma iniciativa de representantes dos Povos Amazônicos para ouvir suas demandas e apresentá-las de forma organizada na COP30. Em entrevista ao Valor, o reitor contou que a UFPA solicitou a inscrição para participar na “blue zone”, onde ocorrem as negociações oficiais, reuniões de grupos de trabalho e sessões plenárias da conferência.

“Uma COP na Amazônia não tem sentido se não tiver os amazônidas dentro. Por isso criamos esse movimento [chamado “Ciência e Vozes da Amazônia”] para levar a esse espaço de decisão as vozes da sociedade civil, dos quilombolas, indígenas, extrativistas e sindicatos”, explicou.

  • Em tempo: Belém recebeu na semana passada a segunda missão técnica da equipe da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), responsável pela organização da COP30. A visita teve como foco principal o avanço da estrutura da “blue zone”, área oficial de negociações, e a definição de pontos estratégicos para a realização da conferência, informou o Brasil 247.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar