Primo e advogado de Alexandre Silveira passaram a atuar em mineração após sua chegada ao MME

Rede de empresas conecta ministro de Minas e Energia à exploração mineral em seu estado, Minas Gerais, por meio de dois aliados próximos.
29 de maio de 2025
primo e advogado de alexandre silveira passaram a atuar em mineração após sua chegada ao mme
Líria Barros/Cortesia

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), é um dos mais ferozes defensores da exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas. Fala em transição energética, mas não apresenta um plano, responsabilidade de sua pasta. Defende a instalação de Angra 3, “monstrengo” atômico que vai aumentar tarifas elétricas. E até já sugeriu instalar os ainda inexistentes pequenos reatores nucleares modulares na Amazônia para gerar eletricidade em comunidades isoladas – custando muito mais do que soluções com renováveis.

Mas não para aí. Uma rede de empresas conecta Silveira à exploração mineral em Minas Gerais, por meio de dois aliados próximos: seu primo e sócio Cláudio Lúcio de Magalhães Silveira Júnior, e seu advogado, José Júlio Costa Neto. Ambos tiveram negócios com o ministro no ramo imobiliário e passaram a atuar em mineração após Silveira assumir a pasta, apurou a Agência Pública.

Após Silveira tomar posse no MME, em janeiro de 2023, Cláudio Silveira Júnior assumiu a gestão de duas mineradoras: a Belcs Mineração S/A, em março do mesmo ano; e a RS Mineração Ltda., em maio de 2024.

Com um ano, a Belcs conseguiu alvará da Agência Nacional de Mineração (ANM), vinculada ao MME, para pesquisar diamantes em uma região de Guarda Mor (MG) – caso revelado pela Folha. A RS Mineração, por sua vez, obteve em novembro de 2022 – no apagar das luzes do governo Bolsonaro – a outorga para extrair minério de ferro numa área de 97,6 hectares em Ouro Preto.

Já José Costa Neto obteve, em maio de 2024, permissão da ANM para pesquisar minério de ferro em uma área de 996 hectares em Caratinga, cidade natal de Silveira. O advogado do então senador dirigiu, de setembro de 2021 a dezembro de 2022, uma companhia fundada por Silveira da qual ele segue como sócio: a Alternativa para Todos Participações e Empreendimentos.

A empresa figura ainda como sócia da Olhos D’Água Pará de Minas. Que tem em seu quadro societário a Construtora CCS, cujo representante legal é Cláudio Silveira Júnior. Ou seja, além de familiar, o primo é sócio de Alexandre Silveira.

Já ministro, Silveira participou, em 30 de agosto de 2023, de uma reunião com os dirigentes da Alternativa para Todos. A pauta era “autorização para alienação de bens imóveis”. A ata foi registrada na Junta Comercial de Minas.

Procurado, o MME não refutou a sociedade entre Silveira e o primo. Mas destacou que o ministro nunca foi seu sócio “em qualquer empreendimento ligado ao setor minerário ou em qualquer setor relacionado ao MME”.

O órgão alegou ainda que Silveira “nunca teve negócios nestes setores”; negou qualquer influência do ministro na ANM; e afirmou que a atuação dele e do ministério “sempre se pautou dentro da estrita legalidade”. Em relação ao pedido de pesquisa mineral de José Costa Neto, o MME afirmou que Silveira só tomou conhecimento a partir dos questionamentos da Agência Pública.

  • Em tempo: Enquanto as relações do ministro de Minas e Energia com o setor de mineração parecem muito próximas, ambientalistas e especialistas em patrimônio temem que Ouro Preto – primeira cidade brasileira nomeada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO – esteja com seu título com os dias contados por causa de projetos de mineração, destacaram Agência Pública e Tribuna de Minas. No epicentro da ameaça está a comunidade de Botafogo, na entrada da cidade, primeiro local a sentir os impactos da atividade minerária, que já começa a se concretizar no entorno.
    Ao redor de Botafogo existem pelo menos sete empreendimentos minerários cujos processos de licenciamento e pesquisa de ferro e manganês seguem a todo vapor. Os projetos pertencem a HG Mineração, RS Mineração [gerida pelo primo de Alexandre Silveira], CBRT Participações, Mineração Patrimônio, Mineração Três Cruzes, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e BHP Billiton, maior mineradora do mundo e sócia da Vale na Samarco, responsável pela barragem que rompeu em Mariana, cidade próxima a Ouro Preto, em 2015. Só a BHP tem autorização para pesquisar ferro em uma área de mais de 900 hectares.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Desafios e soluções

Aqui você terá acesso a conteúdo que permitirão compreender as consequências das mudanças climáticas, sob os pontos de vista econômico, político e social, e aprenderá mais sobre quais são os diferentes desafios e as possíveis soluções para a crise climática.
15 Aulas — 7h Total
Iniciar