
Dor de cabeça para o agronegócio brasileiro, a nova lei antidesmatamento da União Europeia, prevista para entrar em vigor em dezembro, será um dos temas a serem abordados pelo presidente Lula em visita à França nesta semana. Lula deve reiterar ao presidente da França, Emmanuel Macron, a posição do Brasil contrária à legislação, destacaram O Globo e Exame.
Outro assunto que estará na pauta, segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), é o arrastado acordo entre o bloco europeu e o Mercosul, relatou o Valor. O MRE vê o contexto político e de guerra tarifária entre Estados Unidos e China como positivo para o andamento das negociações. Mas a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou que o PL da Devastação (2.159/2021), que praticamente extingue o licenciamento ambiental brasileiro recentemente aprovado no Senado, pode dificultar as negociações.
A lei antidesmatamento da UE proíbe importações de produtos agropecuários oriundos de áreas desmatadas, legalmente ou não, a partir de 2020. A medida atinge café, soja, óleo de palma, madeira, couro, carne bovina, cacau e borracha. Recentemente o bloco europeu avaliou o Brasil como “risco médio” de desmate, o que gerou protestos do governo Lula.
Já em relação ao acordo com o Mercosul, Macron é um dos seus principais detratores. Com a França sendo um dos países mais protecionistas da Europa, o país defende barreiras às importações de produtos agropecuários para proteger os agricultores franceses.
Além de um balanço da relação bilateral, Lula e Macron devem se debruçar sobre a geopolítica internacional. Os EUA devem estar no topo da pauta, que também incluirá os conflitos em Gaza e na Ucrânia, detalhou o RFi. Ainda não se sabe se, além dos 20 acordos e declarações em discussão pelos dois governos que podem ser assinados durante a visita, haverá algum documento que trate dos conflitos e da regulação das big techs, temas de interesse das duas nações.
Em tempo: O Brasil recebeu na 6ª feira (30/5) o convite oficial para participar da cúpula do G7 nos dias 16 e 17 de junho, em Kananaskis, no Canadá, relatam Carta Capital e CNN. O Itamaraty não havia respondido ao chamado, mas a tendência é que o presidente Lula compareça ao encontro. Se isso ocorrer, será o primeiro encontro de Lula com o presidente dos EUA, o “agente laranja” Donald Trump.