
O guia Bruno Galvão se preparava para descansar na rede, depois de uma trilha sob sol escaldante, quando recebeu a ligação do amigo João Paulo, com quem aprendeu a arte do ofício. Ele queria avisá-lo que Cecília Licarião, diretora do projeto Aves de Noronha, havia deixado uma mensagem importante no grupo de Whatsapp. Leke (Alexandro Ferreira) – outro guia nativo da ilha -, tinha avistado uma ave “que ele nunca viu, do tamanho de uma cocoruta!”, na Praia do Sancho.
Trata-se de uma ave migratória, nativa e amplamente distribuída na América do Norte, América Central e Noroeste da América do Sul. Seu nome popular é Sanhaço-escarlate.
“A maioria dos registros dessa ave na Amazônia são no Acre, também tem dois no Amazonas, além de um no Rio Grande do Norte e outro em Itacaré, na Bahia”, conta Bruno. Agora, ela está registrada no WikiAves, também em Fernando de Noronha.
Para a especialista, é muito complicado dizermos que a espécie Piranga olivácea não é do Brasil. “As espécies migratórias são do mundo! Elas têm as rotas migratórias bem estabelecidas, mas isso não quer dizer que essa espécie não vá acabar pousando, entrando em novas áreas, se perdendo e encontrando novas áreas para repousar”.
O avistamento e o registro do Sanhaço-escarlate reforçam a importância da riqueza biodiversa do arquipélago de Fernando de Noronha. “Um pedacinho de terra no meio do oceano, super suscetível a rajadas de vento, o que possibilita que uma espécie possa chegar de uma forma ou de outra, principalmente espécies migratórias”, relata Cecília.