COP30: delegações demonstram preocupação com questões logísticas em Belém

Preços altos de hospedagem seguem preocupando negociadores e observadores do exterior, enquanto o governo corre para lançar plataforma online de reservas.
22 de junho de 2025
cop30 delegações
Isabela Castilho/COP30 - Montagem ClimaInfo

As preocupações com os altos preços das hospedagens em Belém tiveram destaque em Bonn, na Alemanha, onde acontecem as negociações preparatórias para a COP30. Segundo a Folha, representantes da sociedade civil e negociadores de vários países criticaram a falta de acesso a opções acessíveis de acomodação, pressionando a presidência brasileira.

Para acalmar os ânimos – e mostrar que não está paralisado diante do desafio logístico enfrentado pela capital paraense -, o Brasil anunciou que lançará, até o fim de junho, uma plataforma oficial de alojamento com 6.000 leitos iniciais, que serão ampliados semanalmente. O compromisso é disponibilizar mais de 29 mil quartos e 55 mil leitos, incluindo cabines em navios de cruzeiro. A organização também busca oferecer diárias em torno de US$ 100 (R$ 550), conforme afirmou Valter Correia, secretário extraordinário da COP30. “Estamos tentando chegar a preços razoáveis, seja lá o que for que isso signifique. Mas sabemos que isso não pode superar os valores praticados no Círio [de Nazaré, maior festividade religiosa do Pará], por exemplo, que é o maior evento e mais impactante da cidade. Então, nada acima disso eu considero razoável”, afirmou Correia em coletiva noticiada pelo Correio Braziliense.

Entretanto, as críticas persistem, especialmente sobre a possibilidade de hospedagem compartilhada, o que poderia prejudicar a participação efetiva em meio a longas jornadas de trabalho. Tasneem Essop, da Climate Action Network (CAN International), destacou que alojamentos inadequados afetam a inclusão e a pontualidade, problema recorrente em COPs anteriores.

Representantes de países latino-americanos, como o Chile, e da União Europeia expressaram preocupação com a exclusão de delegações devido aos custos elevados. E, como a Folha revelou, até mesmo integrantes da organização da COP30 estão enfrentando dificuldades para achar hospedagem em Belém para o evento.

Já o governo federal mantém o discurso de que a questão das hospedagens não será um problema para a COP30. “O presidente Lula acredita que a dimensão simbólica do local é mais importante do que alguns dos obstáculos que teremos que superar nos próximos meses”, afirmou o presidente-designado da COP, embaixador André Corrêa do Lago, citado pelo UOL Ecoa.

Enquanto isso, segundo o Valor, o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, notificou 24 hotéis de Belém, além do Sindicato de Hotéis e Restaurantes da capital do Pará e da vizinha Ananindeua, para que apresentem detalhes sobre sua política de preços durante a Conferência. A medida tem como objetivo investigar possíveis aumentos abusivos ou valores atípicos nas diárias durante o evento.

O Brasil de Fato lembrou que, dos 10 mil novos leitos provisórios que estão sendo preparados para a COP30, nenhum vai dar origem a habitação permanente, já que serão oferecidos em navios transatlânticos que partirão após o evento.

Segundo o Índice FipeZAP, Belém despontou em janeiro de 2025 como a segunda capital com aluguel mais caro do país, com R$ 57,29 por metro quadrado, em decorrência da conferência. De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, a Região Metropolitana da capital paraense tem a maior concentração de favelas do Brasil.

O Globo e Poder360 também repercutiram a saga logística para a COP30 em Belém.

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