Mourão defende compra polêmica de satélite para monitorar desmatamento

mourão satélite

Ontem destacamos aqui as críticas feitas por especialistas à decisão do ministério da defesa de comprar um novo satélite para monitoramento do desmatamento na Amazônia, ao custo de mais de R$ 145 milhões. Como O Globo ressaltou, o valor a ser empenhado na compra desse satélite é 48 vezes maior do que a verba prevista no orçamento de 2020 (R$ 3,03 milhões) para projetos de monitoramento da terra e de risco de incêndios através dos sistemas DETER e PRODES, ambos operados pelo INPE.  Além do alto valor, oe especialistas questionaram a qualidade das imagens e a ajuda efetiva que esse sistema poderá oferecer no combate a crimes ambientais na Floresta Amazônica.

Indagado sobre o tema, o vice-presidente Mourão disse: “Nós temos que ter soberania na questão do domínio de satélites”, reforçando que o novo satélite contará com uma tecnologia capaz de fazer registros de imagem mesmo em áreas com cobertura de nuvens. “Existe satélite japonês, existe satélite de outras nações aí que você compra a imagem, mas não tem soberania. Faz parte do programa espacial brasileiro, está dentro da agência espacial brasileira”.

Essa compra reforça o movimento de militarização do acompanhamento e do combate ao desmatamento e às queimadas sob a gestão Bolsonaro, com um grande volume de recursos sendo destinado ao ministério da defesa, às custas do esvaziamento e do sucateamento de órgãos ambientais e científicos, como o próprio INPE e o Ibama.

Em tempo: Enquanto o governo gasta milhões de reais para descobrir onde acontece o desmatamento, os dados já disponíveis sobre a devastação ambiental no Brasil apontam que o “mapa da destruição” segue sendo o mesmo há décadas. Como o Estadão argumentou em seu editorial de ontem (24/8), “o mais amargo nesse quadro, e particularmente vexatório para o poder público, é que, afora o aumento da intensidade, não há nenhum ineditismo em relação à localização dos focos. Ou seja, os responsáveis são os suspeitos de sempre, apenas atuando com mais impunidade”.

 

ClimaInfo, 25 de agosto de 2020.

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