
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, emocionou-se ao ser aplaudida de pé na sessão plenária de encerramento da COP30, no sábado (22/11). Em seu discurso, Marina voltou a defender o mapa do caminho para superar os combustíveis fósseis, mesmo que o tema não tenha entrado nas decisões finais da conferência de Belém. E ressaltou que a presidência brasileira da COP, que se estende até a COP31, vai trabalhar no tema, informa a Folha.
“Em que pese ainda não ter sido possível o consenso para que esse fundamental chamado entrasse nas decisões desta COP30, tenho certeza de que o apoio que recebeu de muitas partes e da sociedade fortalece o compromisso da atual presidência de se dedicar a elaborar os dois mapas do caminho. Um sobre deter e reverter o desmatamento e outro sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis de maneira justa, ordenada e equitativa”, disse.
A ministra fez um paralelo entre a sensação no fim da conferência de Belém e a Rio-92, evento sobre clima na cidade do Rio de Janeiro e que inaugurou as conferências climáticas da ONU. Para ela, na reunião anterior, também se demandava mais ambição nos resultados alcançados e havia expectativa de que a urgência falaria mais alto do que qualquer outro interesse.
Marina vê continuidade entre os dois eventos, separados por quase 40 anos: “Continuamos capazes de cooperar, de aprender e de reconhecer que não há atalhos e que a coragem para enfrentar a crise climática é resultado da persistência e esforço coletivos”, disse.
A ministra reconheceu que os resultados das conferências do clima da ONU têm ficado aquém do desejado. Mas destacou avanços e manteve o tom de quem continuará defendendo a agenda da sustentabilidade ambiental sem se abater. “Progredimos, ainda que modestamente”, disse.
“Seguimos persistindo no compromisso de empreender a jornada necessária para superar nossas diferenças e contradições no urgente enfrentamento da mudança do clima. Muito obrigada por visitarem a nossa casa, o coração do planeta. Talvez não os tenhamos recebido como vocês merecem, mas recebemos da forma como achamos que é o nosso gesto de amor à Humanidade e ao equilíbrio do planeta”, finalizou a ministra, sob lágrimas.
Valor, O Tempo, Terra, Agência Brasil e g1 também repercutiram o discurso da ministra.
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Em tempo: O presidente Lula voltou a defender - em discurso feito ontem na Cúpula do G20 - os mapas do caminho para o fim dos combustíveis fósseis e do desmatamento:
“Entramos agora numa nova etapa, que exigirá esforço simultâneo em duas frentes:
» Acelerar as ações de enfrentamento da mudança clima
» Nos preparar para uma nova realidade climática
O G20 cumpre papel central em ambas.
O grupo responde por 77% das emissões globais.
É do G20 que um novo modelo de economia deve emergir.
O grupo é um ator-chave na elaboração de um mapa do caminho para afastar o mundo dos combustíveis fósseis.
A COP30 mostrou que o mundo precisa enfrentar esse debate.
A semente dessa proposta foi plantada e irá frutificar mais cedo ou mais tarde.
A mudança do clima não é uma simples questão de política ambiental.
É, sobretudo, um desafio de planejamento econômico.”



