Exxon defende reciclagem química de plásticos e nega greenwashing

Petroleira vende tecnologia como solução para a crise de resíduos plásticos; pressão acontece desde o acordo global até a legislação nos EUA e na UE.
26 de novembro de 2025
poluição por plásticos
Dmitriy from Pixabay

A petrolífera estadunidense ExxonMobil tem agido em diversas frentes para defender a reciclagem química de plástico, prometendo que o método é a solução para a crise da crescente poluição por esses resíduos no planeta. Mas, para ambientalistas, é só greenwashing. O que, diante do histórico da Exxon em esconder e negar a responsabilidade da indústria de petróleo e gás pela crise climática, tem tudo a ver.

A articulação da petrolífera foi vista na tentativa de um acordo global contra a poluição plástica, que teve nada menos do que sete reuniões globais para buscar acordo comum para uma das três grandes crises ambientais atuais. Acontece também nos Estados Unidos e na União Europeia, para que legisladores mudem regras que, segundo a Exxon, liberariam centenas de milhões de dólares em investimento na “reciclagem química”.

A insistência da empresa na argumentação falaciosa da reciclagem não é por acaso. É [mais] uma tentativa de afundar um acordo para limitar a produção de plástico no mundo. Segundo a ONU, cerca de 2 mil caminhões de lixo de plástico são despejados nos oceanos, rios e lagos do mundo todos os dias.

É por isso que a tecnologia é contestada por ambientalistas e cientistas. Eles afirmam que a reciclagem química da Exxon usa incineração, gera poluição do ar e produz mais combustível a partir dos resíduos do que plásticos reciclados, explica a Folha.

Em setembro, a Exxon suspendeu planos de investir 100 milhões de euros (R$ 623 milhões) em duas fábricas de reciclagem química na Bélgica e na Holanda. A petrolífera culpou regras preliminares da UE, que, segundo a empresa, tornariam as plantas antieconômicas.

Financial Times e Vero Notícias lembram que a Exxon ainda trava uma batalha judicial com o estado da Califórnia, justamente por greenwashing. O Estado processou a petrolífera em 2024 alegando que ela enganou o público por décadas ao sugerir que o plástico que produzia seria reciclado. Vários grupos ambientalistas se juntaram ao caso, salientando que mesmo quando produtos são rotulados como recicláveis, apenas 5% deles são reciclados nos EUA.

Em resposta, a Exxon nega greenwashing e está processando o grupo por difamação. O processo inclui como réu o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta.

  • Em tempo: O governo do Reino Unido recuou em investir no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), e prepara um novo plano para permitir mais perfurações para exploração de petróleo e gás fóssil no Mar do Norte. A estratégia de permitir novas perfurações "vinculadas" a campos existentes foi apresentada em setembro pelo Partido Trabalhista, do primeiro-ministro Keir Starmer, informa a BBC. Além da “forcinha” que deve receber do governo para ampliar a exploração, a indústria de petróleo e gás pressiona por mudanças no imposto sobre lucros extraordinários que, segundo ela, vem prejudicando gravemente o setor. Uma reclamação típica de acionistas insatisfeitos com os dividendos que recebem da suja atividade.

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