Incêndios no Pantanal colocam Brasil no topo do ranking de fogo na América do Sul

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País registra mais de 7,2 mil focos de calor até o dia 19 de junho, puxados principalmente pelo crescimento de 2.951% do índice no Pantanal.

O Brasil lidera – e de longe – o ranking de junho de ocorrência de fogo em vegetação entre os países da América do Sul. De acordo com informações do Programa BDQueimadas, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o país registrou 7.214 focos de calor entre os dias 1º e 19 deste mês, três vezes mais do que o segundo colocado, o Paraguai (2.334). Bolívia (1.935), Argentina (1.446) e Peru (335) completam o top cinco.

A disparada dos casos no Brasil está diretamente relacionada à alta dos registros de fogo no Pantanal. Nos primeiros 19 dias de junho, os focos cresceram 2.951% no bioma em relação ao mesmo período no ano passado. O segundo bioma com a maior alta de casos em junho é a Mata Atlântica, com crescimento de 93% no número de focos, seguida pela Caatinga (+38%), Cerrado (+23%) e Amazônia (+11%). O único bioma com queda observada é o Pampa (-45%). g1, ((o)) eco e SBT abordaram essas informações.

O aumento da ocorrência de fogo reflete as condições mais secas que predominam na maior parte do Brasil nos últimos meses. Enquanto o Rio Grande do Sul ainda vive os efeitos das chuvas históricas que provocaram a pior tragédia climática da história do Brasil, a escassez de chuvas na Amazônia e no Pantanal durante a temporada úmida deixaram os biomas expostos ao risco de incêndios agora, em plena temporada seca.

A situação do Pantanal é particularmente preocupante. Como o g1 destacou, o número de focos registrados no bioma em 2024 já supera o de 2020, antes o ano recorde, com alta de 8% na comparação dos dois anos. Entre 1º de janeiro e 19 de junho, foram registrados 2.571 focos de calor no Pantanal, acima dos 2.365 observados há quatro anos.

No acumulado dos últimos 12 meses, a gravidade da situação pantaneira é ainda mais evidente. De acordo com o INPE, 9.014 focos foram identificados entre a segunda quinzena de junho de 2023 e a 1ª quinzena do mesmo mês de 2024. O número é sete vezes superior ao registrado nos 12 meses anteriores (1.298). A Agência Brasil deu mais detalhes.

A CNN Brasil informou que o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima encaminhou um parecer no qual reconhece a possibilidade de incêndios em 2024 superarem a devastação observada em 2020 no Pantanal. O documento traz também alguns pedidos de apoio para o enfrentamento da crise, como a recomposição do orçamento da pasta e a liberação de crédito extraordinário para ações emergenciais nos próximos 60 dias.

A questão orçamentária é chave para evitar o pior no Pantanal, especialmente por conta das reduções impostas pelo Congresso Nacional no orçamento de 2024 para ações de prevenção e combate ao fogo. Como assinalado pelo g1, os parlamentares reservaram somente R$ 104,7 milhões para essa tarefa no ICMBio, quase R$ 40 milhões a menos do que o valor definido em 2023 (R$ 144,1 milhões).

Além de recursos, falta também apoio aéreo para o transporte dos brigadistas. Segundo a Folha, as equipes não contam com aeronaves suficientes para fazer o deslocamento rápido, forçando-as a recorrer a outros modais menos ágeis, como viagens de barco ou de carro. No Mato Grosso do Sul, o IBAMA conta com apenas uma aeronave; já o governo do estado possui dois aviões para o combate às chamas, além de três helicópteros operados pela Polícia Militar.

 

 

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ClimaInfo, 24 de junho de 2024.

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