#ClimaInfo, 6 de outubro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

GOVERNO NEGA MP SOBRE ARRENDAMENTO DE TERRAS INDÍGENAS

 

Ontem o deputado ruralista Heinze disse que Temer prometeu assinar uma medida provisória autorizando o arrendamento de terras indígenas. Antes de tomar as flechadas que uma iniciativa como essa merece, a Secretaria de Comunicação da Presidência se apressou em soltar uma nota esclarecendo que houve a conversa, mas que “não é verdade que o governo esteja preparando a publicação de uma Medida Provisória que liberará o arrendamento de terras indígenas”.

https://istoe.com.br/governo-nega-ter-prometido-a-ruralistas-arrendar-terras-indigenas/

 

O TAPAJÓS NA PAUTA DO THE GUARDIÃ

 

Jonathan Watts escreveu um longo artigo no The Guardian contando a viagem que fez pelo Tapajós e as conversas que teve com ribeirinhos e indígenas. Watts descreve o leque de projetos para a região: a BR-163, a Ferrogrão e a combinação de hidrelétricas com uma hidrovia pelo rio e as pressões para viabilizar o corredor de soja para a China. Pegando um exemplo chinês, o da rápida, desordenada e suja industrialização ao longo rio Yangtzé, Watts diz que “A Yangtzeficação do Tapajós está num futuro distante, mas plenamente factível”.

https://www.theguardian.com/world/2017/oct/05/brazil-amazon-tapajos-hydrovia-scheme

 

FUNDO DO CLIMA ALOCA US$ 500 MILHÕES PARA AÇÕES CONTRA O DESMATAMENTO

 

O Fundo Verde do Clima (Green Climate Fund) anunciou que dedicará cerca de US$ 500 milhões para projetos de conservação de florestas e manguezais. O Fundo foi criado pelas Nações Unidas para apoiar países em desenvolvimento a lidarem com as mudanças do clima. O foco dessa decisão cai sobre projetos REDD (sigla do inglês de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal). O Brasil está se candidatando a quase um terço dessa verba por ter reduzido, no passado deve-se dizer, o desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Se vier, reforça a posição dos últimos governos que buscaram receber aportes por esforços voluntários praticados e que tiveram resultados mensuráveis. O grande exemplo dessa visão é o Fundo Amazônia, que trouxe US$ 2 bilhões e que foi fundamental para a realização do CAR na região Amazônica, mas que, até agora, não evitou o desmatamento. Isto se contrapõe às organizações e estados que desejam que os projetos REDD façam parte dos mercados de carbono, inclusive internacionais. Comentamos recentemente o projeto de REDD da nação Suruí que trouxe recursos diretamente para os índios, mas que acabou sendo inviabilizado por disputas internas à comunidades. Se o Brasil emplacar seu pedido, falta muito para se saber onde e como esse dinheiro será usado.

http://www.observatoriodoclima.eco.br/fundo-clima-dara-us-500-mi-para-combater-desmatamento/

https://blog.conservation.org/2017/10/new-climate-funding-pays-to-protect-forests/

 

OBAMA EM SÃO PAULO FALA DE CLIMA E DE CONCENTRAÇÃO DE RENDA

 

Este ano, “vimos uma temporada arrasadora de furacões. E a tendência é de furacões mais fortes, de mais secas, de mais inundações. Isso é ciência”, disse Barack Obama hoje, na capital paulista, em palestra para empresários e clientes no “Fórum Cidadão Global”, evento promovido pelo jornal Valor Econômicoe pelo Santander/Aadvantage. Ele disse não ter problemas com quem acha que não deve fazer nada a não ser se adaptar às mudanças climáticas, mas “ligo, sim, se você me disser que a temperatura do planeta não está aumentando. Porque 98% dos cientistas dizem que está aumentando”, em clara alfinetada ao negacionismo de Donald Trump. Obama, talvez se lembrando de onde estava, também falou que “em um mundo em que só 1% controla a riqueza, não haverá estabilidade política”. Além dele, participam do evento o jornalista Martin Wolf, colunista do Financial Times, e o professor Robert Salomon, da Stern School of Business da New York University.

https://oglobo.globo.com/economia/em-sao-paulo-obama-critica-ascensao-da-xenofobia-do-populismo-21910612

http://www.valor.com.br/internacional/5146384/obama-e-preciso-garantir-que-nova-economia-funcione-para-todos

http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,obama-faz-palestra-para-lideres-empresariais-em-sao-paulo,70002027985

 

CONSULTOR USA O CARRO ELÉTRICO PARA DEFENDER O ETANOL

 

Plínio Nastari escreveu um artigo estranho no Valor de ontem sobre a tendência mundial de adotar os veículos elétricos. Ele lembra, com razão, que a eletricidade não pode ser considerada uma fonte limpa se houverem muitas térmicas a carvão alimentando o sistema. Nastari acha que os elétricos a bateria não são tão amigos do clima e do ambiente quanto os a biocombustíveis. Ele defende carros a etanol e os híbridos a biocombustível, aqueles que usam motores elétricos alimentados por células de combustível. No final, Nastari dá a entender que está falando do mercado automotivo brasileiro. Esquecendo, talvez, que nossa matriz elétrica tende a ser cada vez mais renovável, jogando um pouco de areia no seu próprio argumento, segundo o qual o elétrico polui mais. Plínio Nastari é uma figura conhecida entre os empresários ligados à produção de açúcar e etanol no país.

http://www.valor.com.br/opiniao/5145738/uma-outra-eletrificacao-para-mobilidade#

 

TRUMP DEVE SE DESFAZER DA POLÍTICA CLIMÁTICA DE OBAMA

 

Já circulam os documentos que dizem como o governo Trump pretende jogar fora as regulações climáticas instituídas no final do governo Obama. A dúvida é sobre o que Trump vai colocar no lugar, ou se vai seguir o pessoal mais à direita e simplesmente apagar tudo. Trump deveria ter anunciado o pacote no começo da semana, mas o massacre em Las Vegas atraiu todas as manchetes e ele deixou para outro dia.

 

Enquanto isso, a montagem do 2o escalão da EPA (agência de proteção ambiental) continua um circo de horrores, com os nomes tendo que ser aprovados pelo Senado. O futuro diretor de Ar e Radiação diz que não conhece os dados sobre o aquecimento global e, principalmente, o papel das emissões antrópicas. Como outros tantos, ficou repetindo que não se tem certeza sobre a responsabilidade humana, mesmo quando confrontado com dados da NASA. O moço declarou simploriamente que não sabe o que acontece na atmosfera. Já o futuro diretor de Químicos e Pesticidas é um advogado que moveu centenas de processos contra as regulações dessas substâncias que buscam proteger a saúde e o ambiente. Senadores democratas que o sabatinaram exigiram que ele prometesse não participar de decisões que dissessem respeito às substâncias que ele tinha defendido. Ele se recusou. Raposa no galinheiro é pouco para descrever o moço.

https://www.reuters.com/article/us-usa-epa-carbon-exclusive/trump-epa-to-propose-repealing-obamas-climate-regulation-document-idUSKCN1C90BY

http://www.independent.co.uk/news/world/americas/us-politics/trump-obama-climate-change-regulations-scrap-plans-cpp-latest-a7983721.html

https://thinkprogress.org/climate-change-is-open-question-e961c602a72b/

https://thinkprogress.org/democrats-oppose-chemical-safety-nominee-d84c383c40ae/

 

MEMBRO DE COMISSÃO REGULATÓRIA DE ENERGIA DOS EUA NÃO QUER CARVÃO

 

O Departamento de Energia baixou uma ordem para o mercado de energia dar um peso maior nos cálculos tarifários para confiabilidade, armazenagem de combustível e resiliência na base. Simplificando, é uma tremenda ajuda para as térmicas a carvão e as nucleares, em prejuízo das renováveis. O que o secretário não esperava era a reação de Robert Powelson dizendo que não vai destruir o mercado de energia. Num evento de uma das empresas de transmissão, ele disse que “os mercados funcionaram bem e vão continuar a funcionar bem”. Ele é um dos três membros da Comissão Federal Regulatória de Energia, uma das peças cruciais para que a instrução do secretário virasse realidade. Powelson ainda acrescentou que respeita a tentativa do secretário, mas que “eu não aceitei essa posição para explodir os mercados”. A empresa de transmissão postou logo antes que “os preços e a segurança energética buscada pelo Departamento de Energia são mais bem alcançados através de mercados competitivos, de modo a prevenir que consumidores paguem por recursos desnecessários e ineficientes”.

http://www.snl.com/web/client?auth=inherit#news/article?id=42186421&cdid=A-42186421-12849

 

AUSTRÁLIA: UM ENORME DESMATAMENTO E O RECORDE DE CALOR

 

Um relatório publicado na semana passada pelo estado australiano de Queensland mostrou um número assustador: foram desmatados 400 mil hectares entre 2015 e 2016, um terço a mais do que no período anterior. Isso corresponde a dois terços do desmatamento na Amazônia no mesmo período. O desmatamento se concentrou ao longo da costa, na área que é conhecida como bacia da Grande Barreira de Corais. Jackie Trad, que ocupa o posto equivalente a vice-governador, disse que “Queensland está retomando o velho hábito de passar o trator em centenas de milhares de hectares de mata e vegetação remanescente para abrir espaço, especialmente para pastos para o rebanho bovino”. Recentemente, o parlamento aprovou uma lei atenuando as exigências de conservação de áreas.

 

Para reforçar as semelhanças com o Brasil, em agosto, em outro estado australiano, um tribunal condenou a 35 anos de prisão um fazendeiro que assassinou um fiscal ambiental em 2014.

 

Ainda na Austrália, o país registrou o mês de setembro mais quente da história, com uma média de 33,5°C, lembrando que isso inclui as noites e o sul do continente, em geral mais ameno. O departamento de meteorologia australiano avisou que a mudança do clima vai ajudar a quebrar esses recordes frequentemente.

https://publications.qld.gov.au/dataset/4dbd1416-52b7-467a-8410-17a70ddf16bf/resource/ff99dd06-4c17-46c7-828f-5cf6e67600dd/download/edocs-5764537-v1-slatsreport2015-16executivesummary.pdf

https://www.theguardian.com/environment/2017/oct/05/alarming-rise-in-queensland-tree-clearing-as-400000-hectares-stripped

https://www.theguardian.com/australia-news/2017/aug/18/murdered-environment-officers-family-says-land-clearing-law-change-would-diminish-his-life

https://www.theguardian.com/australia-news/2017/oct/05/sweltering-september-smashes-australias-temperature-records

 

PARA CONSULTAR

 

ÍNDICE GLOBAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR

 

Acaba de sair o Global Food Security Index da Economist Intelligence Unit 2017. O índice foi elaborado a partir de 28 indicadores organizados em três pilares: acessibilidade, disponibilidade e qualidade & segurança. As tabelas cobrem 113 países. Eles adicionaram mais uma categoria para avaliar a exposição aos impactos da mudança do clima e como cada país está se adaptando a esses riscos. O relatório e as tabelas podem ser baixados no link abaixo.

http://foodsecurityindex.eiu.com/

 

PARA IR

 

SEMINÁRIO METROPOLITANO SOBRE GOVERNANÇA DE RISCO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – 9 e 10 de outubro

 

Nas próximas 2a e 3a feira, a UFABC promove um seminário para debater as ações e pesquisas necessárias para a construção de um Plano Metropolitano de Adaptação às Mudanças Climáticas frente a desastres “naturais”. Imperdível para quem estuda e trabalha com os riscos advindos dos eventos climáticos extremos. A programação e o link para as inscrições estão nos links abaixo. http://reitoria.ufabc.edu.br/eventos/evento/seminario-metropolitano-sobre-governanca-de-risco-e-adaptacao-as-mudancas-climaticas-09-e10-outubro-2017/

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf7MtpYA0-ntY9SEMPdqlIJuhukRc4IRgaaU19NI87Dc_GIRQ/viewform

 

SEMINÁRIO SOBRE O IMPACTO DO DESMATAMENTO ZERO NO BRASIL – 30 de outubro

 

Organizado pelo Insper, pelo Instituto Escolhas e a Folha de S. Paulo, o seminário vai debater o impacto do desmatamento zero no Brasil, seus aspectos sociais, ambientais e econômicos. Participam: Ana Toni (Instituto Escolhas), Murilo Bussab (Folha), Luiz Fernando Guedes Pinto (Imaflora), Guerd Sporavek (ESALQ), Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho (ESALQ), Sylvia Coutinho (UBS Brasil), Marcos Lisboa (Insper), Marcelo Vieira (Sociedade Brasileira Rural), Sérgio Leitão (Instituto Escolhas) e Marcelo Leite (Folha).

 

No dia 30 de outubro pela manhã, no auditório do Insper. Mais informações e inscrição no link:

https://www.insper.edu.br/agenda-de-eventos/seminario-qual-e-o-impacto-do-desmatamento-zero-no-brasil-aspectos-sociais-ambientais-e-economicos/

 

PARA NÃO PERDER

 

SERRA DA CAPIVARA – HOMEM E TERRA

 

Exposição sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara onde ficam as pinturas rupestres mais antigas encontradas até agora no Brasil. Nas palavras da antropóloga e batalhadora incansável pelo Parque, Niède Guidon, “A Serra da Capivara é incomparável e o brasileiro deve se apropriar disso”.

 

A exposição abriu no último de 3 e fica até 18 de janeiro. A entrada é gratuita.

 

No CRAB SEBRAE, na Praça Tiradentes, 69, no centro do Rio de Janeiro.

https://oglobo.globo.com/rioshow/desde-os-primordios-tempos-21905942 http://g1.globo.com/pi/piaui/bom-dia-piaui/videos/t/edicoes/v/exposicao-serra-da-capivara-homem-e-terra-e-aberta-no-rio-de-janeiro/6192961/

 

PARA VER

 

GUARDIÃS DA FLORESTA

 

No CineBrasilTV está passando uma série de documentários para TV chamada Guardiãs da Floresta. São 10 episódios recuperando a história de vida de lideranças femininas da floresta: os desafios que enfrentaram como mulheres para se transformarem em lideranças, os problemas socioambientais que buscaram enfrentar com suas ações, os objetivos dos movimentos que lideram, o que imaginam para futuro e sua noção de desenvolvimento sustentável. A primeira temporada, que conta com guardiãs como Joênia Wapixana e Dona Dijé. A direção é de Betse de Pala. Assista o trailer em: https://vimeo.com/158391106

http://www.cinebrasil.tv/index.php/series/?serie=GDF

http://auroracinematografica.com.br/index.php/guardias-da-floresta/

 

PARA PARTICIPAR

 

CONSULTA SOBRE QUAIS INFORMAÇÕES AMBIENTAIS DEVEM SER PÚBLICAS

 

Um grupo de organizações ambientais composto pelo ImafloraImazon, ICV, Observatório do Código Florestal e Artigo 19 está realizando uma consulta a respeito das informações ambientais que devem estar à disposição da sociedade. O questionário aborda temas como, combate ao desmatamento, unidades de conservação, regularização ambiental, concessões florestais e licenciamento ambiental.

 

A consulta foi estendida até 15 de outubro e é parte do compromisso “Dados Abertos e Transparência Ativa em Meio Ambiente”. O resultado da pesquisa será um subsídio importante para a elaboração, no final de 2017, de um plano de ações específicas para o aprimoramento da transparência ambiental dos órgãos federais.

 

Para o Imaflora a transparência, o acesso à informação e a abertura de dados ambientais são fundamentais para o desenho de soluções para as diversas questões ambientais. Disponibilizar dados permite a criação de políticas ambientais públicas e privadas mais efetivas.

 

A consulta está no SurveyMonkey abaixo e mais informações no site do Imaflora.

https://pt.surveymonkey.com/r/ZFX3MZN

http://imaflora.blogspot.com.br/2017/09/consulta-quer-subsidiar-acoes-de.html