DESMATAMENTO FAZ FLORESTAS TROPICAIS PERDEREM MAIS CARBONO DO QUE ABSORVEREM
Fernando Reinach escreveu no Estadão no final de semana sobre um trabalho que estimou o balanço de carbono das florestas tropicais mundiais entre 2003 e 2014.
A partir de fotos de satélite, pesquisadores estimaram que anualmente, em média, as florestas retiraram da atmosfera e fixaram 436 milhões de toneladas de carbono na forma de caules, troncos, galhos e folhas. E devolveram quase o dobro para a atmosfera, 861 milhões de toneladas. Do saldo de quase 430 milhões de toneladas, dois terços vêm da atividade humana de destruição das florestas.
O Brasil, sozinho, é responsável pela emissão de entre 200 a 300 milhões de toneladas de carbono.
http://science.sciencemag.org/content/early/2017/09/27/science.aam5962
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,pulmao-do-planeta,70002054865
HIDRELÉTRICAS AMAZÔNICAS IMPACTAM VEGETAÇÃO NAS PROXIMIDADES DAS REPRESAS
Em um trabalho que acaba de sair na Plos One, cientistas estudaram o impacto das hidrelétricas amazônicas sobre a vegetação próxima às represas. Até então, contava-se a perda de cobertura florestal apenas nas áreas alagadas.
Normalmente, o espaço da floresta, os nutrientes, água e luz do Sol disputados entre espécies de árvores, cipós e trepadeiras é ocupado predominantemente pelas árvores. Já nas ilhas, os cipós acabaram predominando. Isso também ocorre nos fragmentos florestais formados pela abertura de pastagens ou introdução de lavouras. O conteúdo de carbono dos cipós é menor do que o das árvores da floresta original. Assim, a liberação de carbono para a atmosfera provocada pelas hidrelétricas aparenta ser bem maior do que o indicado pelos cálculos feitos até hoje.
O estudo focou no lago da usina de Balbina, na margem esquerda do Amazonas e nos fragmentos florestais que ficaram ilhados quando a represa encheu.
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0185527
https://phys.org/news/2017-10-impact-amazonian-hydropower-significantly-underestimated.html
CRISE DO SETOR ELÉTRICO VAI AUMENTAR AS CONTAS DE ENERGIA E PODE ATRAPALHAR RETOMADA DA ECONOMIA
De um lado, as chuvas estão abaixo do esperado, de outro, o setor elétrico está às voltas com bilhões de reais travados na justiça. Para completar, o linhão que liga as usinas de Jirau e Santo Antônio aos centros consumidores no Sudeste foi construído onde não devia, o que, além de custar mais algumas dezenas de milhões de reais para consertar, deixará, por um tempo, a rede nacional sem metade da energia que as usinas poderiam gerar.
Assim, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) está estudando mais uma vez aumentar a conta de luz.
Economistas que participaram de um seminário na FGV acham que esse aumento pode frear a retomada da economia brasileira e aumentar o índice de inflação no ano que vem.
http://www.valor.com.br/brasil/5165086/aneel-revisa-calculos-e-preco-de-energia-pode-subir#
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,falha-limita-geracao-de-usinas-do-madeira,70002056408
http://www.valor.com.br/brasil/5162808/custo-da-energia-tera-impacto-sobre-retomada-em-2018#
AINDA SOBRE O DESCONTO DE 60% NAS MULTAS DO IBAMA
No comentário que fizemos ontem sobre o decreto presidencial que dá até 60% de desconto nas multas por crimes contra o meio ambiente, transcrevemos a opinião crítica do G1 segundo a qual a medida poderá agradar a bancada ruralista na Câmara dos Deputados.
Não foi só o G1 que desconfiou das intenções do decreto. Frustrada com a repercussão negativa do anúncio, a presidente do Ibama, Suely Araujo, ligou para o jornalista André Trigueiro para esclarecer o decreto e seus antecedentes.
No link abaixo, Trigueiro expõe à rádio CBN os esclarecimentos recebidos do Ibama.
O ETANOL DO ALOYSIO E DOS EUA
Aloysio Nunes Ferreira, ministro das relações exteriores, escreveu um artigo no Estadão de ontem sobre a importância dos biocombustíveis, principalmente os nacionais, para um futuro de baixo carbono, aproveitando projeções feitas em estudos de 2016 da Irena (Agência Internacional de Energia Renovável).
Aloysio promove o etanol nacional fazendo uma ponte para o desenvolvimento da segunda geração, a que produz o biocombustível a partir da celulose. Ele ainda fala da Plataforma para o Biofuturo, do Programa RenovaBio e escreve que “sem a utilização em larga escala da bioenergia não será possível atingir as metas de Paris”.
Enquanto isso, Trump foi envolvido em uma briga entre o pessoal do etanol e o do petróleo.
Ainda em campanha, no estado-chave de Indiana, Trump repetiu várias vezes que não mexeria no teor de etanol na mistura com a gasolina. Agora, com Trump precisando muito do apoio de todo e qualquer republicano, os de Indiana foram cobrar a fatura e fizeram o presidente prometer que a EPA (Agência de Proteção Ambiental) manterá a mistura como está. Só que isso vai contra os interesses do diretor Scott Pruitt, ardoroso defensor dos fósseis. E o lobby das petroleiras já entrou em ação pressionando Pruitt e Trump.
Uma das saídas honrosas seria incluir as exportações de etanol na cota destinada a cumprir o percentual definido da mistura.
Em tempo: o maior mercado consumidor das exportações do etanol norte-americano é o Brasil.
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-diplomacia-do-biofuturo,70002056467
https://www.axios.com/the-ethanol-empire-strikes-back-2499084560.html
http://www.irena.org/DocumentDownloads/Publications/IRENA_Boosting_Biofuels_2016.pdf
A DIFÍCIL TAREFA DE RESTAURAR O DESASTRE DO RIO DOCE
Daqui a duas semanas completam-se dois anos do rompimento da Barragem do Fundão, das 19 mortes em Bento Rodrigues e da contaminação à jusante da Bacia do Rio Doce. O Valor traz uma longa entrevista com Roberto Waack, diretor-presidente da Fundação Renova, criada para recuperar, restaurar e indenizar todos os afetados pela tragédia. Waack conta o que já foi feito e as limitações com as quais a Renova se depara, muitas vezes pelo andamento da própria legislação.
O plano é ter todas as indenizações discutidas, acordadas e em boa parte pagas até o meio do ano que vem. Waack se pergunta se este “é um prazo aceitável”, para responder a seguir que “pela ótica do indivíduo é uma desgraça. Mas não tenho atalhos para acelerar”.
Para exemplificar os problemas encontrados, Waack cita o exemplo de um pescador que não tinha licença de pesca: se ele declarar o quanto pescava, estará admitindo um crime ambiental; uma situação semelhante é de um areeiro que tinha licença para tirar 10 toneladas de areia por mês, mas que tirava bem mais. Em casos como estes, a posição da Renova é reconhecer o dano sem exigir comprovação. Mas tudo isso leva tempo.
Sobre a reconstrução das vilas e bairros, Waack conta que Barra Longa já está equacionada e que a situação da mais difícil, Bento Rodrigues, tem sido e continua sendo conversada com a comunidade, e que a área onde será construída a nova vila já foi comprada.
A matéria termina com uma avaliação do trabalho: “No geral, tem muita coisa acontecendo, é difícil fazer este balanço. Mas estamos nos 10% do que temos que fazer. Estamos falando de um programa de dez anos”.
A Folha de S.Paulo traz duas matérias falando com moradores das vilas atingidas e os problemas que estes enfrentam.
http://www.valor.com.br/brasil/5165082/reconstrucao-apos-desastre-da-samarco-esbarra-em-entraves#
http://www.valor.com.br/brasil/5165084/dano-social-e-sempre-mais-demorado-para-recuperar-diz-comite#
GOVERNO ESPERA GANHAR R$ 8 BILHÕES COM OS LEILÕES DO PRÉ-SAL DESTA SEMANA
Os dois leilões da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) de áreas para exploração do pré-sal acontecem nesta 5a feira, 26. O governo espera que os lances totalizem R$ 7,7 bilhões.
Ontem escrevemos, erroneamente, que os leilões seriam no dia 27.
http://www.valor.com.br/brasil/5165094/leiloes-de-areas-do-pre-sal-podem-render-r-77-bi-ao-governo#
EPA DIZ QUE EMPRESAS FÓSSEIS NÃO POLUEM E PROÍBE IDA DE CIENTISTAS A REUNIÃO SOBRE IMPACTOS CLIMÁTICOS
Scott Pruitt, diretor da EPA (Agência de Proteção Ambiental norte-americana) disse que as empresas de petróleo e carvão não são poluidoras, respondendo a cobranças feitas por organizações da sociedade civil americana de que ele se reúne constantemente com o lobby fóssil. Ele disse que os vê como stakeholders na agenda da Agência.
Pruitt questionou o significado de se ser um ambientalista, dizendo que o termo se aplica aos fazendeiros e criadores que vivem da terra: “aqueles fazendeiros e criadores do Iowa ou da Dakota do Norte, seriam eles menos ambientalistas ou conservacionistas porque não fazem parte de alguma associação? Quero dizer que eles são nossos primeiros ambientalistas. Seu maior ativo é sua terra”.
Difícil dizer se ele combinou alguma coisa com o ministro Maggi que escreveu a mesma coisa no Estadão no final de semana.
Ao mesmo tempo, a EPA proibiu seus cientistas de participarem de uma conferência onde seriam discutidos os impactos da mudança do clima, particularmente da subida do nível do mar numa importante baía entre Nova York e Boston. Um professor da Universidade de Rhode Island disse que isto “é um exemplo gritante da censura científica que suspeitávamos que iria ser imposta dentro da EPA”.
http://time.com/4990060/scott-pruitt-interview-epa-schedule-meetings/
https://www.nytimes.com/2017/10/22/climate/epa-scientists.html
PETRÓLEO NO ÁRTICO DO ALASCA VIROU MOEDA DE BARGANHA NO CONGRESSO AMERICANO
Trump tem que barganhar a cada dia para tentar convencer a velha guarda republicana a apoiá-lo, principalmente depois de não conseguir passar sua política de saúde para substituir a de Obama. Para conseguir aprovar seu orçamento para 2018, ele está unindo o útil com a vontade de detonar.
Uma das últimas áreas preservadas do país, o ártico do Alasca, é objeto de constantes embates entre os que defendem a preservação e os que querem explorar as reservas de petróleo que existem no subsolo e sob o fundo do mar. Até há pouco, existia um apoio suficientemente forte à preservação. Agora, Trump quer juntar os votos dos republicanos do estado para garantir seu orçamento e, de lambuja, ajudar seus amigos fósseis a avançarem sobre a área.
Só que a intenção encontra um problema. O preço do barril parece não ser suficientemente alto para compensar os custos de prospecção e, se der certo, de exploração numa área remota e inóspita. Difícil competir com o Oriente Médio, com o pré-sal brasileiro e, principalmente, muito difícil de competir com as reservas de gás e óleo de folhelho do norte do Texas e do nordeste dos EUA. Como ninguém sabe com razoável certeza o tamanho dos campos petrolíferos, o risco não parece compensar o esforço.
Trump conseguiu aprovar seu orçamento, mas ainda não conseguiu aprovar a abertura das áreas árticas.
TUFÃO LAN CAUSA SETE MORTES E MUITOS DESLIZAMENTOS NO JAPÃO
O tufão Lan atingiu as costas do Japão e avançou até Tóquio ontem na categoria 2. O sistema de transporte parou com cancelamento de trens e voos por conta de ventos que chegaram a quase 200 km/h e de uma tempestade que despejou 800 mm de água em menos de dois dias. Sete pessoas morreram em deslizamentos, enxurradas e enchentes. O Lan foi o 21o tufão desta estação.