ClimaInfo, 11 de maio 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

ELETROBRAS: RELATÓRIO DA MP REPERCUTE MAL E PL TAMBÉM TEM JABUTIS

O relatório da MP da privatização da Eletrobras aprovado ontem pela comissão especial pegou mal em vários fóruns. As críticas se concentraram na quantidade de jabutis que nada têm a ver com a Eletrobras, com destaque para a criação do Dutogas, que usa dinheiro da educação e da saúde, e para as várias mexidas que aumentam a conta de luz. O deputado relator, Julio Lopes, que é da turma do ex-governador Sérgio Cabral e está fortemente envolvido nas investigações da Lava Jato, acredita que é possível levar o relatório a votação no plenário daqui a duas semanas. Quem ficou contente com isso tudo é o governo e a direção da Eletrobras, que estão fazendo de tudo para vender vários pedaços da empresa e arrecadar R$ 8 bilhões só com a venda das distribuidoras do grupo.

Um outro projeto de lei que tramita pelo congresso também busca dar sustentação à privatização da Eletrobras. O relator, José Carlos Aleluia, também está criando jabutis: ontem anunciou que aumentou de R$ 9 bilhões para R$ 15 bilhões os recursos destinados a ações de revitalização da bacia hidrográfica do São Francisco ao longo dos 30 anos de novas concessões das usinas hidrelétricas detidas pela Eletrobras.

http://www.valor.com.br/opiniao/5515241/eletrobras-dutobras-e-o-jaboti#

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2018/05/a-baixa-na-alta.shtml

http://www.valor.com.br/politica/5513937/relator-preve-votar-mp-da-eletrobras-no-plenario-da-camara-em-15-dias#

https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2018/05/10/eletrobras-espera-ter-quase-r8-bi-com-mp-814-ve-leilao-de-distribuidoras-em-junho.htm

http://www.valor.com.br/brasil/5515503/venda-da-eletrobras-eleva-verba-para-o-sao-francisco#

 

HIDRELÉTRICA SANTO ANTÔNIO À BEIRA DA FALÊNCIA PODE LEVAR CONSUMIDOR A PAGAR O PATO

No atual modelo do sistema elétrico, uma usina que deixa de gerar o que prometeu à Aneel tem que comprar energia no mercado ou pagar uma multa bem salgada. A mega usina de Santo Antônio está à beira da falência por conta de uma dívida acumulada de mais de R$ 700 milhões gerada pela indisponibilidade de algumas de suas turbinas a tempo de entregar a energia prometida. A empresa diz que só tem R$ 27 milhões em caixa comprometidos com o serviço da dívida. Avisou também que os sócios não têm condições de aportar mais capital. A empresa entrou na justiça pedindo a renegociação e o parcelamento desta dívida, já avisando que, caso contrário, ela quebra.

Detalhe 1: a Eletrobras é sócia com 39% do capital, a Odebrecht com 29% e a Andrade Gutierrez com 12%. Do noticiário policial que envolve as duas últimas, dá para inferir que estas não têm como ajudar a usina.

Detalhe 2: se a empresa quebrar, entre custos adicionais e multas vai sobrar uma conta de R$ 26 bilhões a ser rateada entre os consumidores.

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,hidreletrica-de-santo-antonio-declara-risco-iminente-de-quebra,70002301937

 

GARIMPO NA AMAZÔNIA: IBAMA APREENDE QUASE 2 TONELADAS DE MERCÚRIO E GARIMPEIROS DIZEM QUE NÃO SÃO BANDIDOS

Uma operação do Ibama encontrou 1,7 tonelada de mercúrio vinda da Turquia e que tinha como destino os garimpos ilegais de ouro na Amazônia. A empresa que trouxe o mercúrio simulava a venda e o transporte para uma empresa de fachada em Várzea Grande (MT).

Ao mesmo tempo, um grupo de garimpeiros ameaçou fechar a BR-163 em Novo Progresso (PA). Eles fazem uma campanha com o lema “Garimpeiro não é bandido”. Ontem, os garimpeiros desistiram de fechar a estrada. Um grupo deles vai a Brasília acompanhar um projeto de lei que proíbe o Ibama de destruir máquinas e equipamentos apreendidos em garimpos ilegais.

Invadir terra indígena, desmatar a floresta e encher os rios de mercúrio são crimes. Talvez os garimpeiros sejam, ao mesmo tempo, vítimas e bandidos.

https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/ag-estado/2018/05/10/ibama-apreende-17-tonelada-de-mercurio-que-seria-lancada-nos-rios-da-amazonia-por-garimpeiros.htm

http://www.folhadoprogresso.com.br/atencao-garimpeiros-organizam-bloqueio-da-br-163-em-novo-progresso-com-o-lema-garimpeiro-nao-e-bandido/

http://www.folhadoprogresso.com.br/garimpeiros-mudam-de-estrategia-e-nao-fecham-rodovia-br-163/

 

TRANSPORTE DE CARGA POR BICICLETAS

Aos poucos a bicicleta deixa de ser associada ao lazer somente e passa a ser vista por muitos brasileiros como alternativa para a distribuição de pequenas cargas. Driblando as restrições ao transporte de cargas existentes em pelo menos 200 municípios das regiões metropolitanas brasileiras – e os custos adicionais que chegam a 19,7% do custo final da distribuição, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT) – muitas empresas estão se valendo de ciclistas para pequenas entregas. No Bom Retiro, zona central de São Paulo, local cheio de restrições ao transporte de carga, a bicicleta se consolidou como um veículo de entrega. A cada dia são despachadas 2.530 encomendas por bicicleta ou triciclo pelos comerciantes locais. No bairro, trajetos a pé ou pedalados correspondem a 48% do trânsito de mercadorias, enquanto os veículos motorizados representam 25%, segundo o estudo Ciclologística, realizado pela Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) e o Labmob da UFRJ. Victor Andrade, coordenador do Labmob, diz que “a pesquisa mostra um caminho para uma política de transporte mais sustentável e de menor custo”.

http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,bicicleta-e-opcao-ao-transporte-de-carga-em-sp-e-rio,70002302588

 

PAULISTANO: QUER MAIS TEMPO, DINHEIRO E SAÚDE? VÁ DE BIKE

Que diferença faria para você ter R$ 451 a mais na conta todo fim do mês? Do que você abriria mão para ter 90 minutos livres a mais toda semana? Como ajudar a reduzir em até 10% as emissões de CO2 na cidade de São Paulo? A resposta a estas perguntas é pedalável: para milhões de paulistanos, deixar o carro em casa ou trocar o ônibus pela bicicleta oferece benefícios financeiros e mais tempo para o lazer, além de ganhos à saúde. Os dados fazem parte do estudo inédito Impacto Social do Uso da Bicicleta em São Paulo, realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). O estudo se baseia no conceito de viagens pedaláveis: deslocamentos de até 8 km de distância, realizados entre 6h e 20h, por pessoas com até 50 anos. Em São Paulo, 38% do total de viagens diárias feitas por ônibus são “pedaláveis” (aproximadamente 3 milhões de viagens por dia); também são “pedaláveis” 43% das viagens feitas usando carros. O estudo conclui que “a bicicleta tem potencial para produzir impactos extremamente positivos para os habitantes individualmente, bem como para a cidade de modo geral”. Para os indivíduos, “pode produzir uma vivência mais qualificada da cidade, uma apropriação do espaço público mais efetiva por parte da população, bem como uma sensação de segurança maior”.

O Cebrap se concentrou em São Paulo, mas certamente vários dos resultados se aplicam às demais cidades do país. Que tal dar uma olhadinha no Google Maps para ver se os seus trajetos diários são pedaláveis?

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/05/09/politica/1525876469_167766.html

 

NEGOCIAÇÕES CLIMÁTICAS DE BONN NÃO CUMPREM METAS

A ONU confirmou mais uma intersessional climática para a semana de 3 a 8 de setembro em Bangcoc. A rodada adicional é necessária para que se avance no Livro de Regras do Acordo de Paris. Embora a secretária executiva da ONU Mudança Climática, Patricia Espinosa, tenha dito que ficou “satisfeita que algum progresso tenha sido feito” em Bonn, a verdade é que se esperava completar o Livro de Regras já em maio.

A parte boa das negociações de Bonn foi o Dialogo Talanoa, as conversas que visam o fortalecimento dos planos climáticos nacionais. O diálogo foi proposto para abordar três questões: onde estamos, para onde queremos ir e como chegamos lá. A China sugeriu acrescentar uma quarta questão – de onde viemos? – com o que manteve viva a questão das responsabilidades históricas. Entre delegações que aumentaram suas ambições no diálogo estão as de Fiji, da União Europeia, dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), do grupo dos Países Menos Desenvolvidos e de um grupo de oito países do Caribe e da América Latina (AILAC), além das delegações dos 43 países do Climate Vulnerable Forum.

A intersessional de Bonn também deixou a desejar no financiamento climático. Para Mohamed Adow, da Christian Aid, “o silêncio sobre o dinheiro espalha entre os países pobres o medo de seus pares mais ricos não levarem a sério suas promessas”.

http://climainfo.org.br/2018/05/10/onu-marca-nova-rodada-de-negociacoes-climaticas-para-setembro/

http://www.neomondo.org.br/onu-marca-nova-rodada-de-negociacoes-climaticas-para-setembro/

 

BANCOS DE DESENVOLVIMENTO NÃO ESTÃO ALINHADOS A PARIS

Bancos de desenvolvimento, bancos multilaterais e muitos dos bancos nacionais têm um papel fundamental para alavancar a transição para uma economia de baixo carbono. Por ter como missão apoiar países em suas trajetórias de desenvolvimento, deveriam privilegiar cada vez mais as tecnologias mais limpas e sustentáveis. O think tank britânico E3G fez uma análise do desempenho dos bancos de desenvolvimento multilaterais sob a ótica do Acordo de Paris. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) se saiu um pouco melhor. O Banco Mundial e o Banco Europeu de Investimento também não foram muito mal. Mas nenhum deles chegou a induzir transformações decisivas. Segundo o relatório, “estes bancos precisam fazer mais para integrar a mudança climática em todas suas operações para apoiar o cumprimento das metas do Acordo de Paris”. O relatório revela que muitos desses bancos colocam a mesma quantidade de recursos em tecnologias limpas, como as fontes renováveis de energia, quanto colocam em operações fósseis. O estudo também recomendou mais transparência e, interessante, mais cooperação entre os bancos para otimizar a alocação de seus recursos. Finalmente, o relatório destaca que os bancos, para além da disponibilização de recursos, têm que promover e dar suporte às mudanças dos setores produtivos e de infraestrutura, imprescindíveis para limitar o aumento da temperatura global.

https://www.e3g.org/library/banking-on-reform-aligning-development-banks-with-paris-climate-agreement

http://www.climatechangenews.com/2018/05/09/development-banks-not-aligned-paris-agreement-goals-report/

 

BLOCKCHAIN PODE AJUDAR A RASTREAR O QUE COMEMOS E CONSUMIMOS

A tecnologia blockchain é mais conhecida por estar por trás das novas moedas digitais. Sua principal função é manter o registro aberto e transparente dos caminhos percorridos por cada bitcoin ou outra moeda virtual e, assim, garantir sua confiabilidade. Tem gente pensando em usar a tecnologia blockchain para ajudar no combate ao aquecimento global. Por exemplo, o Carrefour está disponibilizando os caminhos percorridos por alimentos nas suas gôndolas e o consumidor só precisa aproximar o celular com um aplicativo para saber de onde vieram os ingredientes, a pegada de carbono e os impactos ambientais que causaram. Outro aplicativo, do WWF, permite descobrir se um produto está ligado à pesca ilegal ou a abusos de direitos humanos. Uma terceira aplicação funciona com a instalação de chips em fornos eficientes distribuídos em regiões pobres. Estes substituem fornos e fogões mais primitivos, normalmente sem chaminé, que empesteiam o interior das casas e causam muitos problemas respiratórios. O chip envia um sinal para a nuvem a cada vez que é acionado e permite que as organizações filantrópicas que bancam esses fornos meçam o sucesso da iniciativa. Se a moda pegar, o consumidor poderá escolher os melhores produtos do ponto de vista ambiental e social.

http://www.dw.com/en/the-blockchain-revolution-comes-to-climate-action/a-43684311

 

HIDROGÊNIO PODE SER SOLUÇÃO PARA ARMAZENAMENTO DE ENERGIA SOLAR E EÓLICA

O Instituto de Engenheiros Mecânicos do Reino Unido fez um trabalho para demonstrar a viabilidade do uso dos excedentes da geração eólica e solar para produzir hidrogênio. Estes excedentes de eletricidade surgem quando, por exemplo, está ventando bastante de madrugada, quando a demanda é baixa. Os engenheiros dizem que a geração renovável está cada vez mais barata, assim como os sistemas de eletrólise que separam o hidrogênio do oxigênio da água. Por meio do estoque deste hidrogênio, quando o vento amaina ou nuvens escuras no céu impedem o bom funcionamento dos painéis solares, basta queimar o hidrogênio para gerar eletricidade e um subproduto chamado água.

http://www.valor.com.br/internacional/5514773/hidrogenio-e-opcao-para-oferta-de-energia-limpa-no-reino-unido#

https://www.theguardian.com/environment/2018/may/09/use-excess-wind-and-solar-power-to-produce-hydrogen-report

 

ONDA DE CALOR NO ÁRTICO PREOCUPA E AFETA A CIRCULAÇÃO DOS OCEANOS

Ainda não começou o verão no hemisfério norte e o Ártico já sofre com uma onda de calor que faz a região perder uma quantidade recorde de gelo. A cada ano, menos gelo se forma. Cientistas agora afirmam com certeza que isso só acontece porque a concentração de CO2 na atmosfera está aumentando. Nos modelos usados, foi possível observar que estas ondas de calor não poderiam ter ocorrido em 1800, antes da revolução industrial começar a queimar carvão e petróleo.

Uma outra pesquisa revelou que, ao perder gelo, o Oceano Ártico está sendo “invadido” pelo Atlântico e pelo Pacífico, que levam águas ainda mais quentes para norte, acelerando o derretimento do gelo ártico. A vazão de águas do Pacífico aumentou 70% na última década.

Uma das consequências deste “jacuzzi” de água quente é que ele freia a Circulação Termoalina, a grande esteira de águas frias e quentes que circula ao redor do globo. Assim, uma das partes dessa circulação, a Corrente do Golfo, vai se encurtando fazendo com que as águas quentes do Caribe deixem de banhar o Norte da Europa, o que fará com que as temperaturas médias desta região caiam.

https://insideclimatenews.org/news/07052018/atlantic-ocean-circultion-slowing-climate-change-heat-temperature-rainfall-fish-why-you-should-care

https://insideclimatenews.org/news/08052018/arctic-heat-wave-climate-change-sea-ice-loss-amplification-north-pole

 

Para ir

CONVERSA COM PAULO ARTAXO SOBRE A MUDANÇA DO CLIMA

Paulo Artaxo, professor da USP e membro do IPCC, conversa sobre o que estamos fazendo com o clima de nosso planeta. A conversa é parte do Pint of Science Festival São Paulo.

Dia 14, às 20h30.

Bar da Avareza, Rua Augusta, 591.

Reservas pelo telefone (11) 3969-0203.

http://pintofscience.com.br/event/mudanas-climticas

 

Para ir

BELIEVE.TALKS COM PAUL HAWKEN, GISELE BÜNDCHEN E CARLOS NOBRE

O autor e ativista Paul Hawken, a top-model e também ativista Gisele Bündchen e o climatologista Carlos Nobre conversam sobre iniciativas poderosas para a conquista de um mundo mais sustentável.

Dia 18 de maio, das 19h às 22h, no MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Av. Pedro Álvares Cabral s/n, Parque do Ibirapuera.

Inscrições no link:

https://app.workr.com.br/LinkOpen.aspx?mid=b496c017-daf1-42f3-9785-ba030eb82b1c&lid=KI/S6/aPjsanFoqBibAnCQ==

 

Para ir

ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE CLIMA E SEGURANÇA

Como parte da série de Diálogos Futuro Sustentável, o evento tratará da interface entre clima e segurança. Um dos painéis abordará as experiências internacionais, como a questão dos refugiados climáticos, os impactos na América Latina e no mundo todo. Outro painel discutirá o tema no contexto brasileiro.

O evento é organizado pelo Instituto Clima e Sociedade, pela Embaixada da Alemanha, pelo Instituto de Relações Internacionais da PUC-RJ e pelo GIP.

Inscrições no primeiro link abaixo, mais informações no segundo.

Dia 18 de maio, de 8:30h às 18h, no Centro de Convenções RB1, na Avenida Rio Branco, 1, Praça Mauá, Rio de Janeiro.

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSc4JFprIDb90yauwZUuy9cq4d9mR8-8OnCclG0N4eIIMtYOsA/viewform

https://www.dialogosfuturosustentavel.org/copy-of-d2-transporte-1

 

Siga o ClimaInfo nas redes sociais: www.facebook.com/climainfo e www.twitter.com/climainfonews