A POLÊMICA VENDA DIRETA DE ETANOL AOS POSTOS DE COMBUSTÍVEL
A Folha de S. Paulo publicou um artigo a favor e outro contra a venda direta de etanol das usinas aos postos de combustível. O presidente da Federação dos Plantadores de Cana diz que as distribuidoras são meras atravessadoras presenteadas com um mercado cativo e que o preço ao consumidor cairá se estas forem eliminadas. Segundo ele, estas empresas também tornam a logística ineficiente, já que o etanol precisa viajar até a distribuidora e dela aos postos. Já o presidente da Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis diz que esta logística foi construída ao longo dos anos e garante que os postos tenham combustível o ano todo, coisa que a venda direta pode comprometer, e que é mais fácil fiscalizar a qualidade dos combustíveis em uma centena de distribuidores do que em cinco centenas de usinas. O risco de sonegação e adulteração é evidente.
Em todo caso, as distribuidoras não desaparecerão, posto que distribuem gasolina e diesel. Aliás, a mistura de 27% de etanol na gasolina é feita nas distribuidoras e nunca nos postos. Estranhamente, ninguém está falando disso. Também o Renovabio foi esquecido, mesmo sendo o único programa energético-climático colocado em marcha por este governo. Os distribuidores são peça chave por terem a obrigação de comprar um volume de créditos de biocombustíveis, os CBios, associado às metas de venda de etanol. Se as usinas venderem o etanol direto aos postos, será muito complicado definir as metas e o programa se esvaziará.
RENOVABIO É PRIMEIRO PASSO PARA REDUZIR AS EMISSÕES DE CARBONO GERADAS PELO CONSUMO DE DIESEL NO TRANSPORTE DE CARGAS
A greve dos caminheiros colocou em evidência a dependência que o país tem do diesel. As emissões dos caminhões correspondem a mais de 20% das emissões nacionais geradas pela queima de combustíveis. Assim, para cumprir os compromissos assumidos junto ao Acordo de Paris, será preciso reduzir significativamente as emissões do transporte rodoviário de cargas. Para o advogado Márcio Pereira, o RenovaBio é o primeiro passo nesta direção. O programa pretende elevar a mistura de biodiesel de 10% para 15%, até 2030, e incentivar os produtores a buscar maior eficiência, premiando-os com a possibilidade de obter e vender os CBios, os créditos de biocombustíveis. Se o programa for para frente.
https://www.valor.com.br/opiniao/5631105/custo-ambiental-do-diesel#
PL DO VENENO: MODERNIZAÇÃO É DISCURSO VAZIO DO AGRO
Bela Gil, Marcos Palmeira e Márcio Astrini argumentam na Folha de S. Paulo contra o projeto de lei que afrouxa o controle dos agrotóxicos dizendo que este não protege a população dos efeitos dos venenos, apenas busca aumentar o lucro dos produtores. O argumento principal dos ruralistas diz que a legislação atual é antiga e é obstáculo à introdução de venenos mais modernos. Porém, escrevem Gil, Palmeira e Astrini, “nas mais de 80 páginas do projeto de lei, não há qualquer regra estabelecendo que apenas poderão ser registrados agrotóxicos mais modernos ou que diminuam o risco ao meio ambiente e à saúde da população. Em momento algum, figura a necessidade de se aprovar apenas produtos de baixa toxicidade. O discurso do moderno é vazio e tem a única serventia de tentar enganar o público”. O relator do PL usa a tese de que lei é “antiga” como seu grande argumento. Ele não cita que essa lei passou por duas modificações desde 1989, sendo que a última foi em 2002, sem que a modernidade fosse posta em questão.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/07/luiz-nishimori-a-salvacao-da-lavoura.shtml
“BRANDALISMO” CONTRA A SHELL
Marcelo Leite escreve sobre o ataque do grupo Brandalism contra a Shell, que usou táticas um tanto quanto vândalas contra a marca (brand em inglês). A empresa usou a imagem de vários artistas pop na campanha “Faça o futuro”. O Brandalism distribuiu cartazes com a imagem destes artistas com olhos pintados de preto e o logo da Shell sobre a boca, o que fez as imagens se assemelharem a caveiras. O grupo também mudou o slogan da campanha para “Salve o futuro” e adicionou a frase “Não caia no conto de relações públicas com popstars”. A Shell foi escolhida por fazer muita publicidade de quão renovável quer ser sem abrir mão de continuar a explorar petróleo e gás natural mundo afora.
PRODUÇÃO DE ETANOL DE MILHO PUXA CULTIVO DE EUCALIPTO
O etanol de milho começa a ocupar cada vez mais espaço na mídia, se não na produção propriamente dita. Dois artigos do Valor falam de problemas que as usinas terão pela frente. O milho atrai porque os produtores estão colhendo duas safras por ano e durante o ano todo, enquanto a cana tem uma entressafra de 3 a 4 meses. A primeira encrenca é justamente a competição pelo grão entre usineiros e produtores de ração animal, tanto para o mercado interno como para o externo. Por ora, esta competição acontece em alguns poucos lugares próximos às usinas. Mas, caso o negócio prospere, a questão pode ganhar relevância. O outro problema das usinas de milho é o vapor usado no processo. Numa usina de cana, queima-se o bagaço para a produção do vapor. Com um pouco de capricho (e investimento) é possível gerar, também, bastante eletricidade. O milho não tem essa vantagem. As usinas estão comprando o bagaço de cana excedente, quando há uma usina por perto, ou comprando e queimando eucalipto. O problema é que o eucalipto vira um competidor à mais pelas terras. A configuração é estranha: milharais entremeados por eucaliptais. A ver se isso fará sentido técnico e econômico.
https://www.valor.com.br/agro/5631119/demanda-do-grao-para-etanol-duplicara#
RISCO CLIMÁTICO AUMENTA JUROS PAGOS PELOS PAÍSES POBRES
Pesquisa da Imperial College Business School mostra que os países mais vulneráveis à mudança do clima já estão pagando juros mais altos pelos empréstimos que tomam. Dentre outros países, os pesquisadores estudaram os casos de Gana, Tanzânia, Quênia, Bangladesh e Vietnã, e revelaram que “os países em desenvolvimento mais vulneráveis já desembolsaram mais de US$ 40 bilhões em juros adicionais sobre as dívidas de seus governos por conta da sua exposição aos riscos climáticos. E isso vai obrigá-los a um custo adicional de US$ 168 bilhões na próxima década”.
https://www.ft.com/content/18103b92-7ae6-11e8-bc55-50daf11b720d
https://twitter.com/i/web/status/1013712831924056064
RECORDE DE GERAÇÃO DE ELETRICIDADE RENOVÁVEL NA ALEMANHA
A geração elétrica renovável na Alemanha bateu mais um recorde. Até este momento de 2018, foram gerados mais de 113 TWh a partir de eólicas, fotovoltaicas e outras renováveis, o que soma mais de 40% de toda a geração. Um aumento de 9% em relação ao ano passado. Os dados vêm da Energy Charts, do Instituto Fraunhofer de Sistemas de Energia Solar. Dos 113 TWh, os ventos geraram 49%, o Sol outros 22%. O restante renovável veio de hidrelétricas e térmicas a biogás e biomassa. Mas a principal fonte usada para a geração de eletricidade na Alemanha ainda é o carvão, responsável pela geração de 105 TWh neste primeiro semestre.
https://www.energy-charts.de/energy_pie.htm?year=2018
http://ieefa.org/german-renewable-generation-tops-100-billion-kilowatt-hours-for-first-time/
O QUE PAÍSES ESTÃO FAZENDO (OU NÃO) EM RELAÇÃO ÀS METAS DE PARIS
A Climate Score Card acompanha mensalmente os avanços que os países fizeram para cumprir as metas de Paris. E nem todos avançam. O mais recente relatório traz dados e acontecimentos de maio. Na avaliação, 5% dos países avançaram, 58% estão meio que indo na direção certa, 11% ficaram na mesma e 26% ficaram para trás. Seguem alguns dos destaques:
– O Brasil reduziu o preço do diesel para encerrar a greve dos caminhoneiros e tornaram os biocombustíveis menos competitivos (Obs.: o preço da gasolina subiu mais do que o preço do etanol; a frase só vale para o biodiesel);
– O Canadá é o primeiro país a regular as emissões de metano das indústrias;
– A China introduziu um novo mercado de emissões;
– Nenhum dos candidatos à presidência do México colocou a mudança do clima como um de seus temas prioritários; e
– Nos EUA, o Havaí aprovou uma série de leis com o intuito de zerar as emissões da economia do estado até 2045
https://www.climatescorecard.org/wp-content/uploads/2018/07/July-Spotlight-Activity.pdf
A (FALHA) GOVERNANÇA DA IMO
A Transparência Internacional (TI) examinou a governança da Organização Marítima Internacional (IMO), da ONU, que recentemente tomou os primeiros passos para a redução das emissões da navegação internacional. Estima-se que a navegação seja responsável por 2,5% das emissões globais, mas, a continuar o atual ritmo de crescimento, poderia chegar a 17% em 2050. A TI encontrou uma série de falhas críticas de governança das quais quatro se destacam: o peso desigual entre os estados-membros, com um seleto grupo exercendo um poder desproporcional; a grande influência dos sistemas abertos de registro, o que faz com que países de baixo nível de governança forneçam as bandeiras de boa parte das embarcações; a influência desproporcional da indústria da navegação e de seus clientes; e a falta de responsabilização (accountability) dos delegados e a blindagem feita pela IMO. Deste modo, apesar de ser uma organização do universo da ONU, o público não fica sabendo como os delegados votaram e a que políticas deram seu apoio.
https://www.transparency.org/whatwedo/publication/governance_international_maritime_organisation
SITE SIMULA IMPACTO DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS NO CONSUMO DE PETRÓLEO
A Carbon Tracker soltou um relatório analisando quanto petróleo deixa de ser queimado com a introdução de veículos elétricos (VEs). O trabalho identificou três variáveis-chave: crescimento do mercado de VEs; o crescimento da autonomia dos VEs; e o aumento da eficiência dos motores a combustão interna que queimam derivados de petróleo. Os pesquisadores aproveitaram para montar uma plataforma que permite avaliar como o mercado se comporta em relação às três variáveis e como estas influenciam umas às outras. O trabalho conclui que os VEs poderiam, sozinhos, vir a ser a causa do petróleo atingir seu pico de demanda até 2030. Mas que, para ficar dentro dos 2oC de Paris, outros setores terão que fazer sua parte para reduzir o consumo dos fósseis.
https://www.carbontracker.org/ev-oil-demand-displacement-tool/?mc_cid=8cbc5eca51&mc_eid=4fd08b28fc
BP COMPRA A MAIOR REDE DE ESTAÇÕES DE RECARGA NO REINO UNIDO
A BP comprou a Chargemaster, dona de uma rede de 6.500 pontos de recarga no Reino Unido e que também vende estações de recarga de uso doméstico. As projeções para o mercado de veículos elétricos da BP apontam para 12 milhões destes rodando até 2040.
https://www.bbc.com/news/business-44640647
RENAULT LANÇA NOVA SÉRIE DE CAMINHÕES ELÉTRICOS
A fabricante francesa apresentou sua segunda geração de caminhões elétricos puros, com capacidades entre 3,5 e 26 toneladas. A série é voltada para a gama completa de serviços urbanos, de entregas a coleta de lixo.
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