ClimaInfo, 3 de setembro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

NO LEILÃO DE 6ª FEIRA, ENERGIA EÓLICA FOI A MAIS BARATA

O leilão de compra de eletricidade de 6ª feira, 31/8, contratou 2.100 MW de capacidade de geração. Foram contratados 48 projetos eólicos (1.250 MW), três termelétricas (391 MW) e 11 usinas hídricas (457,7 MW). Segundo a ANEEL, serão investidos R$ 7,68 bilhões nos projetos. Duas das termelétricas serão movidas a biomassa e uma a gás natural. Esta última é uma usina reservoir-to-wire, que queima o gás produzido nas suas proximidades, no Maranhão.

Confirmando sua competitividade, as eólicas ofereceram os menores preços para a energia. As eólica foram contratadas com deságio de 60,15% frente ao preço-teto de R$ 227/MWh. As hidrelétricas foram contratadas com deságio de 37,42% frente ao preço inicial de R$ 290/MWh e a fonte térmica apresentou deságio de 41,61% frente ao teto de R$ 308/MWh. O menor preço entre as eólicas foi de R$ 87/MWh.

https://www.canalenergia.com.br/noticias/53073680/leilao-a-6-contrata-21gw-de-potencia-e-viabiliza-r-768-bilhoes-em-investimentos

https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2018/08/31/leilao-de-energia-nova-a-6-movimenta-r-23670-bilhoes-aponta-ccee.htm

 

ENERGIA MAIS CARA PARA ECONOMIZAR ÁGUA

O Operador Nacional do Sistema (elétrico) está preocupado com o nível baixo dos reservatórios das hidrelétricas e conseguiu a autorização para manter ligadas as térmicas fósseis. Como o combustível é mais caro do que água, sol e vento, a conta de luz vai continuar com o nível mais alto das bandeiras tarifárias e os reajustes das concessionárias ao longo dos próximos 12 meses também vão embutir o custo. O ministério das minas e energia publicou uma nota dizendo que “este é um alerta para que o consumidor faça uma gestão mais eficiente do seu consumo de energia”.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/09/para-poupar-agua-governo-decide-manter-ligadas-usinas-termicas-mais-caras.shtml

 

BIOCOMBUSTÍVEIS E ELETRICIDADE DEVEM MOVER O FUTURO DO TRANSPORTE NO BRASIL

Luiz Horta faz uma panorâmica interessante sobre o futuro dos carros, mostrando as oportunidades que o Brasil tem por dispor de biocombustíveis e de eletricidade, ambas rotas de baixa emissão. O esforço nacional deveria ser direcionado para achar os melhores aproveitamentos de ambos. Para Horta, “pode ser que alguns desavisados entendam que o mercado de biocombustíveis no Brasil seja algo a desmontar em favor da mobilidade elétrica”, mas o caminho é a associação sinérgica entre “bioenergia e veículos elétricos, em prol um futuro melhor”.

Como para mostrar que o recado está longe de ser entendido, a sueca Volvo, que lançou lá fora a versão elétrica da sua SUV XC40, com pompa e circunstância, lançou a XC60 com motor a diesel de 235
cv aqui no Brasil.

https://www.valor.com.br/opiniao/5786159/o-futuro-que-queremos

https://www.valor.com.br/empresas/5790157/volvo-lanca-versao-do-xc60-com-motor-diesel-de-235-cv-no-brasil


O PULMÃO DOENTE DA AMAZÔNIA

O jornal econômico francês Les Echos resume assim a exploração da Amazônia: “sua bacia representa a metade da área de florestas tropicais no mundo, contém uma espécie de árvore em dez do planeta e armazena 10% do dióxido de carbono mundial. A exploração da madeira, o desmatamento para fins agrícolas e, principalmente, para a criação de gado se expandem desde os anos 1960. Mais de 150 barragens foram construídas para produzir energia hidrelétrica a partir dos 1.100 afluentes da Amazônia (dos quais 16 passam de 1.600 km). E mais de 800 explorações de jazidas minerais marcam o rio para colher uma parte dos seus abundantes recursos minerais”. O Les Echos adverte que “a taxa de desmatamento diminuiu, mas persiste. Até hoje, quase 20% da bacia amazônica foi desmatada. Segundo certas estimativas, um terço poderá estar desmatado até 2030 (comparado com a cobertura florestal em 1970). Isso traz o risco de mudar as taxas de precipitação na Amazônia, enfraquecendo ainda mais suas defesas. Já em 2005 e 2010, a Amazônia passou por secas recordes que levaram à morte massiva de árvores.”

https://www.lesechos.fr/idees-debats/editos-analyses/0302092155249-lamazone-leau-et-la-foret-2200795.php

http://br.rfi.fr/brasil/20180829-jornal-frances-diz-que-amazonia-esta-com-enfisema

 

FAZENDEIROS DIZEM QUE BANCARÃO A FERROGRÃO

E os produtores de soja do Mato Grosso podem colocar mais uma faca no pescoço da Amazônia investindo na construção da Ferrogrão, a ferrovia que ligaria Sinop, no Mato Grosso, a Itaituba, no Pará, cortando o centro da floresta. O orçamento da obra (R$ 12,7 bilhões) parece não assustar os produtores de soja: “Torna-se troco, perto dos benefícios que vai trazer ao produtor”, disse ao Estadão o empresário Eraí Maggi. Para ele, “o produtor vai colocar 1 para tirar 10”.

Em tempo 1: as alterações do Parque Nacional do Jamanxim para que a ferrovia corte a Unidade de Conservação já foram conseguidas pelo governo Temer (3o link abaixo).

Em tempo 2: detalhes do projeto estão disponíveis no site da ANTT (4o link abaixo).

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fazendeiros-vao-bancar-a-ferrograo,70002483566

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,concessao-da-ferrovia-deve-ir-a-leilao-no-ano-que-vem,70002483576

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13452.htm

http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/52594.html

 

APLICATIVO INFORMA POVOS INDÍGENAS SOBRE CLIMA, INCÊNDIOS E DESMATAMENTO

O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) desenvolveu um aplicativo para celular para povos indígenas com informações sobre risco de incêndio, focos de calor, precipitação, temperatura e desmatamento. O app faz parte do SOMAI – Sistema de Observação e Monitoramento da Amazônia Indígena – e ganhou o prêmio Desafio de Impacto Social Google 2016. O app para Android pode ser baixado no 1o link.

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.alertasomai

http://ipam.org.br/novo-app-prepara-povos-indigenas-da-amazonia-para-mudancas-climaticas/

 

SANTANDER, BUNGE E TNC SE ASSOCIAM PARA APOIAR RECUPERAÇÃO DE TERRAS DEGRADADAS NO CERRADO

Há muito, se sabe que há um estoque de terras subaproveitadas que, mal ou não cuidadas, foram se degradando ao longo dos anos. Também há muito, se sabe que estas áreas, se bem trabalhadas, reduziriam a pressão da fronteira agrícola sobre áreas de vegetação nativa. A novidade é que o Banco Santander se associou à Bunge e à ONG TNC para lançar uma linha de financiamento exclusiva para o aproveitamento das terras degradadas. A linha de financiamento funcionará em caráter experimental neste primeiro ano e disporá de US$ 50 milhões, sendo 65% do Santander, 30% da Bunge e 5% da TNC. A linha serve apenas para a compra de terras, terá um prazo de dez anos, maior do que os financiamentos de custeio de lavouras, e os juros serão de entre 6% e 11% ao ano, dependendo do perfil de risco do cliente. A Bunge vai selecionar, entre seus clientes, os com maior potencial e que tenham intenção de expansão, e a TNC dará seu aval para as áreas.

https://www.valor.com.br/agro/5783817/santander-financiara-compra-de-terras-degradadas-para-plantio

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/bunge-e-santander-lancam-linha-para-expansao-de-soja-sem-desmatamento-no-cerrado.shtml

 

CENSO AGROPECUÁRIO MOSTRA AUMENTO DE FOSSO ENTRE GRANDES E PEQUENOS NO CAMPO

Analisando os dados preliminares do Censo Agropecuário 2017, Luis Guedes Pinto, do Imaflora, aponta o aumento da concentração de terras e de renda e, portanto, da produção e da desigualdade, uma continuação do que havia sido detectado no Censo de 2006. Os dados mostram que, para a maioria das propriedades, continua difícil o acesso à tecnologia, ao crédito e às “políticas básicas da agricultura brasileira”, nas palavras de Guedes. Ele conta ainda que “os grandes estão engolindo os médios. Também houve alteração na dinâmica da posse da terra, na qual destaca-se a duplicação da área ocupada por arrendamentos. Fica cada vez mais claro que temos dois negócios no agro brasileiro: o de produção e o de terras. Entender como ambos se desenvolvem e como se relacionam é fundamental para analisar os retrocessos ambientais.” Os dados mostram ainda que a área da soja dobrou no período entre os censos, enquanto diminuiu a área para o arroz e o feijão.

Sem dúvida, os dados do Censo são fundamentais para entender o papel do agro na economia. Mas Guedes aponta que existem contradições e lacunas entre os dados de diferentes entes governamentais: “o número de estabelecimentos rurais do Censo é diferente do registro dos imóveis no Incra, que difere da base de dados da Receita Federal para cobrança do ITR (Imposto territorial rural), que também é diferente do número de imóveis registrados no CAR (Cadastro Ambiental Rural)”. E não é difícil ver que essas disparidades interessam a muita gente graúda.

https://www.valor.com.br/opiniao/5781479/no-censo-agropecuario-mais-concentracao-e-exclusao

 

REVOLUÇÃO CHINESA DOS ÔNIBUS ELÉTRICOS CHEGA À EUROPA

Dos 120 mil ônibus elétricos vendidos no mundo em 2017, 95% circulam na China. As fabricantes chinesas estão se expandindo agora para a Europa. A Build Your Dreams (BYD) – maior fabricante de veículos elétricos da China e que tem entre seus sócios o megainvestidor, Warren Buffett – já produz na Hungria e construirá uma nova fábrica na França. A presença na Europa reforça uma nova tendência que, rapidamente, está transformando os sistemas urbanos de transporte diante de cidades ávidas por reduzir o trânsito, cortar as emissões de CO2, reduzir gastos públicos e, ainda, depender cada vez menos dos barris de petróleo. Na Europa, o transporte representa 27% das emissões de CO2 e a meta apresentada ao Acordo de Paris quer reduzir estas emissões  em 90% até 2050.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,revolucao-dos-onibus-eletricos-chega-a-europa,70002483587

 

GCAS: O PRÓXIMO PONTO DE VIRADA NA LUTA CLIMÁTICA

Patricia Espinosa, secretária-executiva da UNFCCC e Anne Hidalgo, prefeita de Paris e líder do C40, escreveram um artigo sobre o aumento da ambição das metas climáticas que será objeto da Cúpula para a Ação Climática (GCAS, na sigla em inglês) que começa na semana que vem em São Francisco, nos EUA. Elas entendem que a ação climática não pode mais depender apenas das ações e compromissos dos países, mas que é imprescindível o engajamento de empresas, cidades e de toda a sociedade no que elas chamam de “multilateralismo inclusivo”. Elas justificam seu otimismo pelo crescimento das fontes limpas de energia e das ações que grupos de cidades, como o C-40, vêm tomando, servindo de exemplo para outras. Elas esperam que a reunião vá “inspirar governos nacionais a aumentar suas NDCs (compromissos perante o Acordo de Paris) antes da reunião de dezembro da Convenção do Clima na Polônia, onde os governos vão finalizar o livro de regras do Acordo de Paris.”

https://www.project-syndicate.org/commentary/global-climate-action-summit-opportunity-by-patricia-espinosa-and-anne-hidalgo-2018-08

 

INDICADO POR TRUMP SABE QUE PRECISA COMBATER MUDANÇA DO CLIMA

Kip Tom, indicado por Trump para representar o agronegócio dos EUA na FAO disse, em sabatina perante o Senado, que a agricultura do país “sempre lidou com a mudança do clima. Sabemos que temos que nos adaptar. E é nossa fortuna aqui nos EUA que temos o benefício de universidades voltadas para a terra e um setor privado e nossos próprios recursos para tentar garantir que poderemos lidar com as mudanças que estão acontecendo com o clima”.

Uma frase destas certamente não seria notícia a não ser nestes tempos loucos de Trump e Bolsonaro.

https://apnews.com/d415ac6da000422ba27977087f4c4b9a/Trump’s-UN-ag-ambassador-pick-talks-climate-change

 

IMAGENS DE SATÉLITE DA INUNDAÇÃO NO ESTADO DE KERALA, ÍNDIA

O link abaixo mostra fotos de satélite antes e depois da inundação histórica em Kerala que matou quase 400 pessoas. Dá para ter ideia do tamanho do estrago.

https://www.hindustantimes.com/india-news/kerala-floods-nasa-s-before-and-after-satellite-images-show-scale-of-devastation/story-a1aVFiFyvzekpmndi1aq1N.html

 

Para ir

ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE CLIMA E SAÚDE

O evento é o quinto da série Diálogos Futuro Sustentável, promovido pelo iCS e a Embaixada Alemã, e visa debater os impactos das mudanças climáticas na saúde humana. A parte da manhã será dedicada ao cenário internacional e, à tarde, o tema é o cenário nacional.

Quarta, 13 de setembro, das 8h30, às 16h, no Hotel Cullinan Hplus Premium. SHN Quadra 4 BL E, Asa Norte, Brasília.

https://www.dialogosfuturosustentavel.org/clima-e-saude

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSc1RCARp94DmWkaAGom3gte3_MMalmdzGwVxLvt43_-NQsoTA/viewform

 

Para ver

O DESASTRE DE MARIANA EM MAQUETE DIGITAL

Uma maquete digital muito bem feita sobre a trajetória da lama que sai da barragem da Samarco, arrasa vilas, contamina o Rio Doce e se espalha no mar.

https://www.youtube.com/watch?v=Od7cQgZnBOk

 

 

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