ClimaInfo, 7 de novembro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

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INFORMAÇÃO BÁSICA SOBRE FLORESTAS E MUDANÇA DO CLIMA

As florestas são o tema da segunda matéria do ClimaInfo da série ‘informação básica’ sobre o aquecimento global e a mudança do clima. O desmatamento das nossas florestas é uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa do país. Acabar com o desmatamento e com a degradação florestal, plantar novas árvores e recuperar as florestas degradadas são ações de grande potencial para a contenção do aquecimento global e a estabilização do clima da Terra.

http://climainfo.org.br/2018/11/06/florestas-e-mudancas-climaticas

 

AQUECIMENTO DA GRANDE SÃO PAULO JÁ CHEGOU A 2oC

“Em São Paulo já tivemos um aumento de 2oC nos últimos 50 anos. Temos olhado reiteradamente estes dados, que podemos obter dos bancos de dados que temos sobre São Paulo e, por eles, estamos mesmo caminhando para os 3oC”, avisa um dos autores do Relatório Especial 1,5oC do IPCC, o brasileiro Marcos Buckeridge, quem também é coordenador do programa USP-Cidades Globais. Em função desta observação, Marcos arrisca alguns prognósticos para a cidade:

1) mais chuvas cairão e mais fortes, o que deve aumentar os alagamentos. Marcos dá uma dica para enfrentar o problema: o plantio distribuído de muitas árvores pela cidade, e não só nos Jardins, ajudaria a absorver essa água toda;

2) mais calor implica mais problemas de saúde, sendo que os idosos são os mais vulneráveis;

3) mais calor também leva a mais ambientes climatizados, em casa, no trabalho e nos transportes, o que demandará mais energia – limpa, é claro, para não piorar ainda mais o problema;

4) por conta do calor, o consumo de água aumentará, agravando mais as crises hídricas da região; e

5) o aumento do calor também criará condições para o aumento da proliferação de vetores de doenças, como a família Aedes. Marcos diz que “a interação com as florestas periurbanas (regiões que abrangem a periferia da cidade) é fundamental, sendo necessário entender melhor as interações complexas (floresta- macaco- inseto- vírus- homem) e montar sistemas de monitoramento eficientes para evitar epidemias nas cidades.”

https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2018/11/06/aquecimento-climatico-em-sao-paulo-ja-e-o-dobro-da-meta-global.htm

 

BRASIL PERDE OPORTUNIDADES POR NÃO TER RATIFICADO O TRATADO DE BIODIVERSIDADE

A Convenção da Biodiversidade se reúne neste mês no Egito, ao mesmo tempo em que se reúnem os membros do Protocolo de Nagoya, um dos principais instrumentos da Convenção. O Brasil é membro da Convenção, mas ainda não ratificou o Protocolo, que estabelece regras para o uso dos recursos da biodiversidade e para a divisão dos lucros obtidos, por conta da oposição da bancada ruralista. É o Protocolo que assegura que um país biodiverso como o Brasil ganhe algo cada vez que um laboratório ou indústria use o patrimônio genético nacional. Lembrando de um exemplo histórico: o ciclo da borracha da Amazônia terminou no começo do século passado porque um inglês levou sementes de seringueira para plantar na Malásia e no atual Sri Lanka. Aliás, como o país não ratificou Nagóia, o país está sujeito a levar o mesmo tombo outras vezes. O processo de ratificação se arrasta no congresso desde 2012.
https://epoca.globo.com/expresso/brasil-excluido-das-decisoes-internacionais-sobre-biodiversidade-23212164

 

A HIDROELETRICIDADE SUSTENTÁVEL DO SÉCULO 21

Acaba de ser publicado na PNAS um trabalho que afirma que grandes hidrelétricas não são sustentáveis. Os autores se basearam num vasto histórico de usinas construídas desde o começo do século passado. A grande onda hidrelétrica nos EUA e na Europa ocorreu entre os anos 1930 e 1960 e foi desastrosa para o meio ambiente e para as populações vizinhas. Algumas das antigas construções estão sendo removidas, trazendo sérios impactos ambientais e econômicos, pela mudança da vazão dos rios, pela quantidade de entulho acumulado e pela suspensão de geração de receitas. Nestes casos, não é possível deixar como está porque as estruturas antigas podem se romper, como quase aconteceu no ano passado na Califórnia. Os exemplos de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio são detalhados no trabalho, mostrando que os cenários de mudança climática não foram levados em conta e que estas usinas tendem a gerar menos energia do que a planejada. E acrescentam que os planos existentes contemplam ainda mais grandes hidrelétricas na Amazônia. Mas a principal preocupação dos autores é com as milhares de usinas planejadas para a África e os grandes rios do Sul e Sudeste da Ásia, onde a governança ambiental pode ser, em muitos casos, considerada ainda mais fraca do que a nossa.

O trabalho discute como o setor hidrelétrico tem que não somente se focar na geração de energia, mas também incluir as externalidades causadas pelas represas e reconhecer a insustentabilidade das práticas correntes.

http://www.pnas.org/content/early/2018/11/02/1809426115

https://www.bbc.com/news/science-environment-46098118

 

BRASIL TEM UMA ITAIPU DE EÓLICAS INSTALADAS

As eólicas no país continuam bombando. Agora são 568 parques eólicos, com capacidade instalada de mais de 14 GW, mesma capacidade de Itaipu. Belo Monte, quando todas as turbinas estiverem instaladas, terá pouco mais de 11 GW. Mais de 80% destas instalações, tanto em número quanto em capacidade, estão no Nordeste. O Rio Grande do Norte lidera, com 146 parques ou mais de 3,9 GW, depois vem a Bahia, com 133 parques e 3,5 GW e, em terceiro, o Ceará, com 80 parques e 2 GW instalados.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-11/producao-de-energia-eolica-no-pais-atinge-marca-de-14-gigawatts

 

O LADO SOMBRIO DO RELATÓRIO DO IPCC

Bill McKibben, da 350.org, analisa o Relatório 1,5°C do IPCC pelo lado mais sombrio e pessimista. Logo no começo, ele diz que “ler (o Relatório) faz chorar, não só pelo nosso futuro, como pelo nosso presente.” Ele lembra que esse valor, 1,5°C, tinha virado um lema dos países mais vulneráveis à elevação do mar “one-point-five to keep alive” (1,5 para continuar vivos), e que a soma dos compromissos apresentados pelos países ao Acordo de Paris leva a um aumento de mais de 3,5°C. McKibben traça o pano de fundo do Relatório, que tem Trump saindo do Acordo e se esforçando para promover carvão e o petróleo; o Brexit, que enfraqueceu a determinação tanto da União Europeia quanto dos ingleses; e o novo primeiro ministro australiano, conhecido por levar um pedaço de carvão para o Parlamento como símbolo do país. Sobra para o Brasil, que “elegeu um homem que prometeu não só sair de Paris como remover as proteções do Amazonas e abrir a floresta para criadores de gado”. McKibben aponta que o Relatório subestima impactos, como o derretimento da Groenlândia e da Antártica estar acontecendo rapidamente, a corrente que leva água quente para o Atlântico Norte estar a ponto de parar e, talvez mais grave, omitir ou diminuir a importância de processos de retroalimentação prontos para disparar que, nas palavras do Prêmio Nobel de Química, Mario Molina, “podem levar o sistema climático ao caos antes que tenhamos tempo de domar nosso sistema energético.” Mas a artilharia pesada é dirigida para a indústria dos fósseis, pelos poder e influência que tem sobre governos e sociedades. McKibben cita o analista de energia David Roberts, que recentemente tuitou dizendo que “a crescente severidade dos impactos climáticos não servirá como ímpeto para a cooperação internacional, mas o contrário, empoderará nacionalistas, isolacionistas e reacionários”.

https://www.nybooks.com/articles/2018/11/22/global-warming-very-grim-forecast

 

AS OPORTUNIDADES E OS DESAFIOS DA PRÓXIMA CONFERÊNCIA DO CLIMA

A 24ª Conferência do Clima acontecerá de 3 a 14 de dezembro em Katowice, na Polônia. O WRI avisou que, após o Relatório 1,5oC do IPCC, os países têm uma oportunidade única de realinhar suas metas e compromissos e aumentar a ambição das novas versões das NDCs que terão que apresentar daqui a dois anos. O pessoal do WRI recomenda que a declaração final da COP explicite a meta de limitar o aquecimento global a 1,5oC e que os países assumam o compromisso de entregar NDCs em 2020 no mínimo alinhados com essa meta. O principal resultado concreto desta COP será o consenso em torno do livro de regras, o “rulebook” que define como as emissões e as reduções de emissões devem ser medidas e auditadas. Hoje, cada país adota aproximadamente as mesmas regras. Mas, nas palavras de Paul Palmer, da Universidade de Edimburgo, “precisamos medir cuidadosamente; estamos tratando de redução pequenas e graduais de quantidades grandes, então precisamos ter certeza de que estamos obtendo os resultados corretos”.

https://www.wri.org/blog/2018/10/cop24-biggest-immediate-opportunity-countries-step-climate-action

 

FONTES LIMPAS DE ENERGIA SE SOBREPÕEM ÀS FÓSSEIS PELA PRIMEIRA VEZ NO REINO UNIDO

A capacidade instalada das fontes limpas no Reino Unido bateu em 41,9 GW, um pouco acima dos 41,2 GW das térmicas fósseis. A velocidade de implantação de plantas renováveis ultrapassou a “corrida” ao gás natural do final do século passado. Em termos de geração, ainda falta um bom pedaço. As fósseis suprem cerca de 40% da demanda inglesa, enquanto as renováveis geram menos de 30%. Quem está desaparecendo são as térmicas a carvão: só restam 6.

https://www.theguardian.com/environment/2018/nov/06/uk-renewable-energy-capacity-surpasses-fossil-fuels-for-first-time

 

CHINA PODE TER MAIS DE 200 GW FOTOVOLTAICOS EM 2020

O último plano quinquenal chinês previa a instalação de 105 GW fotovoltaicos instalados até 2020. Erraram feio. No mês passado, a capacidade instalada chegou a 165 GW, mais de 50% acima do previsto. As bolas de cristal dos analistas indicam que os chineses terão pelo menos 210 GW, ou até 270 GW, instalados até lá. E – importante – do que for adicionado até lá, a associação da indústria fotovoltaica estima que metade será de painéis em telhados e pequenas instalações e a outra metade nas grandes plantas solares.

Em tempo: o parque brasileiro de geração, somando todas as fontes, não chega a 180 GW.

https://www.pv-magazine.com/2018/11/05/china-may-raise-2020-solar-target-to-over-200-gw/

 

ATIVIDADE NOTURNA DAS PLANTAS TAMBÉM ABSORVE CARBONO

A maioria dos modelos climáticos assume que as plantas “dormem” à noite e que, na ausência dos processos de fotossíntese, elas não absorvem CO2 da atmosfera e, por não metabolizarem nitrogênio do solo, deixam as bactérias emitirem óxido nitroso, um poderoso gás de efeito estufa. Pesquisadores da Universidade de Berkeley viram que existe uma extensa literatura mostrando que as plantas continuam a metabolizar nitrogênio, mesmo quando não estão fazendo fotossíntese. As simulações sugerem que os modelos atuais superestimam as emissões anuais de óxido nitroso em torno de 2,4 GtCO2e, a mesma ordem de grandeza do total das emissões brasileiras. O próximo passo será entender se a atividade noturna das plantas também implica maior absorção de CO2 e, se for o caso, estimar os volumes. Os autores ressaltam que, mesmo levando isso em conta, as plantas sozinhas não dão conta de absorver os excessos de gases de efeito estufa que a civilização produz e que conter o aquecimento  exigirá muitos sacrifícios.
https://www.nature.com/articles/s41558-018-0325-4

https://www.eurekalert.org/pub_releases/2018-10/dbnl-icm102518.php


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