O Green New Deal e a precificação do carbono

O Congresso norte-americano será palco de um enfrentamento entre duas visões distintas de como atacar o aquecimento global. De um lado, estão um grupo de democratas novatos, apoiados por um movimento de jovens que tem como figura-símbolo a deputada Alexandria Ocasio-Cortez. Junto com o senador democrata Edward Markey, a deputada apresentou  o chamado Green New Deal, um projeto inspirado em New Deal implementado pelo governo de Franklin D. Roosevelt em 1933 para tirar os Estados Unidos da Grande Depressão. O Green New Deal propõe um megainvestimento governamental para transformar a matriz energética americana em uma 100% renovável. Para seus proponentes, só o Estado tem a capacidade de forçar essa transição e viabilizar um limite ao aquecimento da temperatura terrestre abaixo dos 2oC. Do outro lado, estão os congressistas democratas mais velhos e conservadores e que contam com um número expressivo de republicanos entre eles. Esse segundo grupo propõe colocar um preço nas emissões e deixar o mercado achar o caminho e os tempos para que a transição energética aconteça.

A matéria do Inside Climate New diz que esse tema será um dos eixos das campanhas presidenciais pelo lado democrata no ano que vem. Já do lado republicano, a coisa é mais árida: Trump e cia. não querem nem ouvir falar em mudança climática. Para eles, o Green New Deal reforça o estereótipo dos democratas de defensores da irresponsabilidade fiscal e de interferirem na vida dos cidadãos.

Enquanto isso, na Holanda, o governo anunciou, ontem, que irá submeter ao Parlamento uma lei introduzindo um imposto corporativo sobre as emissões. Depois do desastre de comunicação na França, que acabou servindo de estopim para uma crise em nível nacional, os prudentes holandeses preferiram cantar a bola antes e ter tempo e espaço para discutir a medida antes de colocá-la em campo.

 

Boletim ClimaInfo, 14 de março de 2019.