Brasil, o país das contradições

Luís Fernando Guedes Pinto aponta na Folha para mais uma das nossas contradições. De um lado, o “Brasil desponta como um dos países que abrigam uma das maiores biodiversidades e produção de alimentos do mundo”, mas, por outro, “estamos entre os maiores desmatadores e consumidores de agrotóxicos do mundo”. Luís Fernando fala da importância da biodiversidade para a produção sustentável de alimentos, como aparece em um recente relatório da FAO. Nesta perspectiva, o país aparece em posição privilegiada por abrigar a maior biodiversidade e um dos maiores volumes de terras agriculturáveis do planeta. Seria uma dobradinha imbatível, se tanta gente não se esforçasse para achar que o meio ambiente é um obstáculo ao desenvolvimento. Ele explica que o modelo do agronegócio exportador brasileiro é idêntico ao de qualquer outro grande exportador. “Se soltarmos um produtor de milho ou de soja de Ohio (EUA) em uma plantação no Mato Grosso, ele pensará que está em casa.”

No final, o chamado é claro: uma agricultura tropical precisa se apoiar na biodiversidade. “A diversidade de microrganismos, plantas e animais deve estar presente no solo, nos campos de cultivo e na paisagem. Isto não significa que não será produtiva e eficiente. Este é outro falso mito criado pelo status quo (leia-se grandes produtores e donos de terra, empresas de maquinário, de sementes, de agrotóxicos, etc.) para não mudar o que lhes interessa.”

A torcida é para que os deputados e senadores evocados no final do texto escutem o chamado.

 

Boletim ClimaInfo, 14 de março de 2019.