A recuperação florestal no Dia Mundial da Floresta e das Árvores

Amanhã, 21 de março, comemora-se o Dia Mundial da Floresta e das Árvores. Quase que como para comemorar, matérias interessantes foram publicadas sobre florestas nativas e sobre as secundárias que brotam em áreas desmatadas. Um artigo da Sciences Advances mostra que uma floresta que rebrota em áreas desmatadas a partir de remanescentes florestais chegam a recuperar 80% da biodiversidade original. Segundo Pedro Brancalion, um dos pesquisadores, “nós sabemos que o desmatamento leva a perdas de diversidade. Isto acontece quando uma área de floresta primária é derrubada para dar lugar à monocultura da soja ou a um pasto de capim braquiária, por exemplo. Sempre que isto ocorre, a gente transforma em cinzas um tesouro com milhares de espécies que a natureza levou milhões de anos para criar.” Sobre as áreas desmatadas, Brancalion diz que “depois de quatro ou cinco anos de queimadas sucessivas, com a fertilidade do solo exaurida, o terreno é abandonado. Mas ainda restam sementes intactas no solo, tocos de árvores que rebrotam, raízes que rebrotam. Estes propágulos de espécies nativas podem regenerar. Além disto, os morcegos e aves que habitam as áreas próximas ajudam na dispersão das sementes da floresta primária para a área em regeneração (…) a regeneração é muito mais bem-sucedida numa paisagem que foi desmatada há cinco anos, como é o que mais ocorre na Amazônia, do que, por exemplo, na recuperação de um trecho de Mata Atlântica que foi derrubado em Pernambuco há 500 anos”. O trabalho mostra que, embora muitas das espécies da floresta original estejam presentes na floresta secundária, a distribuição dessas espécies é bem diferente. O pessoal d’O Eco comentou o artigo concluindo que “portanto, pode demorar séculos até que as florestas secundárias recuperem as mesmas espécies da floresta original, se isso realmente chegar a acontecer algum dia.”

O pesquisador da Embrapa, Erick Schaitza, falou à rádio Brasil Rural, da EBC, da importância da floresta nativa. Para ele, se de um lado uma floresta plantada dá mais lucro e ocupa uma área degradada, ela melhora a conservação de água e do solo e ajuda a aumentar um pouco a biodiversidade. Mas, comparada com florestas naturais, tem menos biodiversidade, pois não cumpre todos os serviços ambientais.

 

Boletim ClimaInfo, 20 de março de 2019.