O ciclone Idai pode ser o pior desastre climático no Hemisfério Sul

Ainda não se sabe as proporções exatas da tragédia causada pelo ciclone Idai, que atingiu Moçambique, Zimbábue e o Malawi, mas estima-se que este pode ser o pior desastre climático que já atingiu o Hemisfério Sul. O que sobrou do porto moçambicano de Beira está ilhado do resto do continente. Os relatos do pessoal envolvido no resgate são desoladores. A contagem oficial das mortes já passa de 300, mas estima-se que, ao longo das próximas semanas, o número passe de 1.000. Rios transbordaram e os ribeirinhos que conseguiram subir em telhados e árvores estão isolados. Poucos estão conseguindo ser resgatados e as autoridades estão tendo muita dificuldade para levar comida e água potável aos sobreviventes. O ciclone não passou pela África do Sul, mas no país todo está sentindo seus efeitos.

Desde o ano passado, a Eskom, a única empresa de eletricidade do país, passa por uma crise financeira descomunal, vítima de esquemas de corrupção. A crise se agravou e, desde o começo do ano, a empresa está sob ameaça de interrupção de suas atividades por não estar conseguindo pagar o carvão que queima para gerar eletricidade. Assim, o país vê térmicas sem carvão e a situação agravada pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Para completar, sendo considerado uma tempestade perfeita, o ciclone Idai interrompeu o funcionamento da hidrelétrica de Cahora Bassa que fornece uma parte importante da energia consumida no país. O resultado é que, desde o final de semana, 40% da capacidade de geração está fora de ação e o país virou um vagalume – ora acende, ora passa por um blecaute, sem previsão de volta à normalidade, mesmo com o feriado na próxima quinta-feira e a tradicional “ponte”. O Financial Times, a Bloomberg, o Valor e o sul-africano Fin24 falam dos blecautes sul-africanos.

 

Boletim ClimaInfo, 20 de março de 2019.