Na semana passada, Bolsonaro reclamou de mais um aumento no preço do diesel promovido pela Petrobras, preocupado que estava com as informações do Gabinete de Segurança que indicavam a preparação de mais uma greve de caminhoneiros. A Petrobras recuou, mas a ingerência presidencial custou um tombo de 8% no valor das ações da empresa. O preço do diesel havia subido porque o petróleo está subindo e, também, por conta da tendência de aumento do câmbio gerada pela desconfiança cada vez maior do mercado em relação ao governo. Parte do diesel é aqui produzida, mas boa parte é importada, principalmente pela Petrobras. Ontem, soube-se que os demais importadores suspenderam suas compras prevendo possíveis prejuízos se os preços vierem a ser controlados. A saída mais simples para o imbróglio seria retomar o subsídio dado no ano passado, com o Tesouro Nacional bancando a diferença entre o que os caminhoneiros querem e o que os acionistas da Petrobras esperam. Paulo Guedes voltou correndo de uma viagem aos EUA, provavelmente para tentar manter o cofre fechado. Para o diretor da ANP, Décio Oddone, o setor precisa aprender a se comunicar melhor e a ser mais transparente na sua política de preços. Ele também defendeu no Valor a paridade com os preços internacionais, mas disse que “no diesel, a commodity em si representa cerca de 50% do preço na bomba. O resto é margem de distribuição e de revenda (…) e impostos.”
As falas intempestivas do presidente mexeram novamente em um vespeiro que está longe de se aquietar.
ClimaInfo, 16 de abril de 2019.