E segue em Bonn a preparação para a COP25

preparação para a COP25

A reunião em Bonn em preparação para COP25 segue nesta semana e tem vários abacaxis a encaminhar e uma definição a tomar.

O primeiro é avançar nos mecanismos de mercado para a mitigação das emissões que estão previstos no Artigo 6 do Acordo de Paris. O Brasil, junto com a Arábia Saudita, tem barrado qualquer acordo porque insiste em reviver o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto junto com os créditos de carbono aos quais os projetos brasileiros fariam jus. Os negociadores brasileiros pensam que tanto o Brasil quanto os países que vierem a comprar os créditos poderiam lançar as reduções de emissão em seus inventários, mas o nome disso é dupla contagem. No fundo, é uma fraude climática: o vendedor dos créditos de carbono deve abrir mão do direito sobre as reduções de emissão. Esse direito passa a ser do comprador.

O segundo abacaxi tem a ver com o Fundo Verde do Clima, no qual os países ricos deveriam pingar US$ 100 bilhões todos os anos. Trump, logo que assumiu, avisou a todos que se esqueçam da contribuição norte-americana. Outros países fizeram de conta que não era com eles. O Fundo foi criado para dar assistência aos países mais pobres para que reduzam suas emissões e se preparem para os impactos do aquecimento global. Uma atividade brasileira de preservação da floresta recebeu alguns milhões por ter feito uma bela lição de casa há alguns anos. O ministro Ricardo Salles avisou que queria um pedaço maior do bolo.

A reunião de Bonn deve também decidir quem hospedará a Conferência do Clima no ano que vem. Será a reunião climática mais importante depois de Paris, porque os países se comprometeram a nela rever suas NDCs e a atender ao apelo de António Guterres, secretário-geral da ONU, e aumentar suas ambições climáticas.

O Reino Unido e a Itália apresentaram uma oferta conjunta para hospedar a reunião. Apesar da sombra do governo de extrema-direita na Itália e do provável extremista do Brexit no Reino Unido.

A Climate Change News comentou esses e outros abacaxis em artigo nesta semana. O site também comentou a notícia de que a Arábia Saudita está forçando a exclusão do relatório do IPCC 1,5oC da mesa de negociações. No ano passado, os sauditas e outros grandes produtores de petróleo se opuseram a incluir as conclusões e recomendações do relatório nos documentos oficiais da Convenção. Talvez achando que se não estiver escrito, a coisa não acontecerá.

 

ClimaInfo, 24 de junho de 2019.

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